Imagem da matéria: Nova ferramenta de privacidade do Bitcoin dribla empresas de rastreamento
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O desenvolvedor de Bitcoin e veterano em privacidade, Dan Gould, lançou esta semana uma nova ferramenta de privacidade que visa tornar mais difícil o trabalho de empresas de análise que rastreiam a criptomoeda.

As transações de Bitcoin não são muito privadas; ver todas as transações de Bitcoin já feitas é tão fácil quanto conseguir informações em qualquer  explorador de blocos de Bitcoin.

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Empresas de rastreamento de blockchains como a Chainalysis (que alguns chamam de empresas de “vigilância”) usam padrões que eles vêem entre as transações para informar governos e empresas sobre onde os Bitcoins são enviados e quem os está enviando.

Leia também: WSJ diz que EUA quebraram o anonimato do Bitcoin, mas não é bem assim

Gould lançou um kit de desenvolvimento de software (SDK) que visa tornar mais fácil adicionar suporte para a “PayJoin” —uma técnica de privacidade inventada em 2018 — para qualquer carteira ou serviço de Bitcoin, fornecendo uma maneira fácil de adotar pagamentos privados de Bitcoin.

Além disso, o site que ele criou, payjoin.org, visa educar os usuários sobre a PayJoin para que os criadores de exchanges possam estar mais bem informados sobre essa possibilidade.

A PayJoin ainda não é amplamente suportada, apesar de não ser muito difícil de implementar, como Gould explicou ao Decrypt.

O desenvolvedor disse que quer educar e tornar o método de privacidade mais conhecido. Desde o lançamento do SDK, a carteira Bitcoin e a extensão do navegador BitMask o usaram para adotar PayJoins. A Foundation e a BDK estão tentando adotá-la também.

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Gould está focado na privacidade do Bitcoin porque acredita que isso anda de mãos dadas com o objetivo principal do Bitcoin: resistência à censura.

“Eu não acho que você pode ter [resistência à censura] sem privacidade. Se alguém pode prever como você vai se comportar, eles podem censurá-lo. Se eles podem controlar como você vai se comportar de alguma forma, eles podem censurá-lo”, disse Gould ao Decrypt.

Quebrando uma suposição

Uma das técnicas de privacidade mais populares usadas hoje no Bitcoin é conhecida como CoinJoin, onde uma variedade de usuários de Bitcoin reúne seus fundos em uma transação, embaralhando-os, fazendo assim difícil discernir qual Bitcoin veio de onde. Carteiras como a Wasabi e a Samurai ajudam a organizar CoinJoins entre um grupo de usuários.

Mas existem algumas desvantagens fundamentais. Por um lado, esta coordenação leva algum tempo. Em segundo lugar, é óbvio ao escanear a blockchain do Bitcoin detectar quando uma CoinJoin ocorre, porque tem muito mais entradas do que uma transação típica – e todas elas são visivelmente do mesmo tamanho.

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Já as chamadas PayJoins são diferentes. Eles são uma CoinJoin entre apenas dois usuários — o comprador e o vendedor — no momento da venda. Como tal, as PayJoins podem ser incorporadas no processo de compra de qualquer coisa com Bitcoin.

Isso derruba um dos principais padrões que as empresas analistas de blockchains analisam: se um pagamento tem dois inputs, esses inputs devem ser do mesmo proprietário. “As empresas de vigilância usam essa suposição para se infiltrar nos dados de usuários de Bitcoin” — na visão do site da payjoin.org.

As PayJoins potencialmente destroem essa suposição, “confundindo” os serviços de rastreamento de blockchain, porque cada entrada em uma PayJoin vem de um usuário diferente — o comprador e o vendedor.

Se as PayJoins se tornarem mais amplamente utilizadas, as empresas de analistas de blockchain não poderão mais fazer essa suposição com segurança.

Gould também argumenta que as PayJoins são mais fáceis de usar que as CoinJoins. “A maior razão [para usar uma PayJoin e não uma CoinJoin] é que é muito menos complicado”, disse Gould, ” uma vez que a PayJoin trabalha com apenas duas partes, é muito mais fácil configurar a interação.”

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Além disso, ao contrário das CoinJoins, Gould argumenta que também há um incentivo financeiro para as empresas usarem a PayJoin. “Como uma PayJoin combina uma consolidação para economia de taxas com benefícios de privacidade, acho que existe uma tendência maior das pessoas incorporarem essa técnica”, disse Gould.

Além disso, as empresas “não precisam ficar nervosas em fazer uma etapa de mistura. Na verdade, eles estão apenas fazendo sua consolidação ao mesmo tempo em que estão fazendo uma transferência e isso não muda sua visão para o livro-razão ou sua visão para o que seus usuários estão fazendo”, disse ele.

Objetivos futuros

Isso não quer dizer que não existem problemas com as PayJoins. É mais fácil estabelecer uma interação PayJoin porque requer apenas duas partes. No entanto, tem um problema nisso: o receptor PayJoin precisa configurar um endpoint de servidor, o que não é algo com o qual um vendedor típico tem tempo para lidar.

Em janeiro, Gould propôs uma implementação “serverless” na lista de e-mail dos desenvolvedores Bitcoin, onde os usuários podem passar esse requisito para terceiros, sem revelar nada sobre seu Bitcoin. Este ainda é um trabalho em curso, embora Gould tenha codificado uma prova de conceito.

Outro ponto a ter em mente é que o SDK da PayJoin está escrito na linguagem de programação Rust, que nem todo desenvolvedor sabe usar. Mas ele enxerga essa questão como uma potencial ferramenta central que as pessoas podem usar para conectar outras linguagens de programação no futuro.

Gould disse que outros desenvolvedores estão explorando a escrita de “ligações” em outras linguagens de programação para expandir o escopo.

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Mas, independentemente de esse SDK específico ser usado ou não, Gould diz que espera encorajar mais pessoas a considerar a privatização de suas transações de Bitcoin.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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