Só minoria da população usa Bitcoin em El Salvador, afirma estudo

Levantamento diz que apenas 20% usam a carteira digital Chivo e que transações ficam concentradas em grupo “bancarizado, escolarizado, jovem e masculino”
Moeda de Bitcoin à frente de bandeira de El Salvador

Shutterstock

O Bitcoin (BTC) está tendo dificuldades para ganhar escala entre a população de El Salvador, o primeiro país do mundo a tornar o ativo em moeda corrente, segundo um novo relatório.

Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA (ou NBER, na sigla em inglês) — organização privada e apartidária que realiza pesquisas e análises de grandes questões econômicas — conclui que, apesar de haver uma “Lei Bitcoin” em El Salvador, muitas pessoas do país não estão usando a criptomoeda.

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El Salvador, um país que depende do dólar americano, tornou o Bitcoin em uma moeda corrente em setembro de 2021. Essa ideia foi do presidente do país Nayib Bukele, um excêntrico líder que foi acusado de autoritarismo pela imprensa de seu país e por organizações não governamentais (ou ONGs) do exterior.

A lei, que exige que comerciantes aceitem a criptomoeda como pagamento se possuírem os meios tecnológicos necessários, foi criticada por instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (ou FMI).

Os pesquisadores Fernando E. Alvarez, David Argente e Diana Van Patten afirmam terem conversado pessoalmente com 1,8 mil famílias em El Salvador sobre seus hábitos envolvendo bitcoin.

Seu estudo, intitulado “Are Cryptocurrencies Currencies? Bitcoin as Legal Tender in El Salvador” — ou “Criptomoedas são Moedas? O Bitcoin como Moeda Corrente em El Salvador”, em tradução literal —, alega que “o uso de bitcoin em transações cotidianas é baixo e está concentrado entre a população bancarizada, escolarizada, jovem e masculina”.

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Acrescenta que 20% dos respondentes no pequeno país da América Central estavam usando a carteira estatal Chivo após fazer o download. Dentre aqueles que a usam, segundo o relatório, apenas 10% estavam usando menos dinheiro físico e 11% estavam usando cartões de débito ou crédito.

O estudo também destaca que não “encontrou evidências de a carteira Chivo estar sendo usada no pagamento de impostos ou no envio de remessas digitais” — um dos principais motivos pelos quais a lei havia sido aprovada, de acordo com o governo salvadorenho.

Uso emperrado

Em 2021, salvadorenhos foram incentivados a baixar a carteira Chivo e receberam US$ 30 em Bitcoin. O relatório alega que, dentre os respondentes, grande parte gastou os Bitcoins recebidos e parou de usar a carteira.

Também afirma que apenas 20% dos respondentes confirmaram aceitar Bitcoin como pagamento. Em 2021, o Decrypt visitou El Salvador e descobriu que poucas empresas — além de grandes redes, como McDonald’s ou Starbucks — estavam aceitando o criptoativo como forma de pagamento.

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Empresas que aceitam Bitcoin tendem a convertê-lo imediatamente em dólares, de acordo com o estudo. “Também documentamos que, em média, apenas 4,9% das vendas são pagas em bitcoin e que 88% dos comércios transformam o dinheiro das vendas com a criptomoeda em dólares e não as mantêm em bitcoin na carteira Chivo”, acrescentam os autores.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.