A Solana é uma blockchain que surgiu em março de 2020, um projeto realizado pela Fundação Solana (Genebra, Suíça). Ela tem apresentado uma alta considerável e muito acima do Bitcoin nos últimos meses, com uma intensa valorização da criptomoeda nativa SOL e um aumento da atividade e da movimentação de dApps na blockchain.
A seguir, veremos as causas dessa alta no preço e no volume de negociação, bem como as características principais da rede blockchain Solana.
Conjunto de fatores influenciando o desenvolvimento da Solana
Parte do fenômeno de crescimento rápido da Solana se deve à incorporação de NFTs.
O mercado de NFTs tem sido muito favorecido em 2021, sendo impulsionado por fatores como a hype mundial de jogos e produtos NFT, a pandemia da COVID-19, o bull-market das criptomoedas e atualização das plataformas de contratos inteligentes.
A rede blockchain Ethereum é a principal plataforma para NFTs e contratos inteligentes, mas ela sofre de problemas de escalonamento e congestionamentos frequentes, enquanto caminha em direção à sua atualização 2.0. A alta demanda por NFTs evidenciou ainda mais esses entraves, levando os usuários e desenvolvedores a buscarem plataformas alternativas.
Indo de encontro a esse público, a Solana lançou a coleção Degenerate Ape Academy, em meados de agosto. Ela contava com mais de 10 mil ilustrações de macacos, e se esgotou em 10 minutos. Como resultado, a cotação do SOL triplicou somente em agosto, acumulando 9.000% em 2021. Em 09/09, o seu valor gira em torno de R$ 1 mil.
Outra vantagem da Solana está na sua capacidade de atrair conteúdo para dentro da rede. Existem outras blockchains que almejam suprir a demanda não alcançada pela Ethereum, mas a Solana se destaca por atrair desenvolvedores e pela quantidade de aplicativos já disponíveis para uso. No total, são 339 dApps. Alguns deles, representando o setor DeFi, são o Port Finance, Mercurial Finance e Raydium.
Por fim, o interesse de investidores e do setor financeiro também é responsável pela alta da Solana. Em junho, foram arrecadados US$ 314 milhões para aplicação no setor DeFi.
Grandes instituições, como a gestora de ativos digitais Osprey Funds, também estão interessadas na rede. Ela trouxe a público sua intenção para um fundo de investimento na Solana, registrando o “Osprey Solana Trust” na “Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos” (SEC). Já a Pyth Network, um oráculo de dados descentralizado, divulgou que vai lançar sua solução DeFi através da Solana.
Parte do otimismo se deve à credibilidade depositada na competência da equipe de desenvolvedores da própria blockchain. O ecossistema da Solana vem crescendo rapidamente, com bons financiamentos e bons resultados.
Propriedades da blockchain Solana
A blockchain Solana é uma das primeiras do mundo com conceito Web-Scale IT, surgindo com a intenção de acelerar as transações e de dar um fim aos problemas de congestionamento. A rede possui um tempo médio de bloco de 600 ms e taxa de 50.000 TPS (transações por segundo). Cada transação pode ser feita pelo valor de 0,000005 SOL, ou cerca de US$ 0,001. Esses valores são extremamente baixos, se comparados à rede Ethereum. Esta última costuma chegar a centenas ou milhares de dólares por transação em momentos de pico.
A arquitetura é baseada em software e hardware x86 e permite o escalonamento da taxa de transações conforme a largura da banda. É possível chegar a valores como 710.000 TPS (rede Gigabit padrão) ou até 28,4 milhões de TPS (rede de 40 Gigabit).
O mecanismo de consenso não é o PoW (Prova de Trabalho), tão conhecido por gerar as possibilidades de mineração e polêmicas ambientais das redes Bitcoin e Ethereum. A Solana emprega uma combinação de PoH (Prova de Histórico) e PoS (Prova de Participação).
O mecanismo de Prova de Histórico, inventado por Anatoly Yakovenko, cria registros temporais que comprovam que um determinado evento de fato ocorreu em um certo momento. O sistema de Prova de Participação entra com um papel de gerenciamento dos processos de PoH. Ele faz a validação das sequências de blocos e mantém o registro cronológico de eventos e do horário unificado da rede.
Pontos positivos X negativos
A alta escalabilidade e velocidade de transações por segundo decorrem de uma série de protocolos e do algoritmo PoH (uma VDF — Função Delay Verificável de alta frequência). Essa função verifica cada transação ou evento através de um número específico de etapas sequenciais, aplicando um hash com um contador individual. Esse código age como um carimbo criptográfico de data e hora, que possibilita a verificação transparente de quando o evento ocorreu. Essa tecnologia faz da rede Solana, cada vez mais, uma alternativa viável e atrativa à rede Ethereum.
A principal desvantagem decorrente da alta velocidade é o alto custo para instalação de nodes (nós) verificadores. O custo para montagem, execução e manutenção de uma máquina é muito grande, o que atrai menos integrantes à rede de validadores. Isso se traduz em uma blockchain menos descentralizada e, potencialmente, menos segura.
Por fim, é preciso ter em mente que a Solana ainda é jovem, e está na fase Beta. A rede Ethereum, por exemplo, está rodando desde 2015 e já foi exposta a todo tipo de desafios e provações.
Apesar disso, a Solana não deixa de ser uma excelente oportunidade de investimento, especialmente diante da busca por alternativas para o desenvolvimento de dApps e implementação de contratos inteligentes.
Usuários que participaram da Oferta Inicial de Moeda (ICO) da Solana já tiveram 95.000% de lucro — valor que ainda pode avançar algumas ordens de grandeza.
Sobre o autor
Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.