Bitcoin é a luta da sociedade para não ser refém dos Bancos Centrais, diz professor da UNB

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Pedro Rezende durante palestra na Bitconf Summer 2018 (Foto: Marília Camelo/Portal do Bitcoin)

Pedro Rezende, professor de Ciência da Computação na Universidade de Brasília (UNB), disse que as criptomoedas “correspondem a ideia de dinheiro vivo” e que hoje há uma luta travada para que a sociedade não fique refém das moedas emitidas pelos Bancos Centrais. A sua apresentação foi a última da Bitconf Summer Edition, que encerrou no sábado (17), em Fortaleza, no Ceará.

Rezende afirma que a principal função de uma moeda é de “funcionar como meio de troca ou de pagamento”. Nisso ele chama a atenção para a falta de conhecimento das pessoas quando dizem que a criptomoeda não possui valor intrínseco.

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“Isso não existe. O valor vem do atendimento de uma necessidade e capacidade de troca. Com isso, nem o ouro tem valor intrínseco, pois ele depende dos interesses das pessoas que estão negociando. Essa história de valor intrínseco não cola nem com dólar, nem com ouro e nem com criptomoedas”.

“A mineração de criptomoedas é como a do ouro” afirma o professor. Ele disse que procurar algo que é “raro na natureza dá trabalho” e daí surge vem a reserva de valor que “está na imutabilidade desse valor”.

Rezende afirmou que existe uma diferença entre os conceitos de moeda e dinheiro que não deve ser deixada de lado. A moeda “opera como meio e troca para bens intercambiáveis” enquanto que “o dinheiro é a métrica de valor através do tempo que se retém para poupança ou negócio futuro”.

Ele, contudo, disse:

“Se o dinheiro pode ser guardado porque vai valer tanto quanto no futuro logo serve também como meio de troca e será útil enquanto moeda, se você tiver a ilusão de que a moeda não vai desvalorizar no decorrer do tempo”.

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O professor disse que as moedas controladas por bancos centrais de potência dominante “tendem a assumir a função de reserva de valor”, mas o mesmo não ocorre com aquelas em que a fé no estado quase não existe mais.

Ele disse que  a qualidade mais difícil como meio de troca socialmente aceito “é justamente ela ser aceita”.

Quando a fiat perde essa capacidade, as pessoas “vão buscar nem que seja no escambo atender as necessidades”. “Nisso, as criptomoedas (como o bitcoin) já é uma realidade em países como a Venezuela“, afirmou Rezende.

Com isso, Rezende ainda falou que há uma crise financeira global e que essa seria “a chance de emplacar as criptomoedas”.

Ele utilizou a teoria dos jogos de John Nash para tratar sobre a conferência de veracidade dos dados registrados na Blockchain. Rezende disse que é possível despersonalizar esse controle de escassez e emissão de moedas, estimulando “os agentes da rede para manter as transações honestas” e assim  evitar que haja trapaças.

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Com isso, a transparência da Blockchain faz com que “a rede como um todo coopere em favor de si mesma. Todo mundo que quiser trapacear a rede ficará fora dela, essa é a ideia da Teoria dos Jogos aplicada na regra de consenso do Bitcoin que foi replicada por outras criptomoedas”.

Queda do Bitcoin

“Um dos argumentos que os bancos colocaram contra as exchanges é que eles têm a obrigação de combater a lavagem de dinheiro e terrorismo”, disse Rezende ao tratar sobre o fechamento das contas das exchanges brasileiras.

Ele afirma que os bancos vivem de transações ilegais com sua manipulação de mercados e que basta ver “como os bancos europeus são punidos com multas por fazer isso”, mas ainda assim “não deixam de fazer”.

Essa manipulação de mercados, afirma o professor que chegou a contribuir para a queda do valor dos Bitcoins:

“Essa queda de 60% do Bitcoin aconteceu exatamente depois que a bolsa de mercadoria e futuros de Chicago começou a negociar com apostas em valor futuro de criptomoedas não resgatáveis no próprio ativo”.

Ele afirma que o resgate seria feito em moeda fiat e isso era na sua visão “um instrumento para manipular o mercado”. Rezende afirma que com isso, o “Bitcoin caiu de 20 mil dólares para 6 mil dólares”.

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