Altcoin dispara 63% em agosto enquanto preços do Bitcoin e do Ethereum enfrentam pior mês de 2023

Confira a análise dos especialistas sobre o mercado e saiba o que esperar das principais criptomoedas em setembro
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Agosto foi o mês em que as duas principais criptomoedas do mercado sofreram os maiores prejuízos de 2023 até agora. O Bitcoin (BTC) se distanciou ainda mais do nível de US$ 30 mil ao cair 7,3% nos últimos 30 dias, negociado a US$ 27.150 nesta quinta-feira (31).

O Ethereum (ETH) apresentou um comportamento similar, com uma queda de 8,2% no mês que fez sua cotação recuar para US$ 1,7 mil, segundo dados do CoinMarketCap e Coinglass.

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Essas foram as maiores quedas mensais que BTC e ETH registraram em 2023 – um cenário muito diferente de janeiro, por exemplo, em que ambas as moedas valorizaram entre 32% e 39%.

Retornos mensais do BTC e ETH em 2023 (Fonte: Coinglass)

Apesar das quedas das moedas líderes do mercado, as desvalorizações mais marcantes no mês ficam por conta de GMX (GMX) -34%; Compound (COMP) -31%; Pepe (PEPE) -30%; e Uniswap (UNI) -28%.

“O mês de agosto foi majoritariamente negativo para os criptoativos”, explica o analista de Research do MB, Rony Szuster. “O Bitcoin iniciou o mês em torno de US$ 29 mil, oscilando lateralmente com volume muito baixo, até que no dia 17 de agosto teve a notícia de que a SpaceX, do Elon Musk, teria vendido US$ 373 milhões equivalentes em Bitcoin que tinham adquirido anteriormente”, analisa.

“Esse movimento afetou o mercado muito negativamente e o BTC chegou a cair para US$ 26 mil, que foi o patamar que ele ficou até a notícia do processo da Grayscale contra a SEC, que deu uma recuperada no mercado, completa”.

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Um tribunal federal dos Estados Unidos decidiu na terça-feira (29) que a Comissão de Valores Mobiliários do país deverá revisar sua decisão de negar um pedido para criação de um ETF de Bitcoin da gestora Grayscale Investments. Isso pode abrir caminho para finalmente os EUA registrarem seu primeiro ETF de Bitcoin à vista, produto que vem sendo negado pela SEC há anos.

Leia também: Justiça dos EUA dá vitória à Grayscale em pedido por ETF de Bitcoin à vista

José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital, relembra que em reação a notícia positiva da Grayscale, mais de US$ 120 milhões em shorts de Bitcoin, ou seja, ordens que apostavam na queda da moeda, foram liquidadas depois da vitória contra a SEC. 

“Nós vemos que a Uniswap também está lidando com um processo judicial contra a SEC, então parece que virou um ritual de passagem nesse mercado ter que lidar com a SEC para o seu preço ficar positivo. Isso é negativo para o mercado como um todo, mas a cada dia que passa vemos a fraqueza de Gary Gensler [presidente da SEC] contra ativos digitais e um horizonte de alta cada vez mais perto”, aponta.

As criptomoedas vencedoras do mês

Agosto não foi um mês ruim para todas as moedas. A altcoin THORChain (RUNE), por exemplo, seguiu a direção oposta ao valorizar 63% nos últimos 30 dias.

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THORChain é um protocolo descentralizado de liquidez que permite a negociação de criptomoedas de blockchains completamente diferentes. Assim como outros formadores automatizados de mercado (AMMs), a THORChain utiliza o modelo de pools de liquidez, em que participantes depositam ativos para obter recompensas.

Logo atrás da THORChain está Toncoin (TON), com uma alta de 41% no mês. Essa é a criptomoeda por trás da blockchain criada pelos desenvolvedores do Telegram em 2018 — um projeto que foi então abandonado por eles e assumido pela TON Foundation. 

“Em agosto a Toncoin apresentou um crescimento considerável de número de usuários e volume de negociação, por isso que teve esse desempenho notavelmente positivo. Aparentemente a fundação por trás da aplicação fez vários desafios para desenvolvedores e conseguiu atrair um número bom de profissionais e novos usuários nesse mês”, contextualiza Rony Szuster.

O analista de criptoativos da Empiricus Research, Vinícius Bazan, se diz cético em relação à capacidade da Toncoin ser capaz de manter os preços altos no longo prazo.

“Toncoin é um ativo que vem chamando atenção do mercado por ser um protocolo de escalabilidade e smart contracts. O ponto que eu acho muito ruim de TON é que ele era um projeto muito menor, mas de junho para julho teve injeção muito grande de novos tokens no mercado, que fez o market cap dele saltar muito, de US$ 1,8 bilhão em meados de junho para mais de US$ 5 bilhões depois de julho”, compara.

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Na visão do especialista, o aumento de tokens em circulação aumenta a inflação da moeda e deve prejudicar seu preço no futuro. “Não vejo como sustentável essa alta, porque entendo que ela foi muito levada pelo hype em torno do ativo.”

Expectativa para o Bitcoin em setembro

Para o analista do MB, o principal evento que o mercado deve acompanhar no mês de setembro será a próxima reunião do Fonc, o Comitê de Políticas Financeiras do Fed, que acontece no dia 20 e vai decidir sobre a taxa de juros do país, relevante para mercado de risco, como o de criptomoedas.

“Agora mesmo a estimativa dos principais bancos e investidores está para que o Fed mantenha a taxa no patamar atual de 5,25 a 5,50. Cerca de 88% desses planos acreditam que a taxa vai manter, mas temos quase 12% acreditando que possa ter um aumento de 25 pontos base. Como o mercado está precificando que vai manter a taxa de juros, caso ocorra um aumento, isso pode impactar o preço de forma bem negativa, já que o mercado não está esperando isso”, projeta.

Szuster também aponta que é importante ficar de olho no Bitcoin em setembro, à medida que cresce a expectativa de aprovação de um ETF à vista de Bitcoin nos EUA após a vitória da gestora Grayscale contra a SEC.

“Algumas datas de vencimento de análise do pedido por parte da SEC vão ser no início de setembro. Obviamente um ETF spot de Bitcoin nos Estados Unidos abriria portas para muito dinheiro entrar, talvez até na casa dos trilhões, então é algo extremamente relevante. Eu acredito que a SEC ainda vai adiar esses pedidos pelo menos até o final do ano, mas caso eles anunciem alguma aprovação, tende a ser algo grande”, analisa.

“Em setembro o Bitcoin ainda segue nos holofotes”, acrescenta Vinícius Bazan. “Como temos menos volume no mercado, quem entra acaba chegando pela porta principal que é o Bitcoin e o Ether. O mercado está passando por um processo de consolidação do bear market anterior e vem preparando o terreno para um possível bull market, mas é justamente um momento em que não há uma grande entrada de varejo, nem de institucionais, fazendo com que a liquidez fique mais comprometida e ocorra saltos mais violentos de preço, para cima ou para baixo.”