“O Bitcoin é importante para liberdade civil pois permite que pessoas operem fora do controle de governos”. Não é para ficar rico nem para especulação: para o diretor de estratégia da Human Rights Foundation (HRF), Alex Gladstein, as criptomoedas são a salvação de pessoas que vivem sob regimes totalitários.
Gladstein é um dos autores da obra “O Pequeno Livro do Bitcoin: Por que Bitcoin Importa para Sua Liberdade, Finanças e Futuro“, com edição disponível em português. Ele defende que o crescente controle de governos sobre o dinheiro representa um risco e, como o bitcoin não passa pelo poder do Estado, é uma alternativa de independência e privacidade.
Confira abaixo a entrevista completa concedida ao Portal do Bitcoin:
Portal do Bitcoin — Como o Bitcoin podem ajudar a fortalecer liberdades civis de pessoas que vivem sob regimes autoritários?
Alex Gladstein — Todos os governos no mundo têm o monopólio da produção de dinheiro. Os Bancos Centrais dos países produzem nossa moeda e controlam a quantidade e sua segurança. Num regime autoritário, o Estado tem mais controle sobre todos e pode usar o dinheiro como mais uma ferramenta de pressão contra o povo.
Nos sistemas de moeda lastreada, governos fazem parceria com bancos comerciais. As contas bancárias são restritas e os Estados podem controlar o movimento dessas contas. É como ele limitam as ações das sociedades civis. Muitos governos fazem isso, como a Rússia.
Portanto, o Bitcoin é importante para a liberdade civil, pois permite que indivíduos e ONGs (organizações não governamentais) operem financeiramente fora desse controle do governo.
O Bitcoin dá oportunidade para pessoas excluídas desse sistema financeiro, correto?
Sim, correto. O grande diferencial é que ele não necessita de permissões do governo para ser usado. Qualquer um com acesso à internet e um celular barato pode tanto receber quanto enviar essas criptomoedas, o que é muito importante para refugiados, por exemplo. O Bitcoin dá oportunidade para pessoas em ambientes hostis de continuar financeiramente livres.
Ele deve ser algo temido por ditaduras?
Sim. Porém, no início, ditadores vão tentar tomar vantagem sobre essa criptomoeda. Alguns, mais espertos, usarão ainda o monopólio do uso da energia elétrica nos seus países para minerar o resto dos Bitcoins. Não há muito que minerar, mas governos com o da Venezuela e da Coreia do Norte podem ter esse interesse.
Ao longo do tempo, porém, deverá sim ser temido por ditadores, pois irá reduzir o poder deles centralizado sobre o sistema financeiro. Isso, no entanto, não será um problema para bons governos democráticos.
Você disse uma vez que “o Bitcoin pode mudar o jogo para ajuda estrangeira”. Como isso é possível?
A pessoa que vive hoje no Brasil ou nos Estados Unidos e queira fazer uma doação para ajudar alguém no Haiti, por exemplo, via de regra terá de enfrentar muitas fases nesse processo, desde enviar o dinheiro, passar pelo banco e ainda pagar por esse serviço.
Há de seis a oito intermediários entre o doador e a pessoa que será beneficiada. Isso só serve para apontar a ineficiência, o atraso e a burocracia. Imagine, por outro lado, se alguém após uma conversa franca com pessoas no Haiti puder doar dinheiro para elas em 20 minutos. É o que o Bitcoin permite.
Se a pessoa identificar uma boa ONG de caridade no Haiti pode doar de forma peer to peer sem intermediários. Isso é algo revolucionário que futuramente será bem comum.
O que aconteceria com as pessoas se um ou mais governos tentassem proibir o uso do Bitcoin?
Isso já vem acontecendo. Quatro grandes governos no mundo já tornaram o Bitcoin ilegal. Muitos governos, à exemplo da China e Índia, já tornaram ilegal a conversão entre dinheiro fiat e Bitcoin.
O efeito será que o preço do Bitcoin irá subir. O segundo ponto é que se imaginarmos que há mais de 190 países no mundo e que mesmo que 120 deles concordem em proibir a criptomoeda. Haverá ainda 70 que não farão isso e atrairão negócios com Bitcoin por render bilhões. Os países menores se beneficiarão com isso.
É muito difícil impor a proibição do Bitcoin. Ele se resume em números apenas: sua chave privada, a senha e a carteira, na qual há uma chave por onde passam as criptomoedas. Encontrar essas chaves privadas, no entanto, que podem ser até memorizadas pelo usuário, é quase impossível para os governos.
E se, em vez de proibir, houvesse o interesse em adotar ou criar a sua própria, como fez a Venezuela?
Isso não vai impactar o Bitcoin. Vejo que moedas digitais de Bancos Centrais têm se tornado bem populares. Uma vez que o dinheiro físico para transações se for, a ideia é usar o sistema open source de criptomoedas privadas, que são “parentes do Bitcoin”, mas pecam por serem centralizados.
Irã, Venezuela, Zimbábue e a Coreia do Norte são alguns exemplos de países em que pessoas utilizam criptomoedas no lugar das moedas fiat. Por que isso ocorre?
Irã, Venezuela e Zimbábue, sim. Mas a Coreia do Norte, eu acho que não. Mas isso ocorre quando suas economias quebram. Todos esses países possuem uma economia muito ruim e quando as pessoas se deparam com o Bolívar ou o dólar do Zimbábue em baixa, somente o Bitcoin parece ser algo atrativo para elas manterem a estabilidade.
Não apenas o Bitcoin, mas outros tipos de criptomoeda podem ajudar em assuntos humanitários. Como as pessoas podem diferenciar um projeto genuíno dos golpes?
É, de fato, algo difícil. Nenhuma outra criptomoeda criada possui o potencial do Bitcoin de usabilidade e todas as outras são mais centralizadas. Desta forma, a pessoa tem de tomar muito cuidado com as outras criptomoedas. O Bitcoin, diferente de outras criptomoedas, não pode ser controlado por ninguém.
O futuro do dinheiro é ser digital. Devemos ter medo disso?
Eu acho que poderíamos ter medo caso o Bitcoin não existisse, pois ele é o único que nos garante privacidade e liberdade.
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