As criptomoedas já deixaram de ser um assunto enigmático e estão cada vez mais presentes no dia-a-dia da população. A cada ano, mais investidores comuns entram no mundo cripto com o desejo de fazer parte do grupo de pessoas que lucram nele. Ondas de popularidade se sucedem, e a mais recente acontece agora, entre 2020 e 2021 — período em que todas as criptomoedas quebraram seus recordes históricos.
A maior criptomoeda continua sendo a original, o bitcoin (BTC), com capitalização de mercado de US$ 814 bilhões. Em segundo lugar vem o ether (ETH), a moeda nativa da blockchain Ethereum, com capitalização de mercado de US$ 320 bilhões. Juntas, essas duas são responsáveis por pouco mais de 60% da capitalização de mercado total do setor de criptomoedas, ficando muito à frente das outras integrantes do Top 10.
O ether, como segunda criptomoeda mais importante, tem se tornado atraente para mais e mais categorias de investidores. A seguir, veremos suas características principais e de sua blockchain, e analisaremos quais são as melhores formas de armazená-lo em carteiras pessoais.
O que é Ethereum?
Ethereum é uma blockchain, uma plataforma descentralizada de código aberto que possibilita que se façam transações e comunicação de ponto-a-ponto (P2P). Ela se destaca por ter sido a primeira blockchain arquitetada com suporte a contratos inteligentes. Na blockchain Bitcoin, por exemplo, não é viável armazenar quaisquer informações que não sejam transações financeiras.
Mas a Ethereum trouxe a possibilidade de armazenamento de dados, que podem ser scripts de programas automáticos — são os chamados contratos inteligentes. Estes algoritmos permitem a execução de diversas tarefas diferentes, como a criação de aplicativos descentralizados (dApps) e a criação do famoso “ecossistema de finanças descentralizadas” (DeFi).
O Ethereum foi proposto em 2013 pelo fundador Vitalik Buterin, que iniciou o projeto por crowdfunding, em 2014. Em julho de 2015, a blockchain foi lançada oficialmente. A rede passou por várias atualizações, mas as mudanças mais significativas vêm ocorrendo desde 2020, e são conhecidas como Projeto Ethereum 2.0. Isso incluirá a transição para o sistema Prova de Participação (PoS) e o aumento da eficiência e velocidade das transações, usando sharding.
O que é ETH?
Ether (ETH) é a moeda digital principal da blockchain Ethereum, e existe desde 2015. É usado nos contratos inteligentes, nos serviços computacionais e no pagamento de taxas aos mineradores. A valorização do ether representa a valorização da própria blockchain Ethereum (e vice-versa). Se você deseja investir nela, o primeiro passo é escolher uma carteira adequada e confiável, que possibilite armazenar seus ETH em segurança.
O que são carteiras para criptomoedas?
Carteiras são mecanismos que possibilitam que usuários armazenem e transfiram criptomoedas em segurança. Elas funcionam um pouco como carteiras convencionais, exceto pelo fato de armazenarem ativos digitais, podendo ou não existir fisicamente. Há vários tipos, incluindo modelos online e offline. Alguns deles são:
● Carteira Full Node: Seu equipamento hospeda uma cópia integral da blockchain. Você pode controlar suas chaves privadas;
● Carteira de Custódia: Essa modalidade não permite o controle de suas chaves privadas. Um exemplo são as carteiras fornecidas pelas bolsas de criptomoedas e corretoras;
● Carteira Software Desktop: Costuma ser um aplicativo de desktop, que conecta o usuário diretamente à blockchain e às suas moedas e oferece controle total sobre suas chaves e fundos;
● Carteira Software Móvel: Executada como um aplicativo de smartphone para Android ou iOS. Funciona de forma similar às equivalentes para desktop.
● Carteira Hardware: São aparelhos físicos que armazenam dados, como pen-drives, feitos especificamente para criptomoedas. São o tipo mais seguro de carteira, por não estarem conectadas à internet integralmente. Durante a utilização, elas precisam estar conectadas (via USB, bluetooth, etc) a um dispositivo com acesso à web.
● Carteira de Papel: Trata-se de um código QR para as chaves públicas e privadas impresso em papel, o que permite driblar o armazenamento de dados sobre sua moeda de forma digital.
Qual a melhor carteira Ethereum?
