Um suposto trader argentino identificado apenas por ‘Pablo’ perdeu cerca de US$ 70 mil de dezenas de investidores que confiaram em suas análises técnicas de mercado, comumente publicadas em sua conta no Twitter.
Após um rombo de 90% na carteira de criptomoedas dos clientes, ele deletou sua conta principal e sumiu do mapa, conta uma publicação do site de economia argentino Infobae de terça-feira (13).
Segundo a reportagem, o fundo de investimento em criptomoedas começou a nascer há cerca de um mês, quando Pablo começou a divulgar por email o novo fundo de investimentos a seus seguidores que eram acostumados a receberem análise do mercado financeiro tradicional.
Não se sabe o quanto de rendimento o analista prometeu no fundo com supostamente 58 clientes, mas para investir nele foi estipulado valores entre US$ 100 e US$ 5 mil. Dos rendimentos, Pablo afirmava que ficaria com 5%.
“Isso é 100% barrani, ok? Isso tem um único sustento, confiança”. O termo ‘barrani’ usado por Pablo se popularizou recentemente entre os tuiteiros argentinos. Entre eles, a palavra remete a significados como ‘transação econômica informal’ e ‘sem impostos’.
Fundo de criptomoedas quebrou
No último dia 5, Pablo tornou público o montante da carteira de criptomoedas — os investidores haviam contribuído US$ 73.747,00 conta o site. No entanto, conforme o passar dos dias, os clientes notaram a baixa frequência de informações.
Somente no domingo (11) é que tiveram uma notícia. Àquela altura, o fundo baseado em ethereum (ETH) e alavancado em uma exchange já estava quebrado em 90%. Um dos clientes que falou com a reportagem disse que Pablo estava investindo em futuros do Ether, PolkaDot, e admitiu que estava alavancado de 25 para 1 ou 30 para 1 e 320 ether.
“Gente, eu me sinto muito mal. Não estou ganhando nada e estou apenas perdendo dinheiro. Eu nem durmo”, disse Pablo, pedindo perdão logo em seguida e com sinais de que estava prestes a fazer alguma besteira.
“Não estou bem. Aqui estou e devo me reinventar. Não tenho outra fonte de renda porque desisti de tudo por esse projeto. Eu operei mal e no calor do momento”, e escreveu ele, dizendo que estava envergonhado: “O mercado de criptomoedas me liquidou”, ressaltou.
Por conta do desabafo e de aparentar perigo à vida do trader, alguns clientes acabam lhe dando algum apoio; outros não. Gastón, por exemplo, que havia aportado um pouco menos de US$ 1.000, disse ao Infobae que discutiu com Pablo, que acabou lhe dando um puxão de orelha. “Como pode ser tão idiota em investir em alguém que não conhece?”, contou ele ao site, afirmando que entende que seu dinheiro está perdido.
Na segunda-feira (12), um usuário no Twitter comentou sobre o assunto marcando uma das contas de Pablo: “As pessoas que te pagam são burras, te dão dinheiro sem nem saber seu nome verdadeiro, sem garantias”.
Argentino vendia mentoria
Pablo também tinha um serviço de mentoria. Em troca de US$ 10 mil mensais, Pablo enviava análise personalizada de patrimônio para facilitar tomadas de decisões. Segundo Infobae, o serviço não gerava alertas e evitava recomendações de investimentos. Tudo era acertado através das contas de Pablo no Twitter — @Ozono_Merval; @Ozono_Premium; @Ozono_Gold; e @KPR_03_SA.
Trader pode ser identificado
Apesar de tudo, Pablo pode ser identificado caso algum investidor queira processá-lo. Segundo apurou o Infobae, os depósitos dos clientes eram feitos em dinheiro através de contas bancárias, o que revela parcialmente seus dados pessoais.
Caso semelhante no Brasil
Em novembro do ano passado, o day trader Vinícius Ibraim, que também vendia cursos a seus seguidores, desapareceu das redes sociais depois de ter perdido vários milhões de investidores.
Após alguns dias, ele reapareceu em um vídeo e prometeu pagar todo mundo. No vídeo, ele também disse que sumiu por um tempo porque estaria sofrendo ameaças. Desde então, ninguém mais o viu.