Um dos maiores comentaristas de criptomoedas do YouTube entrou com uma ação contra um colega YouTuber por “declarações difamatórias e prejudiciais”, buscando recuperar os supostos danos – mesmo tendo feito propaganda de projetos cripto que tiveram falhas desastrosas.
Ben Armstrong, que se autodenomina BitBoy Crypto, diz que Erling Mengshoel Jr., também conhecido como Atozy, postou um vídeo no YouTube intitulado “Esse YouTuber engana seus fãs… BitBoy Crypto” em novembro de 2021.
O processo faz uma lista de ofensas presentes nesse vídeo, incluindo difamação, inflição de sofrimento emocional, interferência ilícita em relações comerciais ou possíveis relações comerciais, violação da Lei de Práticas Enganosas e violação da Lei de Práticas Comerciais Justas.
O processo diz que Mengshoel “chama repetidamente Armstrong de ‘canalha, afirmando que ele é um ‘canalha desonesto” e um ‘YouTuber sujo'”.
Armstrong tem 1,4 milhão de inscritos e obteve 212 milhões de visualizações desde o lançamento de seu canal do YouTube em fevereiro de 2018. Mengshoel tem 1,2 milhão de assinantes, com 223 milhões de visualizações desde março de 2012.
A reclamação e a demanda por um júri foram feitas ontem (16) no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Norte da Geórgia em Atlanta, considerado pelo advogado de Armstrong como o local apropriado, pois Armstrong mora em Acworth, Geórgia, enquanto Mengshoel mora em Sterling, Virgínia.
Esse processo se enquadra na jurisdição federal porque envolve impacto e perdas superiores a US$ 75 mil.
YouTuber contra influencer
Mengshoel e Armstrong não responderam aos pedidos de comentários do Decrypt. No entanto, o processo de Armstrong fornece um extenso panorama dos comentários feitos por Mengshoel sobre ele.
“Caso você não saiba o que é um YouTuber desprezível absoluto, aqui está o BitBoy Crypto, um excelente exemplo disso”, diz Mengshoel em seu vídeo, conforme relatado no processo.
Armstrong alega em sua ação que Mengshoel ataca diretamente seu sustento dizendo que ele “não é alguém que você deveria procurar por qualquer conselho” e “não pode ser confiável com conselhos financeiros porque você não sabe se ele está tentando enriquecer você ou a si mesmo”.
Há, no entanto, uma contradição entre o que Armstrong afirma em seu processo e o que ele apresenta online em seus avisos de isenção de responsabilidade.
“O modelo de negócios de [Armstrong] depende de sua reputação e seu status como um ‘influenciador’, ou seja, uma personalidade online bem conhecida que influencia as decisões de outras pessoas, como comprar ou vender criptomoedas como investimentos”, diz a queixa, apresentando como fato de que ele é “uma fonte líder do setor de comentários confiáveis em relação a investimentos em criptomoeda”.
Além disso, o processo pergunta: “Pode haver uma afirmação mais prejudicial para alguém como BitBoy Crypto, que se dedica ao negócio de fornecer conselhos e comentários sobre investimentos em criptomoedas?”
Mas no canal do YouTube de Armstrong, ele diz que seu conteúdo é “apenas para fins de informação geral” e adverte:
“Por favor, esteja ciente de que não sou um consultor profissional em áreas de negócios envolvendo finanças, criptomoedas, tributação, negociação de valores mobiliários e commodities, ou na prática da lei. Nada escrito ou discutido pretende ser interpretado, ou invocado, como investimento, financeiro, legal, regulatório, contábil, fiscal ou conselho semelhante, nem deveria ser.”
Uma das principais alegações que Mengshoel faz é que Armstrong foi pago para lançar “fraudes” de criptomoedas para “otários” e que a prática acabaria por chamar a atenção da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), porque os influenciadores “não podem resistir à vontade de ganhar dinheiro rápido e apenas ordenhar seu público por algum dinheiro extra”.
Contradições do YouTuber
Embora o processo de Armstrong diga que a alegação é “sem qualquer suporte factual”, uma história da CNBC na semana passada informou que Armstrong ganhou mais de US$ 100 mil por mês para promover criptomoedas, incluindo US$ 30 mil apenas para a criptomoeda DistX, que se revelou uma fraude do tipo rug pull.
“Essa é uma prática que ele diz que agora se arrepende porque levou a algumas perdas dolorosas para seus próprios espectadores”, escreveu a CNBC. Armstrong também promoveu outros projetos como Ethereum Yield, Cypherium e MYX Network. Quando esses projetos falharam, ele excluiu os vídeos do seu canal.
Agora, Armstrong alega no seu processo que seu estado emocional é “frágil” e ele agora “sofre de severa ansiedade de que será visto como um criminoso, uma fraude e não confiável nos negócios ou em geral”.
O processo continua dizendo que Armstrong agora tem “crises recorrentes de depressão” porque não sabe se as declarações difamatórias do réu lhe prejudicarão financeira e socialmente e se será capaz de recuperar sua boa reputação e negócios.
Por fim, o processo de Armstrong acusa o vídeo de Mengshoel de ser “uma peça de ataque, não um relatório investigativo”. “Ele carece totalmente de fatos de apoio – repórteres investigativos não dizem ‘eu odeio idiotas como ele porque eles estragam tudo para todos’”, diz o processo.
Já Mengshoel descreve na bio do Twitter seu canal no YouTube como um lugar para “falar sobre pessoas fazendo coisas idiotas na internet”.
*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.co.
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