Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó do Bitcoin, e um das principais lideranças da GAS Consultoria,afirma não ter dinheiro para pagar os clientes da pirâmide financeira. A informação foi divulgada pelo advogado da ré, Ciro Chagas, em entrevista ao jornal O Globo.
Mirelis teria sacado R$ 1 bilhão em criptomoedas no dia após a prisão de seu marido, Glaidson Acácio dos Santos, que ocorreu em 26 de agosto de 2021. Porém, segundo o advogado, o dinheiro já foi todo utilizado. Segundo ele, boa parte teria sido usada para pagar os clientes da GAS Consultoria, pois Mireliz teria acreditado que aquela seria uma crise passageira.
“Ativos foram sacados para manter o pagamento dos clientes. Mirelis tinha esperança de que o caso fosse resolvido rápido. Embora pareça uma quantidade relevante, as operações da empresa eram bem maiores. Ela alega que utilizou e já esgotou o saldo. Parou de mexer nos ativos, mas não sabe dizer que ficou algum saldo”, afirma Chagas.
Nas últimas semanas, Mirelis começou a postar uma série de vídeos no YouTube falando sobre sua vida pessoal, como conheceu Glaidson e até revelando uma suposta perseguição da Igreja Universal e de Edir Macedo.
O advogado explica que é uma tentativa de dar voz para Mirelis e descolar ela de uma responsabilidade maior pela pirâmide da GAS Consultoria.
“A mensagem é personificar a Mirelis. Não existia uma fala dela nos autos. Tudo era a respeito de Glaidson. Mas as funções de cada um na empresa eram diferentes. Ela era uma trader, tinha o conhecimento técnico, e participação minoritária por ser mulher de Glaidson, mas nunca atuou na estrutura da empresa. O próprio Glaidson assinou declaração formal atestando isso”, disse Chagas.
Mirelis era avalista da GAS Consultoria, diz advogado
O jornal entrevistou o advogado Artêmio Picanço, que tem várias vítimas da GAS Consultoria como clientes. Ele ressaltou que Mirelis assinava os contratos da empresa como avalista e, por isso, não pode agora alegar não ter responsabilidade.
Além disso, Picanço questiona as alegações de Mirelis que usou o dinheiro para pagar clientes. Ele ressalta que fontes abertas de dados mostram que na verdade a esposa do Faraó só mexeu no dinheiro dia 13 de setembro e fez saques nos dias 16 e 17 do mesmo mês.
“Por que o dinheiro ficou parado tantos dias? Por que Mirelis continuou sacando mesmo após a suspensão dos pagamentos? Não há nada que prove o uso do dinheiro para pagar clientes”, disse.
STJ nega HC
No dia 19 de julho o Tribunal Regional Federal da 2ª Região negou um pedido de habeas corpus que teria dado liberdade para Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa do “Faraó do Bitcoin”, Glaidson Acácio dos Santos, criador da GAS Consultoria.
Leia Também
Mirelis Yoseline Diaz Zerpa está na condição de foragida da Justiça há quase um ano e é acusada de crimes contra o sistema financeiro nacional.
Os desembargadores da 2ª Turma Especializada tomaram a decisão em uma sessão na qual julgariam também pedido similar para Glaidson. Porém, apoiadores do Faraó do Bitcoin teriam tumultuado o procedimento e a decisão do caso do empresário foi adiada.
Prisão do Faraó do Bitcoin
Glaidson foi preso na manhã do dia 25 de agosto de 2021 no âmbito da operação Kryptos da Polícia Federal, acusado de orquestrar uma fraude milionária. Na ocasião, outros suspeitos foram presos e outros se tornaram foragidos, como a esposa de Glaidson, Mirelis Zerpa.
A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação, supostamente de uma pirâmide financeira, desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras.
Durante a operação, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.
No mês passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um habeas corpus para Glaidson e os ministros da 5ª Turma revogaram sua prisão preventiva no caso referente à Operação Kryptos. No entanto, este é um dos quatro processos pelos quais Glaidson responde. Portanto, ele segue preso.
Bens bloqueados da GAS Consultoria
No momento, encontram-se bloqueados pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio cerca de R$ 400 milhões em criptomoedas e bens confiscados de Glaidson e sócios alvos da Operação Kryptos.
A juíza Rosália Moneiro Figueira, titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, considerou que esses bens podem ser transferidos para a União ao invés de serem usados para pagar os credores da GAS.
O que leva a magistrada a considerar a possibilidade da Justiça enviar os bens aos cofres do Governo é a não comprovação da origem dos ativos, pois, segundo investigadores federais, os bens podem pertencer a criminosos.