Sobreviventes do inverno cripto podem se tornar as “Amazons” de amanhã, diz Banco da Inglaterra

A queda do mercado cripto pode ser decisiva para determinar os futuros ganhadores, de acordo com o vice-governador do Banco da Inglaterra
Amazon e cripto

Foto: Shutterstock)

O vice-governador do Banco da Inglaterra, Jon Cunliffe, comparou a atual queda de mercado de criptomoedas – processo que vem sendo chamado de inverno cripto – à queda das “pontocom” no fim da década de 1990 e sugeriu que os sobreviventes podem se tornar “as Amazons e os eBays” de amanhã.

“A analogia, para mim, é a explosão pontocom quando US$ 5 trilhões foi removida dos valores”, disse Cunliffe durante o Fórum “Point Zero” em Zurique na quarta-feira (22), conforme noticiado pela Bloomberg. “Muitas empresas se foram, mas a tecnologia não sumiu.”

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Ele acrescentou que, uma década depois, “Aqueles que sobreviveram — as Amazons e os eBays — acabaram se tornando os participantes dominantes”.

https://twitter.com/CopperHQ/status/1539568814534414337

O vice-presidente acrescentou que não importa o que aconteça com as criptomoedas nos próximos meses, ele espera que “a tecnologia e as finanças cripto continuem [existindo]. Têm a possibilidade de [gerar] grandes eficiências e mudanças à estrutura de mercado”.

Os planos envolvendo criptomoedas do Banco da Inglaterra

Cunliffe também discutiu o atual pensamento do Banco da Inglaterra em torno de stablecoins e moedas digitais de banco central (ou CBDCs, na sigla em inglês). Em abril de 2021, a instituição criou uma força-tarefa para explorar o potencial de uma CBDC.

“É melhor ter stablecoins privadas que sejam mais otimizadas em áreas específicas que estão ligadas ao registro de um banco central de certa forma? Ou devemos fornecer a base?”, questionou Cunliffe.

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Este ano, o Banco da Inglaterra anunciou que iria intervir na supervisão do colapso de stablecoins caso um emissor “atingisse um fracasso a nível sistêmico”. O anúncio seguiu os comentários do presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, em junho de 2021, de que stablecoins deveriam ser regulamentadas da mesma forma que pagamentos gerenciados por bancos.

Mercados cripto em crise

O bitcoin (BTC), a maior criptomoeda do mundo, perdeu cerca de 70% de seu valor desde que atingiu um recorde de quase US$ 70 mil em novembro de 2021 e, neste momento, está sendo negociada a US$ 20,7 mil, de acordo com o CoinMarketCap.

A capitalização total do mercado de ativos digitais, que uma vez se aproximou dos US$ 3 trilhões, também diminuiu drasticamente nos últimos oito meses, caindo abaixo de US$ 1 trilhão no início de junho em meio ao colapso do ecossistema Terra e uma crise de liquidez entre diversas outras empresas cripto.

A queda abalou toda a indústria cripto, fazendo com que muitas empresas decidissem reduzir seu quadro de funcionários ou reduzir gastos.

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O ambiente comercial cada vez pior também fez a avaliação de muitas grandes empresas cripto cair.

Por exemplo, a corretora cripto Coinbase, uma das maiores participantes da indústria, tinha uma capitalização de mercado de quase US$ 90 bilhões em novembro de 2021. Desde então, a avaliação da empresa despencou para US$ 13,9 bilhões, segundo dados do CompaniesMarketCap.

Cunliffe é a mais recente figura a opinar sobre como os acontecimentos recentes do setor cripto vão afetar empresas cripto.

Mark Cuban, o bilionário dono do time americano de basquete Dallas Mavericks e investidor em diversos projetos cripto, recentemente se uniu ao debate, afirmando que “empresas que são sustentadas por dinheiro barato e fácil — mas não tinham perspectivas comerciais válidas — vão desaparecer”.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.