Antes Inimigos, Bancos Mudaram de Opinião Sobre Criptomoedas

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Instituições financeiras ignoraram bitcoin e tiveram que voltar atrás (Foto: Pixabay)

Ouro de tolo, pirâmide, novas tulipas holandesas, bolha, coisa de criminosos. Não faltavam adjetivos depreciativos para quando os bancos tratavam de criptomoedas. Entre as instituições que demonizaram bitcoinsaltcoins estão a Goldman Sachs e a JP Morgan Chase. Recentemente, os dois grupos financeiros mudaram o tom de seu discurso.

Em outubro de 2017, a Goldman Sachs declarou que o bitcoin não preenche os elementos necessários para ser considerado moeda. Para tanto, utilizou como parâmetro o ouro, o qual, na sua opinião, melhor cumpriria esse papel.

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Entre as críticas da empresa, no ano passado, estavam a vulnerabilidade das criptomoedas em ser hackeadas e a sua sujeição ”a riscos regulatórios e riscos de infraestrutura durante uma crise”.

Ao comentar sobre o valor intrínseco e a unidade de conta, a instituição criticou a alta volatilidade do bitcoin que ultrapassou “quase sete vezes o valor do ouro em 2017” e afirmou que seria “fácil criar alternativas que efetivamente não tenha controle sobre a oferta em um nível macroeconômico e não possua valor intrínseco em face da escassez”.

Futuro bitcoin

Contudo, de acordo com a Forbes e o site BTC Manager, no dia 10 de janeiro de 2018, o Goldman publicou um relatório intitulado “Bitcoin as Money” aos seus clientes. No documento, o banco americano afirmou que “mais empresas aceitarão bitcoin como forma de pagamento”.

Entre os exemplos, citou a Expedia, que já permite que seus serviços sejam pagos com bitcoins e diante de tais elementos e previu o crescimento das moedas digitais, bem como a probabilidade de bancos operarem bitcoin dentro de um sistema propicio para ele.

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“Criptomoedas, com bitcoin no leme, serão ainda maiores este ano do que era em 2017. Isso não significa que todos vão se enriquecer com isso. Mas isso significa a possibilidade de haver um sistema baseado em regras para negociação em bitcoin, agora que os bancos de grande peso estão levando isso a sério”, diz o documento.

Acompanhando a toada do rival, o CEO da JP Morgan Chase, Jamie Dimon, disse ter se arrependido da declaração feita em setembro de 2017 pela qual chamou a criptomoeda de “fraude”. Era “pior do que a mania das tulipas”, segundo informações da Fortune e da Época Negócios.

Em entrevista a Fox Bussiness, o executivo que chegou a ameaçar a demitir qualquer funcionário da JP Morgan Chase que estivesse comprando bitcoin, afirmou agora que “o blockchain é real” e que estava arrependido do comentário feito sobre as criptomoedas no passado. Entretanto, na mesma entrevista, Jamie Dimon desdenhou das altcoins afirmando que não tinha interesse nelas.

“Bitcoin para mim foi sempre o que os governos vão sentir sobre bitcoin, quando isso se tornar realmente grande, eu apenas tenho uma opinião diferente de outras pessoas. Não me interesso tanto no assunto”.

Mudança de concepção

Apesar dessa afirmação, vale apontar que antes mesmo de Dimon chamar bitcoin de fraude em 2017, ele já não gostava muito da ideia da criptomoeda e isso ficou registrado no fórum global da Fortune de 2015. Ele declarou naquela ocasião que as pessoas estavam perdendo o tempo delas com bitcoin. “Não existe moeda que esteja fora do controle governamental”.

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Não foi diferente com o Deutsche Bank. O Banco emitiu um relatório de mercado para 2018, em dezembro do ano passado, pelo qual o economista Chefe Torsten Slok declarou que o bitcoin estava entre uma das 30 maiores ameaças globais, dividindo o podium com “Brexit” e “Coreia do Norte”.

Com a virada do ano, ocorreu também a mudança de concepção. Em janeiro, os executivos do Deutsche Bank anunciaram que a cripomoeda veio para ficar e nesse mesmo período, a instituição alemã publicou  um documento esclarecendo os mitos que estavam em torno da moeda virtual que tanto amedrontam novos investidores, segundo informações da Bitcoinist.

Adoção por bancos

Não só o olhar dos bancos mudou. Mas também a forma de negociar a criptomoeda. Recentemente, o Bank Frick, em Liechtenstein, anunciou que vai permitir que seus clientes façam investimentos diretamente em criptomoedas.

Inicialmente, as operações estão limitadas aos clientes exclusivos que possam investir altos valores com euro, dólar e franco suíço e as moedas virtuais negociadas são, por enquanto, Bitcoin, Bitcoin Cash, Litecoin, Ripple e Ethereum. conforme foi noticiado pelo portal do bitcoin.

O Santander de Portugal também mudou seu conceito, mas não por vontade própria. De acordo com o site português Dinheiro Vivo, o Santander Totta havia, no início de janeiro, suspendido transferências em euros para as contas bancárias de seus correntistas que tivessem origem em negócios relacionados com bitcoins e demais criptomoedas.

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O fato ensejou inúmeras reclamações desses clientes à Deco (Associação de Defesa do Consumidor do país), o que forçou o banco, visto como anti-cripto, por investidores em moedas digitais a voltar na decisão, segundo informações do site Eco.