A combinação de economias devastadas por grandes inflações e o rali recente das criptomoedas fez com que o Bitcoin (BTC) atingisse sua máxima histórica em três países diferentes nesta sexta-feira (27): Argentina, Nigéria e Turquia.
Tudo isso em um cenário em que a maior criptomoeda do mundo ainda está a menos da metade do seu topo histórico frente ao dólar atingido em novembro de 2021, de US$ 68 mil.
Na Argentina, as incertezas geradas pela eleição presidencial tem feito a moeda nacional perder cada vez mais poder, com o dólar paralelo superando o nível de 1.000 pesos pela primeira vez na história. Isso junto com uma inflação que já superou os 130%.
Com isso, o Bitcoin chegou a superar o patamar de 11.868.000 pesos na Argentina, onde em dólar ele também é negociado acima de outros países, na casa de US$ 37 mil.
No último fim de semana foi definido que haverá um segundo turno no país entre o candidato de extrema-direita e defensor do Bitcoin, Javier Milei, e o atual ministro da economia, Sergi Massa, que defende a criação de uma moeda digital de Banco Central (CBDC) argentina. A eleição ocorre em 19 de novembro.
Já na Turquia e Nigéria, o Bitcoin era negociado a 960.000 liras turcas e 27,4 milhões nairas nigerianas, o que representa um ganho de cerca de 30% do BTC em outubro frente a moeda local de cada país.
Segundo dados do CoinGecko, as exchanges locais turcas negociaram um valor acumulado de US$ 40 milhões em bitcoins nas últimas 24 horas, número que pode ser ainda maior já que não inclui os dados de corretoras globais, como Binance ou Coinbase.
O que explica os recordes localizados?
Mais do que a alta do Bitcoin, a máxima atingida nesses países é explicada principalmente pela perda de poder das moedas locais. Em seis meses, a naira já caiu 45% ante o dólar, enquanto a lira recuou 31% no mesmo período. Além disso, dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que a inflação na Nigéria subiu 25% ante 2022, enquanto na Turquia os preços subiram 51%.
Os dois países já são conhecidos por terem uma grande adoção cripto por parte da população. Um relatório de setembro da empresa de análise Chainalysis coloca a Nigéria como o segundo país mais ativo em finanças descentralizadas (DeFi), atrás apenas da Índia, enquanto a Turquia ficou em décimo segundo lugar.
Nos últimos dias, a expectativa pela aprovação de um fundo negociado em bolsa (ETF) de Bitcoin à vista (spot) nos EUA fez com que os preços das criptomoedas disparassem, com o BTC chegando a superar os US$ 35 mil, seu maior nível em 17 meses.
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