A criptomoeda Worldcoin (WLD) devolveu todos os ganhos que obteve desde que foi lançada em julho do ano passado. O token está sendo negociado a US$ 1,64, com desvalorização de 3,9% nas últimas 24 horas, representando uma queda de 85% em relação à máxima histórica de US$ 11,74, alcançada em 10 de março.
Ao ser lançado, em julho do ano passado, a Worldcoin começou a ser negociada na faixa dos US$ 2,20 e ficou nessa área por todo o restante de 2023, com quedas para US$ 1 e altas que a dobraram para US$ 4.
Neste ano, a WLD decolou junto com o restante do mercado cripto e quase quebrou a barreira dos US$ 12. Porém, desde então, o token vem caindo de forma contínua.
No final do mês de julho, a criptomoeda ainda estava levemente acima da sua faixa pós-airdrop, de US$ 2,20. Mas com o terremoto do final de semana que derrubou o mercado financeiro global, a Worldcoin mergulhou para baixo do seu valor inicial.
Fatores externos da queda
A WLD é a criptomoeda do projeto de identificação digital cripto Worldcoin, criado pelo empreendedor Sam Altman, que também fundou a OpenAi. Trata-se da empresa responsável pelo ChatGPT, a ferramenta que de uma vez por todas colocou a inteligência artificial no uso cotidiano de milhões e no debate público.
Parte da queda da Worldcoin se deve a fatores externos ao projeto que afetaram todo o mercado cripto, como os dados de emprego abaixo do esperado nos EUA. A criação de apenas 114 mil vagas em julho, abaixo da expectativa de 185 mil, aumentou as preocupações com a possibilidade de recessão nos EUA, impactando negativamente o mercado financeiro global, incluindo o mercado cripto.
A queda acentuada no Índice Nikkei também pesou no mercado cripto. O índice Nikkei caiu mais de 12% na segunda-feira, seu pior desempenho desde 1987, devido à dependência econômica do Japão em relação aos EUA. Essa queda gerou um efeito dominó nos mercados financeiros internacionais, afetando também o mercado cripto.
Fatores internos do projeto
Já no campo dos fatores com responsabilidade do projeto, a natureza altamente inflacionária da Worldcoin é algo que especialistas veem como uma pressão constante para derrubar o preço. Já foram emitidos 322 milhões de tokens e o suprimento máximo é de 10 bilhões.
Outra pressão é que o projeto dá 25 WLD em troca de um registro da íris da pessoa. Isso é feito usando uma orbe, em um procedimento que parece ter saído do universo de Blade Runner.
Em teoria, qualquer pessoa pode receber moedas ao ter seus olhos escaneados (na prática, a operação está disponível apenas em alguns países). Isso leva muitas pessoas a converterem imediatamente os tokens WLD em dinheiro ou outras criptomoedas, gerando mais pressão sobre o preço.
Em seu recente comunicado à imprensa, a fundação destacou que mais de 211 milhões de tokens WLD foram reivindicados por portadores de World ID, o que representa mais de 77% dos 275 milhões de WLD em circulação.
Design “predatório” e cheiro de FTX
O perfil DeFiSquared, que analisa projetos cripto no X, publicou em maio uma análise muito crítica a Worldcoin. Segundo o analista, a maior parte da riqueza que o projeto gera vai para o bolso da equipe por trás e não para a renda básica universal, que foi a meta propagada.
“Atualmente, com uma avaliação total diluída de US$ 60 bilhões, o valor da Worldcoin está sendo desvalorizado em 0,6% ao dia devido à emissão de tokens para subsídios e reivindicações operacionais, que são vendidos quase imediatamente”, disse.
Além disso, o analista apontou que a Fundação Worldcoin anunciou recentemente a venda de US$ 200 milhões em tokens para empresas de negociação, o que representa 18% da oferta circulante total, sendo que esses tokens vêm da alocação “comunitária” e são vendidos para partes adversárias em benefício da fundação.
“O design predatório dos tokens, que beneficia a equipe e investidores iniciais, é semelhante ao modelo de manipulação usado por Sam Bankman-Fried”, afirmou.
Ele também ressaltou que poucas pessoas sabem que Sam Altman não está mais envolvido com o projeto.
Tentativo de freio na inflação
Para combater a enxurrada de tokens no mercado, a Tools for Humanity (TFH), uma das principais participantes do desenvolvimento inicial da Worldcoin, revelou que o cronograma de desbloqueio de 80% dos WLD alocados para seus investidores e membros da equipe seria estendido de três para cinco anos.
“Esses tokens foram bloqueados para permitir que o protocolo amadurecesse antes que esses grupos pudessem acessar sua(s) alocação(ões) de token”, escreveu a empresa em um comunicado à imprensa.
O plano original permitia que os tokens WLD começassem a ser desbloqueados a partir de 24 de julho, marcando o primeiro aniversário do lançamento do protocolo Worldcoin. O cronograma original permitiria que os tokens fossem desbloqueados diariamente em um período de dois anos e concluídos em julho de 2026.
No entanto, o novo plano estende esse período, com os tokens sendo desbloqueados diariamente ao longo de quatro anos, terminando em julho de 2028.
A partir de agora, a extensão afeta aproximadamente 2 milhões de tokens WLD mantidos por investidores e membros da equipe da TFH, reduzindo a taxa de desbloqueio diário em cerca de 40% em relação aos 3,3 milhões de WLD originais por dia.
A Worldcoin Foundation enfatizou que as concessões para portadores de World IDs verificadas não foram afetadas pela mudança.
Atualmente, mais de 6 milhões de indivíduos possuem World IDs pela orb, de acordo com a fundação. Essas IDs permitem que eles participem da rede Worldcoin e recebam tokens WLD.
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