Trader brasileiro de IQ Option bloqueia e ameaça clientes que pedem dinheiro de volta

Diego Bruno é acusado por clientes de propaganda enganosa
Imagem da matéria: Trader brasileiro de IQ Option bloqueia e ameaça clientes que pedem dinheiro de volta

Suposto trader Diego Bruno vende cursos de opções binárias (Foto: Reprodução/Youtube)

Bloqueios em redes sociais e ameaças são algumas das formas que o suposto trader Diego Bruno vem adotado para lidar com seus clientes que reclamam pela falta de pagamento. 

Rafael Medeiros foi um desses clientes enganados pelo trader. Ele contou que Diego Bruno começou a atuar em junho deste ano com uma sala de sinais para opções binárias negociadas na IQ Option — corretora proibida de operar no Brasil pela CVM —, mas ofertava o produto como se fosse um curso.

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Num áudio divulgado no perfil “Jornada da Inconsistência” do Instagram, um desses alunos investidores se mostrou revoltado pela mentira do trader. Num dos trechos ele mencionou que o produto que havia adquirido era de curso para saber como operar e não sala de sinal.

Como se esse problema não bastasse, o projeto Jornada da Consistência de Diego Bruno não passava de números maquiados para atrair cientes para o seu negócio.

De acordo com Medeiros, Diego Bruno prometia envio de “20 sinais dependendo das condições de mercado, com uma taxa de acerto de 90%”, mas isso não se sustentou.

Manipulando a IQ Option

Segundo a vítima, “os 90% de taxa de acerto com a manipulação que ele faz não chegava a 60% na realidade”. Medeiros, que perdeu R$ 1.164 nesse negócio, contou que Diego Bruno manipulava os resultados para atrair novos assinantes. 

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“Os sinais que ele enviava no grupo dava duas vitórias e cinco derrotas para quem pegava esses sinais. Mas o que era divulgado no Instagram da Investi Educacional era quatro vitórias e uma derrota. Muito distante da realidade. Era tudo para criar um marketing mentiroso e atrair mais assinantes”.

Ele chegou a tentar conversar com Diego Bruno. De nada adiantou. Além de não conseguir receber um centavo sequer, terminou sendo bloqueado.

Uma investidora, que preferiu não ser identificada com receio de sofrer retaliações dos seguidores do trader, disse que vem lutando há 20 dias para ter seu dinheiro de volta. Ela também acreditou na história de 90% de acerto nas operações, até que perdeu o dinheiro e depois de tanto cobrar terminou bloqueada por Diego Bruno.

“Ele primeiro respondeu falando que não ia devolver o dinheiro. Depois respondeu falando que ia devolver descontando uma taxa.  E agora não responde mais inclusive está bloqueando quem for cobrar”.

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Entre a ilusão e a ameaça

Outras tantas reclamações podem ser vistas no perfil “Jornada da inconsistência” no Instagram. Nesse perfil há inúmeros prints e áudios de denúncias apresentadas por pessoas que foram enganadas por Diego Bruno. Medeiros afirmou que graças a pressão feita pela “Jornada da inconsistência” sobre o trader é que algumas pessoas conseguiram receber alguma coisa dele.

Nesse perfil há até mesmo prints de conversas de clientes com Diego Bruno, as quais terminaram em ameaças. Numa delas, o trader fala para o cliente para tomar “cuidado com as suas palavras e mais ainda com as suas atitudes para não se machucar”.  

As denúncias no site Reclame Aqui contra a Investi Educacional são poucas, apenas seis. Todas elas, porém, tratam da propaganda enganosa e da falta de pagamento. Destas apenas uma foi respondida.  

Apesar dos problemas, Diego Bruno continua a captar clientes em suas redes sociais. Só num grupo de Telegram em que ele oferece um novo curso para que a pessoa consiga fazer fortuna do zero, ele já tem mais de 12 mil seguidores. 

No Youtube, ele mostra apenas vitórias e se autoafirmou em seu canal Diego Bruno Investi como “o melhor trader de opções do mundo”. No mesmo vídeo, ele disse que num só dia fechou em mais de US$ 35 mil de lucro.

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“Eu gosto de enfatizar lucro. O termômetro do trader é o lucro que ele tem no mercado financeiro”.

Palavras de especialistas

O advogado Felipe Porto, que atua na área cível e consumeirista pelo escritório PPP Advogados Associados, explicou que antes de o consumidor tem de tomar cuidado antes de investir. Cabe a pessoa buscar informações sobre o produto que está sendo ofertado. 

Porto citou que o Reclame Aqui e até o Google podem auxiliar essa pessoa que quer investir sem ter o risco de perder o dinheiro em vão e depois ter de brigar na Justiça por indenização.

O fato é que, segundo o advogado, há uma diferença entre comprar um produto de uma empresa e de uma pessoa. No primeiro caso é mais tranquilo, “vai comprovar o dano e que a pessoa comprou o curso”, mas no segundo “por mais que o ofertante tenha microempresa a responsabilidade vai ser subjetiva”.

Porto explicou que nesse caso de responsabilidade subjetiva a pessoa terá de comprovar que o outro agiu com culpa.

“A pessoa tem de comprovar que aquele agiu de má-fé com ela. Tem de ver se ele agiu com culpa para ensejar o dano porque senão fica difícil. Contra uma empresa grande é mais fácil, pois o consumidor não terá de provar a culpa. Havendo o fato e o dano vindo desse fato, a empresa terá de indenizar”.

Possíveis crimes do trader

O criminalista Fernando Henrique Cardoso, sócio da CSL advogados, afirmou que a suposta lesão aos consumidores pode acabar tendo efeito na área criminal, uma vez que “isso é indício de estelionato”.

Por outro lado, o advogado afastou a possibilidade de a mensagem de Diego Bruno ao cliente se configurar em ameaça. Ele disse que para haver a possibilidade desse crime, a frase dita pelo trader teria de vir acompanhada de outros elementos.

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“Isso poderia ser interpretado como ameaça velada contra aqueles que fossem eventualmente contestar. Não é crime. Mas a depender de outros elementos levados a uma delegacia, por exemplo, pode ser interpretado como uma ameaça”.

Sem resposta

O Portal do Bitcoin entrou em contato com Diego Bruno, que até a publicação desta reportagem, não apresentou qualquer resposta.