A desenvolvedora americana Gloria Zhao acaba de se tornar a primeira mulher mantenedora do Bitcoin Core — um marco importante mas tardio para uma criptomoeda que existe há 13 anos no mercado.
Mantenedores do Bitcoin Core são desenvolvedores com a permissão necessária para aprovar qualquer alteração no software do Bitcoin. Por essa razão, o grupo de mantenedores costuma ser pequeno, já que sobre eles recai uma grande responsabilidade de garantir a manutenção do código da criptomoeda.
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Gloria Zhao se tornou mantenedora do Bitcoin Core na quinta-feira (7) após ser indicada por vários colaboradores e mantenedores atuais do código, pelo trabalho que desenvolveu ao longo dos anos.
“Ela tem trabalhado ativamente no Bitcoin Core por mais de dois anos, predominantemente no mempool e código de validação. Eu sei que ela tem vários pensamentos sobre como melhorar o código ao seu redor e, mais recentemente, ela também revisou e ajudou a melhorar a wallet”, escreveu o mantenedor Michael Ford ao propor Zhao ao cargo.
Como apontado por Ford, a desenvolvedora contribui com o código do Bitcoin ao longo dos anos nas áreas de política de mempool e nodes.
Gloria Zhao nasceu em Cupertino, Califórnia (EUA), e se formou em ciência da computação na Universidade de Berkeley em dezembro de 2020.
Ela foi a primeira bolsista do Brink, uma instituição sem fins lucrativos do Reino Unido criada para apoiar o desenvolvimento do código aberto do bitcoin apoiando diretamente desenvolvedores, tanto financeiramente como através de mentorias.
Quando o Portal do Bitcoin entrevistou o criador do Brink, John Newbery, em El Salvador no ano passado, ele fazia mentoria de Zhao na época, e contou mais sobre o trabalho dela focado no mempool do Bitcoin: “A Glória está focada em unir pacotes de transações, um projeto muito importante para Lightning Network e que pode tornar a rede mais segura”.
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O adeus de Pieter Wuille
A entrada de Gloria Zhao coincidiu com a saída do cargo de mantenedor por Pieter Wuille, um desenvolvedor belga que contribui para o Bitcoin Core desde 2011.
Ontem (7), Wuille fez o pedido para remover sua chave do grupo de chaves confiáveis do Bitcoin Core no GitHub. Em seguida, foi ao Twitter explicar que embora esteja saindo oficialmente do cargo, não deixará de ajudar a criptomoeda com a qual trabalhou por dez anos.
“Não vou parar de contribuir com código, revisão e todos os projetos em que estou envolvido. Acontece que não estou mais fazendo muita manutenção, então é hora de descartar minhas permissões”, escreveu.
Pieter Wuille era um dos constribuidores mais relevantes do Bitcoin Core que fez milhares de contribuições ao código da criptomoeda nos últimos dez anos.
Foi ele quem apresentou Segregated Witness (SegWit) em dezembro de 2015, na segunda edição das oficinas do Scaling Bitcoin em Hong Kong. Aquela foi a primeira vez que a proposta de soft fork foi apresentada, e foi recebida com entusiasmo pela comunidade.
Assim como em 2015, o desenvolvedor também foi uma peça central em 2021 naquela que foi a atualização mais importante que o Bitcoin recebeu em quatro anos, ao ajudar a criar as propostas de melhorias (BIPs 340, 341 e 342) que introduziram o Taproot ao protocolo da criptomoeda.
Wuille também esteve por trás da Proposta de Melhoria do Bitcoin (BIP) 32, que introduziu seed phrases para armazenar e recuperar chaves privadas com mais facilidade, conforme relembrou o CoinDesk.
Além desses grandes marcos, Wuille fez milhares de contribuições ao Bitcoin Core nos últimos dez anos.
Com a saída de Pieter Wuille do posto de mantenedor do Bitcoin Core, o número de pessoas neste grupo cai para seis: Wladimir J. van der Laan, Marco Falke, Michael Ford, Hennadii Stepanov, Andrew Chow e Gloria Zhao.