As maiores criptomoedas começam o mês de março no azul, em linha com o bom humor de investidores de renda variável. A valorização é puxada pelos dados da economia chinesa, que se recuperou após o fim da política de Covid Zero.
O Bitcoin (BTC) sobe 2% na manhã desta quarta-feira (1), para US$ 23.760,80. Em reais, o BTC avança 2,3%, negociado a R$ 124.483,37, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) também avança 2%, cotado a US$ 1.654,20, segundo dados do Coingecko.
As principais altcoins operam sem rumo definido, com destaque para BNB (+0,8%), XRP (+1,8%), Cardano (-0,0%), Polygon (+2,6%), Dogecoin (+1,2%), Polkadot (+1,5%), Shiba Inu (+0,6%) e Avalanche (+1,7%).
SOL ganha 2,3% nas últimas 24 horas, após o cofundador da Solana Labs, Anatoly Yakovenk, prometer melhorar os processos de atualização para dar maior estabilidade à rede, que foi afetada por uma pane no fim de semana.
Bitcoin em fevereiro
Um fator que preocupa os analistas é a baixa liquidez nos mercados de BTC e ETH, que está no menor nível desde o colapso do ecossistema Terra em maio de 2022.
Análise do MB Research publicada pelo Portal do Bitcoin destaca que o mercado de criptomoedas volta a responder a mudanças no cenário macroeconômico e geopolítico, tornando mais claro o envolvimento institucional.
“O rali que vimos desde o início deste ano parece dar sinais de exaustão nos últimos dias, com os dados on-chain colaborando para esta hipótese. A situação atual lembra o ocorrido no final de 2018, com a retomada do mercado que trouxe um upside significativo até uma correção fazer com que os preços retornassem a patamares mais saudáveis”, avalia a equipe do MB Research, que conta com André Franco, Rony Szuster e Lucca Benedetti.
Enquanto o Bitcoin, o ouro e a bolsa brasileira perderam força em fevereiro, as altcoins roubaram o show, segundo dados do CoinMarketCap.
Conflux (CFX), token nativo da Conflux Network, fechou o mês com ganho de 234%. Parte da valorização foi puxada pelo anúncio de uma parceria entre o protocolo com a China Telecom para desenvolver cartões SIM baseados em blockchain, bem como os planos de Hong Kong para permitir a negociação de criptomoedas por investidores de varejo.
Já o token Stacks (STX), da Stacks Network, um protocolo de segunda camada do Bitcoin, surfou na onda de tokens não fungíveis (NFTs) lançados na rede do BTC. O STX foi o grande vencedor entre os 160 ativos que compõem o CoinDesk Market Index, com ganho de 216% no mês passado.
No ranking top 100 do CoinMarketCap, a cripto APT, da rede Aptos, liderou as perdas com queda de 31,5%.
Investigações da FTX
Nishad Singh, ex-diretor de engenharia da quebrada exchange cripto FTX, se declarou culpado de acusações criminais nos EUA na terça-feira (28) e concordou em cooperar com a investigação de promotores sobre o fundador do antigo império, Sam Bankman-Fried (SBF), de acordo com a Reuters.
“Sinto muito por meu papel em tudo isso”, disse Singh, revelando que sabia, já em meados de 2022, que a Alameda Research, braço de trading do grupo, estava emprestando fundos de clientes da FTX sem conhecimento dos usuários.
Bankman-Fried se declarou inocente de oito acusações criminais apresentadas contra ele em dezembro. Promotores dizem que SBF desviou bilhões em fundos de clientes da FTX para cobrir perdas na Alameda. Ele reconheceu a gestão de risco inadequada, mas diz que não roubou fundos.
Singh, 27, se declarou culpado de uma acusação de fraude eletrônica, três acusações de conspiração para cometer fraude, uma acusação de conspiração para lavagem de dinheiro e uma acusação de conspiração para fraudar os EUA ao violar as leis de financiamento de campanha.
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Bankman-Fried, 30, agora enfrenta 12 acusações criminais depois que promotores abriram um novo processo na semana passada. Um porta-voz de SBF não quis comentar.
