O empresário Claudio Oliveira, fundador do Bitcoin Banco, conseguiu manter seus carros de luxo, entre eles um Porsche e uma Maserati, na garagem da empresa.
Na segunda-feira (29), ele assinou um acordo com a acusação. As partes chegaram a um entendimento e o juiz declarou “extinto o processo com resolução do mérito”.
Não se sabe exatamente o que foi acordado, visto que a Justiça decretou o sigilo integral dos autos. A assessoria de imprensa do Bitcoin Banco confirmou a decisão, mas preferiu não entrar em detalhes sobre o caso.
Leonardo Schuler, o advogado do Espírito Santo que entrou com a ação, confirmou disse que os veículos ficariam: “Os carros já haviam saído da garagem e estavam num depósito esperando para embarcar em um caminhão-cegonha quando o acordo foi fechado”, disse ao Portal do Bitcoin.
Por questões de confidencialidade, ele não pôde revelar detalhes do combinado. Contudo, contou um pouco do que aconteceu:
“Foram seis horas de reunião no primeiro dia e quatro horas no segundo. O acordo que eu fiz foi da seguinte maneira: os carros ficam mas o acordo se estende ao pagamento dos valores devidos a todos os meus clientes envolvidos nesses dois processos”.
Apesar da vitória, Schuler disse que se sentiu dividido:
“Quando eu vi os carros, me senti constrangido. Aquilo não me deixou confortável porque é muito duro entrar assim na casa de alguém. Não queria ter chegado a esse ponto”.
Ele sente que o dever foi cumprido e que a Justiça foi feita de forma isenta e com o rigor merecido. Em sua opinião, o Bitcoin Banco tem solidez para pagar o que deve aos clientes: “Faltou ali gestão de crise em um momento difícil como o da fraude que eles sofreram. Mas senti uma luz no fim do túnel”.
Mesmo com o acordo, o advogado capixaba não vai deixar o caso. “Estou entrando com o oito novas ações de cobrança contra eles”, afirmou.
Caso Bitcoin Banco
O ‘confisco’ dos carros foi consequência de uma decisão do Tribunal do Espirito Santo, que ordenou o arresto de 22 veículos. Na decisão, o juiz Carlos Magno Moulin Lima autorizou o uso de força policial para acompanhar os oficiais de Justiça e o advogado do caso.
O magistrado também citou o vídeo no qual Oliveira está dirigindo um dos carros que estavam restritos. As imagens, que circularam no dia 17, mostram Oliveira com um cliente, que gravou o vídeo, e dois amigos, entres eles o conhecido Jairo. Para o juiz, os comentários foram ofensivos ao Direito e à Justiça:
“Acompanhado de mais três pessoas que, espontaneamente, filmavam os fatos em análise, [Claudio Oliveira] estava proferindo, na referida ocasião, palavras de ironia, sarcasmo e deboche em virtude do ato decisório oriundo deste Juízo, gabando-se quanto ao fato de estar dirigindo um veículo ‘bloqueado’”.
Entenda o caso
Desde o dia 17 de maio que o Bitcoin Banco vem segurando os saques de clientes. A empresa afirmou que a crise ocorreu devido a uma invasão hacker, que gerou R$ 50 milhões de prejuízo.
O GBB disse por meio de seu presidente à época, Cláudio Oliveira, que alguns clientes mal-intencionados teriam efetuado saques duplos. A empresa chegou a levar o caso à polícia.
A Justiça do Paraná, por meio da 25ª Vara Cível de Curitiba, mandou intimar as empresas do grupo econômico, formado pela CLO participação e investimentos S/A; Grupo Bitcoin Banco; as exchanges Negociecoins e TemBTC entre outras a apresentar um documento produzido por uma auditoria externa independente a fim de atestar as supostas fraudes praticadas pelos requeridos.
Além disso, os saques suspensos motivaram aqueles investidores que não puderam ter acesso ao seu dinheiro e a tampouco às suas criptomoedas a entrarem com ações judiciais.
Numa outra ação, a Justiça mandou bloquear quase R$ 6 milhões das principais empresas do grupo. Contudo, as contas estavam vazias. O valor bloqueado foi de R$ 130 mil, sendo R$ 122 mil na BAT exchange.
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