Imagem da matéria: A história dos traders que apostaram contra os maiores bancos do mundo e venceram
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Início da década de 2000, o sonho americano estava revigorado. Americanos estavam felizes, comprando imóveis, com bons empregos, cartão de crédito, faculdade do filho financiada em 20 anos, carro do ano. O problema é que quem iria imaginar que isso tudo seria apenas uma ilusão.

A grande Crise de 2008 já completou mais de dez anos, mas trouxe impactos gigantescos que foram irreversíveis para a classe média dos Estados Unidos. Toda aquela sensação de progresso foi gravemente abalada na sociedade americana. Afinal, foi a maior crise econômica desde 1929, que quase levou o sistema financeiro para o colapso.

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Bancos estavam emprestando dinheiro sem critério nenhum. Agências de avaliação de risco estavam fraudando seus relatórios, créditos muito ruins estavam sendo avaliados como excelentes. Americanos estavam hipotecando um imóvel para comprar outro (alavancagem financeira). Com isso, os bancos estavam extremamente vulneráveis.

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O problema é que poucas pessoas viram isso, exceto o gestor de fundos Michael Burry, ainda em 2003. Ele ganhou bilhões de dólares apostando tudo contra os bancos. A história foi tão boa que até virou um excelente filme. A Grande Aposta está disponível no Netflix, recomendo tirar algumas horas para assistir esse filme essencial.

O cara que viu o problema e apostou tudo

“A Grande Aposta” se concentra na história de três fundos de investimentos, onde seus gestores descobriram de formas diferentes que a economia americana estava indo para o abismo.

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Michael Burry tinha ganhado notoriedade como investidor fundamentalista no mercado de ações. Ganhou muito dinheiro gerindo o Scion Capital ainda no começo dos anos 2000, tendo um ganho de 55% em um ano em que o mercado americano de ações chegou a cair 11%.

Michael Burry: o homem que apostou tudo e venceu

Em 2002, enquanto a bolsa americana estava caindo mais de 28%, Burry estava na contramão lucrando mais de 50% no ano. Com o tempo, seu talento para construir carteiras e gerir fundos chamou atenção. O interessante é que ele é médico de formação. Para curiosidade, os melhores traders que conheci são médicos (sabe-se lá o motivo).

Lá pelo ano de 2004, Burry já estava gerindo um capital US$ 600 milhões de clientes. Mesmo com essa quantia de dinheiro, ele foi frio o suficiente para apostar tudo contra os bancos. Ele viu a oportunidade e propôs um CDS para os bancos (Credit Default Swap) que funcionaria como uma espécie de seguro.

O CDS funcionaria assim: caso as pessoas deixassem de pagar seus financiamentos e dívidas com os bancos, o banco levaria calote e poderia ficar vulnerável (ir à falência). Caso isso acontecesse, o banco deveria pagar um prêmio a Burry. Se nada acontecesse, Burry precisaria pagar prêmios mensais para os bancos

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Nenhum banco acreditava que estaria vulnerável. Logo, aceitaram rindo a proposta de Burry. Obviamente, você chama atenção, principalmente se você passa US$ 600 milhões em CDS em Wall Street. Quem pegou a informação, investigou e apostou contra se deu bem. É aí que entram novos personagens e o filme começa a ganhar ritmo.

A grande aposta

A história que contei acima está no filme, que está longe de ser um Lobo de Wall Street. O filme é bem sóbrio e mais educativo, explica de forma fácil e divertida conceitos complexos como derivativos, hipotecas, empréstimos, conflitos de interesse e economia.

O filme tem um elenco com nomes conhecidos: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling e Brad Pitt. Outro grande mérito foi retratar de forma cristalina toda irracionalidade do mercado financeiro para a época.

Enquanto os engomados de Wall Street estavam especulando, otimistas com a economia mundial, alguns gestores saíram de seus escritórios para ver a situação da economia na prática e tudo era muito pior do que eles estavam esperando.

“A Grande Aposta” mostra como a coisa realmente estava estranha: strippers tinham até 7 apartamentos financiados com hipotecas com taxas de juros variáveis no empréstimo, bairros fantasmas, fraudes em crédito e agências de avaliação, derivativos altamente arriscados e especulativos, reguladores omissos e players irracionais.

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Fraude, alavancagem e irracionalidade

Obviamente, a história não terminaria bem para a economia. Na vida real, os empréstimos nunca foram pagos. As agências estavam fraudando a classificação de crédito e os bancos estavam mega-alavancados. Tudo aquilo era uma bomba relógio em um mercado que movimentava trilhões de dólares todo dia.

A coisa atingiu o auge quando o tradicional Lehman Brother’s quebrou, gerando uma falência em cadeia no sistema bancário. Os mercados foram ao colapso ao redor do mundo muitas pessoas perderam todas as suas economias da vida. O momento em que a crise começa marca o clímax do filme, no qual não vou entrar em detalhes, para não estragar sua experiência.

Um fato interessante é que o Bitcoin surgiu em meio a todo esse caos. O primeiro registro da rede do Bitcoin leva uma manchete do The Times que dizia: Chanceler à beira de segundo resgate aos bancos. Hoje, o ativo tem uma capitalização de US$ 170 bilhões.

Uma hora ou outra, a lei se fará válida

As leis da economia são inexoráveis e inescapáveis. Não existe fórmula mágica ou caminho fácil. A Grande Aposta é um filme obrigatório para quem quer começar a investir. O filme mostra que nenhum crescimento consegue se sustentar com emissão artificial de crédito sem lastro em poupança.

A grande crise de 2008 foi um exemplo claro de que não se deve manipular a taxa de juros da economia e fazê-la crescer com base em crédito. Naquela ocasião, foi gerada uma bolha imobiliária, cujo estouro varreu toda economia mundial.

Quem quer investir, precisa aprender a dinâmica dos ciclos econômicos, pois essa dinâmica afeta profundamente o comportamento dos ativos financeiros nas diferentes fases do ciclo. Estar bem posicionado é essencial para estar preparado para mudanças de paradigma na economia.

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Hoje, a economia americana está no maior período de crescimento da história. O Banco Central está injetando dinheiro no mercado e mantendo juros negativos. Onde será que esse ciclo vai parar?

*Texto escrito por Lucas Bassotto e publicado originalmente pelo site Investificar.

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