No último dia 31 de outubro, participei do Digital Horizons, um evento que trouxe discussões valiosas sobre o futuro dos ativos digitais e seu papel crescente para investidores institucionais.
Mediado por Thiago Fagundes, do MB, o painel contou com representantes da BlackRock e do CME Group, reforçando como as novas regulamentações e o amadurecimento do mercado têm fortalecido a confiança dos grandes investidores.
Esse diálogo entre o mercado tradicional e o digital me fez refletir sobre minha própria trajetória no setor financeiro, passando pela Asset Management do Santander, pela área de Riscos do Banco Santander e pelo Compliance da gestora, securitizadora e DTVM da VERT Capital, antes de assumir o Compliance Regulatório do MB.
Uma pesquisa da Fidelity Digital Assets revelou que mais de 70% dos investidores institucionais já possuem ou planejam investir em ativos digitais. Eventos recentes, como a eleição de Donald Trump e o novo recorde histórico do Bitcoin (ATH), têm impulsionado o mercado, aumentando o interesse e a confiança dos investidores. Com uma regulamentação mais clara e opções como ETFs, fundos e a compra direta de tokens, os investidores encontram flexibilidade e segurança para explorar o potencial dos ativos digitais.
A Resolução CVM 175 é essencial nesse processo, com diretrizes claras para a inclusão de ativos digitais em fundos de investimento. Ela define limites de exposição de até 40% para investidores qualificados e 20% para investidores de varejo quando negociados no exterior.
Para ativos locais negociados em entidades supervisionadas por reguladores, o limite é de 10%. Essas restrições equilibram o potencial de retorno com a proteção adequada para diferentes perfis de investidores.
Complementando essa estrutura, a ANBIMA propôs novos requisitos de governança e critérios rigorosos para a escolha de prestadores de serviços, além de uma exposição clara dos riscos nos regulamentos dos fundos. Essas iniciativas alinham o Brasil aos padrões internacionais de transparência e segurança.
O Banco Central, por meio da consulta pública nº 109, também está reforçando o setor com diretrizes voltadas à regularização de custodiantes e a práticas de compliance mais rigorosas. Juntos, CVM, ANBIMA e Banco Central formam um ambiente regulatório robusto, que proporciona segurança e confiança para investidores institucionais que desejam atuar no mercado de ativos digitais.
Para alguns institucionais, a compra direta de tokens é uma alternativa interessante, oferecendo flexibilidade e controle para alocação de capital de forma estratégica. Esse método permite uma exposição direta e personalizada a diferentes ativos digitais. No entanto, essa modalidade exige uma estrutura sólida de custódia e compliance, como a oferecida pelo MB Prime Services, que atende às necessidades institucionais.
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À medida que o setor amadurece, parcerias com empresas confiáveis tornam-se essenciais para assegurar a conformidade regulatória. Administradores fiduciários, por exemplo, desempenham um papel crucial ao garantir que as operações estejam em conformidade com as normas, proporcionando uma camada extra de segurança aos investidores institucionais.
Além disso, a blockchain facilita auditorias e traz transparência às transações, fortalecendo o ecossistema de compliance e aumentando a confiança no setor.
Um dos pontos mais empolgantes dessa revolução digital é a tokenização, que permite auditorias mais eficientes e reduz os custos operacionais, ampliando o acesso a ativos antes restritos. Essa tecnologia pode estimular boas rentabilidades, especialmente em ativos ESG, que enfrentam desafios adicionais devido ao número de prestadores de serviços envolvidos na operação.
Em resumo, os ativos digitais representam uma oportunidade significativa para investidores institucionais, especialmente com o avanço das regulamentações, que trazem mais segurança e clareza ao setor.
O Bank of America estima que o mercado de ativos digitais, ainda em fase inicial, deve triplicar em investimentos institucionais até 2030. Para que esse potencial se concretize, compliance e transparência são fundamentais para manter a confiança dos investidores.
Com um arcabouço regulatório em evolução e parceiros especializados, o mercado de ativos digitais está cada vez mais preparado para receber capital institucional, combinando inovação com uma base sólida de governança e conformidade, beneficiando todas as partes.
Sobre a autora
Camila Cavaton é coordenadora de Compliance do MB – Mercado Bitcoin e atua no mercado financeiro e de capitais desde 2012. Formada em Administração pela PUC-SP e MBA em Agronegócios pela USP/ESALQ, é membro de comissões da OAB, ANBIMA e CWC.
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