A empresa investigada por pirâmide financeira, Unick Forex, usou a conta de uma cooperativa vinculada ao Banco do Brasil (BB) para movimentar milhões de reais. A informação faz parte da investigação da Polícia Federal e Ministério Público ao qual o Portal do Bitcoin teve acesso.
Conforme os arquivos, os réus Leidimar Lopes e o empresário Sebastião Lucas Gil, que é vinculado à cooperativa de crédito Coopesa, atuaram para transformar a instituição em uma empresa do grupo Unick.
Da mesma forma, a empresa de Sebastião, a VA & GL Representações LTDA. O motivo seria porque Unick estava recebendo pedidos de cerca de 40 mil saques por dia.
A “Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Pequenos e Microempresários e Microempreendedores da Região Metropolitana de Porto Alegre” é dedicada à prestação de serviços financeiros com divisão de resultados. Foi nela que Leidimar e Sebastião viram uma alternativa para receber boletos vinculados às atividades da Unick.
A conta era usada por Lucas Gil, que figura como integrante da equipe corporativa, atuando na parte administrativa da Unick e na aquisição de empresas destinadas a promover a lavagem de capitais, segundo a investigação.
De acordo com os arquivos, a intenção de estruturar investimento na Coopesa também tinha outra razão: adquiri-la e então criar um banco digital chamado OurBank, pois a cooperativa já teria autorização da CVM para operar.
“O objetivo era atuar como o MIBANK, URPAY e FULLBANK em benefício dos negócios ilícitos realizados a partir da UNICK”, diz o documento. Essas plataformas transacionavam pagamentos para os planos oferecidos pela Unick a seus clientes.
O projeto ‘Ourbank’ já estava sendo conduzido por Cristiano de Oliveira Masschmann, conforme conversas dele com Sebastião.
Leia um trecho da conversa gravada em 17/06/2019:
SEBASTIÃO: A respeito do nosso Banco Digital, tá, o que tu me resumiria, e depois eu vou te perguntar algumas coisas assim, o que tu sabe dele, como que tá, só pra mim começar a entender, por isso que eu tô te ligando.
CRISTIANO: Tá. Hoje, hoje como é que ele ta assim a gente td com ele registrando ele, tá?
SEBASTIÃO: tá
CRISTIANO: Já pedi o registro do nome, já pedimo o registro virtual dele também e essa a primeira parte, né. E quarta feira nos vamos tentar junto com o ROBERTO não é, pra fazer toda parte legal pra fazer ele, pra montar ele. Deixar ele redondinho né, na plataforma pra funcionar e a nossa ideia é fazer interligado à COOPESA porque da COOPESA nos já temo liberação da CVM, né?
SEBASTIÃO: Humhum.
CRISTIANO: E aonde entra a COOPESA e BANCO DO BRASIL uma extensão, vai ser o nosso banco OURBANK, né! O banco digital
SEBASTIÃO: Humhum, tá.
Banco do Brasil e o dinheiro da Unick
O uso, porém, não veio sem consequências. Houve bloqueio de valores por parte do Banco do Brasil assim que a Coopesa passou a receber aportes volumosos de recursos de investidores da Unick — valores na casa dos R$ 25 milhões.
De acordo com as investigações, Sebastião movimentou na conta, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018, R$ 78.635.938,46 a crédito e R$ 77.880.819,74 a débito.
“Embora devidamente autorizada pelo BACEN para atuar e mantenha parceria com o Banco do Brasil, a sua vinculação aos fatos sob investigação foi apurada nos autos”, diz o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul no processo.
Veja um trecho da reação de Leidimar e da advogada Thatiana Antunes Marranghello (sócia do escritório de advocacia Fernando Salomon & Advogados Associados), sobre a conta da empresa RR Meios de Pagamentos LTDA dentro da Cooperativa.
(A conversa, que durou 08:36’’, aconteceu no dia 01/08/2019 às 16:56:43)
LEIDIMAR: Eles trancaram os acessos.
TATI: Trancaram os acessos?
LEIDIMAR: Sim, da conta.
TATI: Mas eles trancaram antes, ou trancaram no que caiu o dinheiro?
LEIDIMAR: Depois que caiu o dinheiro, né. Normal.
TATI: Meu deus na hora assim, mas essa conta era uma conta que tava movimentando normal.
LEIDIMAR: Não, caiu ontem o dinheiro, travou hoje. Mas não travou a conta da RR. Travou a conta da cooperativa junto com o Banco do Brasil.
TATI: Da cooperativa?
LEIDIMAR: Travou a conta da cooperativa, cooperativa.
TATI: Como assim conta da cooperativa, (*…ininteligível…*) conta da RR?
LEIDIMAR: A cooperativa pra operar ela tem uma conta master dentro da conta do Banco do Brasil
TATI: Humm.
LEIDIMAR: Certo?
TATI: Que droga que é isso, que dificuldade que é. Quando tu pensa que tu ganhou uma batalha me aparece outro problema.
LEIDIMAR: Mas eu tô bem tranquilo, eu to tão acostumado com essa história que olha…
TATI: Ahh mas eu tinha achado tão, vitoriosa nossa operação, né.
LEIDIMAR: RISOS.
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