Mario Gómez, um ativista contrário à implementação da lei de bitcoin em El Salvador, foi preso na manhã desta quarta-feira (1º) pela polícia do país sob acusação de praticar fraude financeira, segundo informações das autoridades locais.
A prisão de Gómez acontece a menos de uma semana para entrar em vigor a lei que torna o Bitcoin uma moeda de curso legal no país — no dia 7 de setembro.
Desde que o presidente Nayib Bukele divulgou a medida, parte da população protesta para que a lei seja derrubada, incluindo Mario Gómez, um ativista que acumula quase 10 mil seguidores no seu perfil do Twitter @mxgxw_alpha.
Ele atua como especialista em Sistemas de Informação e, embora as autoridades tenham o acusado de praticar fraude, seus companheiros apontam que o ato se trata de um caso de abuso de poder.
“URGENTE! Nesta manhã a PNC (Polícia Nacional Civil) prendeu nosso colega Mario Gómez sem dar nenhum motivo para a prisão. Pedimos à comunidade que fique atenta a quaisquer acusações ilegais contra ele. Chega de detenções arbitrárias! Chega o abuso de poder!”, tuitou o perfil @lacomunaresiste.
Pouco antes de ser preso, Gómez avisou aos colegas que estava sendo levado para a delegacia de Monserrat em San Salvador, a capital do país.
As autoridades se negaram a dar detalhes sobre a prisão para a imprensa local. No Twitter, a polícia nacional afirmou que o ativista foi detido por supostamente cometer crimes de fraude financeira, relacionados a “e-mails falsos enviados a muitos usuários do sistema bancário, onde seus extratos de conta foram comprometidos”.
O comunicado oficial continuou dizendo que nos últimos dias esse tipo de crime estava aumentando no país, “como ligações fraudulentas, se passando por funcionários públicos e enganando a população”.
No momento da prisão, a polícia confiscou dois celulares do ativista, cujo conteúdo será analisado por uma perícia técnica.
Mãe do ativista denuncia a prisão
A mãe de Mario Gómez, Ligia Guevara de Critosal, foi à delegacia quando descobriu que o filho havia sido preso. “Não vou permitir isso. Pedidos que mostrassem um documento que comprovasse que tinham autorização de levá-lo, mas eles não tinham. Pegaram o telefone dele e não deixaram falar ou escrever mais nada”, relatou ao portal La Prensa Gráfica.
O portal relata que na ocasião, a mãe do Gómez foi abortada por um policial da Seção Tática Operacional (STO) do lado de fora da delegacia que pediu que ela entregasse seu computador. Ela teria se recusado entregar o equipamento e quando a imprensa chegou ao local, o policial desistiu da intervenção.