Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto durante audiência Pública na comissão de Finanças e Tributação da Câmara (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)

O principal objetivo do Drex, como passou a ser chamado oficialmente o real digital, é fomentar as possibilidades que surgem com uma CBDC (moeda digital de Banco Central) sem tirar a intermediação que os bancos têm no sistema financeiro. Com isso em vista, a expectativa é que o projeto reduza em larga escala o custo de fazer negócios no Brasil. 

A análise foi feita nesta segunda-feira (9) por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, durante sua participação no XXXIII Encontro de Lisboa, que reúne os bancos centrais de países de língua portuguesa. 

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Conforme aponta reportagem do UOL, Campos Neto disse que vê o modelo brasileiro como superior a outros projetos: “É uma moeda que o formato é muito diferente do que eu vejo por aí, porque entendemos que o principal desafio de fazer a moeda digital era não desintermediar os bancos”. 

No sistema já apresentado pelo Banco Central, os bancos e entidades financeiras autorizadas irão criar um token de Drex. Atrelado a esse ativo será criado um real tokenizado e, este sim, será manuseado pela população. Com esse formato, o papel dos bancos é essencial.

“Isso gera modernização na parte de riscos, asset management, funding, gestão de colateral, então tem uma externalidade positiva muito grande dos bancos passarem a fazer isso”, disse.

Campos Neto afirmou que outro ponto importante é que o Drex não irá precisar de uma regulamentação nova, pois se encaixa nas atuais regras do Banco Central. Isso deve impactar a área de contratos inteligentes que deve surgir com a CBDC do Real. 

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“Entendemos que isso vai gerar uma eficiência não só em termos de regulamentação financeira, mas em toda a parte de registro de contratos”, disse. 

Como funciona o Drex

Em abril, o BC detalhou como o piloto do Drex será testado na Hyperledger Besu (que é um tipo de blockchain privada).

O único emissor do Drex será o Banco Central e os únicos aptos a receber serão os participantes do Sistema de Transferência de Reservas (STR). Uma instituição que tenha R$ 1 mil no STR, transfere para a carteira do BC e recebe de volta R$ 1 mil em CBDC.

Se a instituição quiser de volta o dinheiro, envia de volta os CDBCs, que são queimados pelo BC — esse cenário de queima de tokens é muito comum no mercado de criptomoedas

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A tokenização permite essa fracionamento. Ou seja, a entidade que recebe o CBDC pode enviar apenas uma fração para outra que também faça parte do STR. 

Quando uma pessoa quiser enviar reais digitais para outra, o processo será:

  • O banco do cliente cria reais tokenizados com lastro em Drex sob posse da instituição e disponibiliza para a pessoa operar
  • O cliente envia esses reais tokenizados para outra pessoa ou entidade, desde que o recebedor tenha como banco uma entidade participante do STR
  • O banco de quem enviou queima os reais tokenizados que possui e envia Drex para o banco de quem irá receber
  • O banco de quem recebe pega os Drex, emite reais tokenizados e disponibiliza para o seu cliente
  • Tudo isso ocorre na forma de contratos inteligentes e de forma instantânea

Objetivo do Drex

Toda essa infraestrutura está sendo criada não para envio de moeda entre pessoas e empresas, algo que o Pix já cumpre. O objetivo é que as pessoas passem a comprar e vender produtos financeiros com mais agilidade, e essa tecnologia do Drex será fundamental no projeto do BC.

Inclusive, o teste mais complexo do piloto do Drex, é uma pessoa cliente de um banco vender seu título do Tesouro Nacional diretamente para outra pessoa com conta em outro banco. Nesse cenário, todo o esquema de envio de Drex e queima de real tokenizado irá ser aplicado.

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