A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) multou na terça-feira (09) a empresa Zurc Intermediação de Negócios Ltda — Zurc Investimentos — e seu responsável Samuel da Cruz, por oferta pública irregular de valores mobiliários. Apesar de ambos não terem apresentado defesa no julgamento, eles terão que pagar, respectivamente, R$ 250 mil e R$ 125 mil à autarquia.
“A oferta anunciada pelos Acusados tinha o objetivo de levantar recursos para um empreendimento de natureza coletiva, cujas vantagens e desvantagens atingiriam em comum a todos os investidores”, escreveu o relator, o diretor Alexandre Costa Rangel.
O processo teve desfecho agora, mas a autarquia foi questionada sobre a situação da empresa em 2017, conforme mostra o relatório. Naquela época, os clientes da Zurc já amargavam problemas com saques e a suspeita era de que havia um golpe em andamento.
Diante do histórico, a autarquia disse que vai enviar o resultado do julgamento ao Ministério Público:
“Proponho, ainda, que o resultado deste julgamento seja comunicado ao Ministério Público Federal no Estado de São Paulo, nos termos da Lei Complementar no 105/2001, em complemento à comunicação anterior, para as providências cabíveis”.
Ainda segundo o relatório da CVM, o pagamento do valor referente ao respectivo investimento poderia ser feito via boleto bancário ou cartão de crédito. “Conforme noticiado pela Zurc, o valor do investimento também poderia ser efetivado por meio da transferência de bitcoins”, escreveu a autarquia.
Vítimas da Zurc Investimentos
Uma reportagem da Tribuna da Massa na época mostrou vários investidores da Zurc denunciando a suposta fraude, visto que os rendimentos oferecidos eram acima da casa dos 40% ao mês. “O seu dinheiro, pouco provável que você vai receber de volta”, falou uma das vítimas.
Segundo a reportagem, que presenciou a frustração de um cliente que foi até o escritório da Zurc em Sorocaba (SP) e não foi atendida, a estimativa na época era de que o negócio teria arrecadado mais de R$ 200 milhões.
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Samuel da Cruz, que batizou o negócio com o próprio sobrenome ao contrário, se apresentava como presidente da empresa. Ele chegou a gravar vários vídeos promovendo a Zurc, inclusive mostrando o seu dia a dia; Mais tarde, um áudio, supostamente gravado por ele, evidenciava que a empresa tinha nos negócios o envolvimento com bitcoin.
Flávio Quevene, que promovia o negócio e dava suporte aos clientes nas redes sociais, também tentou acalmar os clientes que viviam preocupados com os rumores de golpe, como mostra um vídeo da época. “O sucesso dessa empresa é você”, disse ele.
Em um comentário recente no Youtube, William Henrique da Silva, que usa o apelido ‘William Bitcoin’ e que promovia a Zurc, disse que não sabia como recuperar o que perdeu.
Petições e Reclame Aqui
Uma petição pública, com 1400 assinaturas e ainda disponível na internet, pede às autoridades e jornalistas que ajudem no caso: “Solicitamos que investiguem a empresa Zurc e seu presidente Samuel da Cruz (Sorocaba/SP) por diversas irregularidades.
Outra petição, assinada por cerca de 500 pessoas, pedia intervenção do Ministério Público no caso para Cruz poder voltar a trabalhar e assim quitar com com clientes.
Várias reclamações da época também podem ser consultadas na plataforma de defesa do consumidor Reclame Aqui. “Investi uma quantia na Zurc dia 29/03/2017 prometendo ganhos acima de 40%. Até hoje não consegui sacar a quantia devida nem o meu investimento”, reclamou um suposto cliente de Morungaba (SP).
Tem reclamação recente também. No dia 28 de fevereiro, por exemplo, outro suposto cliente, de Fortaleza (CE), registrou: “Investi na Zurc e perdi meus 2.000 mil reais investido!”