Enquanto isso, a plataforma de derivativos cripto LedgerX, uma das poucas empresas solventes do ex-império da FTX, não vai mais usar o banco Silvergate para receber transferências domésticas nos EUA a partir desta quarta-feira.
A empresa vai trabalhar com o Signature Bank daqui em diante, de acordo com um e-mail que a LedgerX enviou aos clientes e visto pela Bloomberg.
Venda da Hodlnaut
Uma das afetadas pelo inverno cripto foi a plataforma de crédito cripto Hodlnaut, de Singapura. Fundadores da empresa propuseram a venda do negócio, vista como melhor opção para os credores do que a liquidação da plataforma, segundo documento visto pela Bloomberg. A empresa não respondeu a um pedido de comentário.
A Hodlnaut, que tem operações em Hong Kong, suspendeu saques em agosto e entrou com pedido de proteção contra credores.
A Voyager Digital, outra plataforma de empréstimos cripto que também pediu recuperação judicial no ano passado e tenta vender ativos para a Binance.US, informou que os clientes aprovaram o plano de reestruturação da empresa.
Crise da Braiscompany
No Brasil, o casal de fundadores da Braiscompany, Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, transferiu todo o dinheiro da maioria de suas contas bancárias antes que as autoridades agissem para bloquear os valores. Quando a Justiça foi procurar os fundos nos bancos nos quais eles mantinham contas, só encontrou R$ 199.
A dupla está foragida desde que a Polícia Federal deflagrou a Operação Halving para derrubar a pirâmide financeira de R$ 1,5 bilhão construída pelo casal usando “aluguel” de Bitcoin. Assim como eles, o paradeiro dos fundos também é desconhecido das autoridades.
Outros destaques das criptomoedas
A Foxbit lança nesta quarta-feira, 1º de março, a Foxbit Pro, plataforma com foco em traders que operam criptomoedas diariamente, informou o Valor. O sistema vai oferecer 330 tokens diferentes para negociar com um livro de ofertas global. Para garantir maior liquidez do que nos sistemas tradicionais, a plataforma dará acesso a 570 livros de ordens internacionais.
As gigantes de pagamentos Visa e Mastercard vão suspender por enquanto novas parcerias em cripto devido à quebra de várias empresas de peso no setor, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Reuters. Tanto a Visa quanto a Mastercard decidiram adiar o lançamento de certos produtos e serviços relacionados a cripto até que as condições do mercado e o ambiente regulatório melhorem, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.
Em vários tuítes, o chefe da divisão cripto da Visa, Cuy Sheffield, disse que, mesmo com os desafios, a empresa não tem pretende recuar em seus planos para o setor. Um porta-voz da Mastercard disse à Reuters: “Nossos esforços continuam focados na tecnologia blockchain subjacente e como isso pode ser aplicado para ajudar a resolver os pontos problemáticos atuais e construir sistemas mais eficientes”.
Apesar da crise enfrentada pela indústria de criptoativos, o SoftBank Group ainda está otimista com a tecnologia por trás dos ativos digitais, disse Alex Szapiro, chefe do conglomerado no Brasil, em entrevista à Bloomberg. O SoftBank planeja concentrar seus investimentos na América Latina em startups que já estão no portfólio, a fim de ajudar a financiar fusões e aquisições em meio à queda dos valores das empresas.
Na França, empresas cripto enfrentarão regras mais rigorosas para se registrar a partir de janeiro do ano que vem, de acordo com propostas aprovadas pela Assembleia Nacional na terça-feira (28), que agora precisam ser sancionadas. Os parlamentares aprovaram os projetos com 109 votos a favor e 71 contra, e que preveem regras extras sobre controles internos, segurança cibernética e conflitos de interesse.
O desenvolvedor de Bitcoin James O’ Beirne tem trabalhado em uma ferramenta que alerta usuários quando alguém tenta roubar seus bitcoins e, em seguida, impede o roubo desviando fundos para uma carteira mais segura, segundo o CoinDesk. O recurso, ainda em desenvolvimento, é chamado de “vault”– um tipo de contrato inteligente de Bitcoin ou “acordo” que impõe restrições sobre como um BTC pode ser gasto.
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