1. Trezor One
Trezor foi a primeira carteira hardware para Bitcoin, produzida pela SatoshiLabs. Possui uma interface simples e é bastante segura, pois o código PIN nunca sai da carteira. Isso protege suas criptomoedas mesmo que o equipamento seja conectado a um computador comprometido. Alguns afirmam que a Trezor é a melhor carteira para ETH do mercado, estando listada no site oficial da Ethereum.
As principais vantagens da Trezor são sua simplicidade de uso e sua segurança pesada. Ela gera um PIN aleatório sempre que é conectada ao computador, para que você o digite. Se um PIN é digitado incorretamente, ela aumenta o tempo de espera por uma potência de 2, de forma que seria necessário esperar 17 anos para se fazer 30 tentativas. Quando o PIN correto é fornecido, o usuário precisa digitar a frase-passe, que é como uma senha que só ele conhece. Isso torna impossível a invasão da carteira por métodos de força bruta.
Ela traz suporte a centenas de criptomoedas — como ETH — , mas ainda não trabalha com Ripple, Monero, Cardano e Tezos. Outros pontos negativos são o seu custo, cerca de R$ 800, e o fato de ser um dispositivo físico. Apesar de estar protegida de hackers, está exposta aos riscos de danos, destruição, roubo e perda.
2. Metamask
Metamask é um Software para desktop, que funciona como uma extensão para Google Chrome. Ela é bastante versátil para usuários iniciantes e também para desenvolvedores, que podem interagir com redes de teste Ethereum através da extensão.
As chaves privadas são criptografadas mediante senha, e permanecem na máquina até que seja solicitada a exportação das mesmas. Apesar de ser uma carteira software, ela não requer a instalação de um full node Ethereum, o que se traduz em praticidade para usuários dinâmicos e que estão se iniciando no setor. Também se torna uma boa opção pelo fato de ser totalmente gratuita.
Mesmo que a modalidade software ofereça praticidade e segurança, é preciso salientar que ela é menos segura do que carteiras hardware ou de papel. Afinal, é um mecanismo digital que pode estar exposto a usuários mal-intencionados, através da conexão à internet.
3. Ledger Nano S
A Ledger Nano S é, provavelmente, a carteira hardware mais popular. Muitos usuários a classificam como a melhor opção de carteira para Ether. De forma similar à Trezor, a Ledger armazena as chaves privadas em um dispositivo físico. Essa opção é particularmente popular é indicada para usuários que lidam com quantias de dinheiro maiores e/ou que ficarão armazenadas por intervalos de tempo grandes, necessidades que demandam um maior investimento em segurança.
O valor deste investimento varia bastante, mas também fica em torno dos R$ 800. Ela tem suporte a centenas de criptomoedas e a aplicativos de terceiros, caso seja de interesse do usuário. Os mesmos cuidados de armazenamento de carteiras hardware se aplicam, como já mencionado para a Trezor One. Recomenda-se guardar esses dispositivos em cofres ou estojos à prova de incêndio.
4. Exodus
A Exodus é outra opção de carteira software. Ela funciona como um programa para Windows, Mac OS, Linux, Android ou iOS, e pode ser baixada gratuitamente através do site oficial. O programa possui uma corretora intrínseca e parceria com múltiplas corretoras, o que permite ao usuário fazer câmbio de mais de 100 criptomoedas. Além disso, ela permite sincronização com carteiras Trezor hardware, integrando as duas modalidades com bastante conveniência. Também é possível usar contratos inteligentes para enviar e receber fundos através da Exodus.
Contudo, em termos de segurança, ela fica atrás das outras opções por não fornecer autenticação por dois fatores. Ela também não é 100% de código-aberto, e não possui uma interface web. Além disso, a modalidade móvel não tem suporte à mesma quantidade de criptomoedas que a desktop.
Conclusão
Todas as carteiras listadas são indicadas para manter seu ETH, embora cada uma tenha características distintas. A escolha da carteira ideal dependerá do usuário e de suas necessidades. Existem opções mais robustas, mas que exigem um investimento considerável, e há modelos mais acessíveis que, no entanto, possuem menos mecanismos de segurança. Ao escolher sua carteira, avalie seus objetivos pessoais e opte pelo modelo que melhor se adequar a eles.
Sobre o autor
Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.