El Salvador, a primeira nação a testar o bitcoin (BTC) como moeda legal, precisa pagar mais de US$ 800 milhões em títulos de risco até janeiro, de acordo com a agência de classificação de risco Moody’s. Infelizmente, como o tão aguardado “título de Bitcoin” do país ainda não chegou ao mercado, o El Salvador pode ter problemas para pagar essa dívida.
Fontes se divergem em relação à quantidade de investidores que se interessam pelo título do governo. A Blomberg sugere que os papéis não têm apoio, enquanto o ministro das finanças do país afirma terem uma subscrição inicial de 50% em excesso.
No entanto, embora o governo ainda precise apresentar a legislação necessária para que o título avance, o tempo está passando.
Nayib Bukele, o presidente de El Salvador, anunciou o título em novembro de 2021 — pouco mais de dois meses após o bitcoin ter se tornado uma moeda corrente no país.
O objetivo é arrecadar US$ 1 bilhão: US$ 500 milhões em bitcoin para o tesouro e US$ 500 milhões para financiar o desenvolvimento de uma “Cidade de Bitcoin”, movida por energia geotermal para a mineração de bitcoin. Neste momento, o país possui mais de 1,8 mil BTC (cerca de US$ 70 milhões).
A ideia era que o título fosse lançado em março, mas foi adiado até setembro. O ministro de finanças do país afirmou, na época, que a guerra entre Rússia e Ucrânia afetou o preço do bitcoin e, por isso, seria uma época inadequada para lançar o produto.
Bukele apresentou um motivo alternativo, afirmando o atraso era por conta da priorização da reforma interna da previdência.
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Independente dos motivos, o atraso põe os tão necessários fundos fora de alcance do governo salvadorenho. Preços de sua dívida caíram 15,1% em abril, tornando-a na maior queda nacional após a Ucrânia. Agora, seus títulos com vencimento para 2032 geram 24% — um nível que indica fortes preocupações de inadimplência entre compradores.
Tensão
A relação entre El Salvador e o Fundo Monetário Internacional (ou FMI) também está bem tensa. A organização empresta dinheiro a estados-membros que sofrem com questões de balanço de pagamentos — para que não haja superávit ou déficit.
No entanto, o país não quis debater com o FMI que, por sua vez, desaprova tanto a adesão do bitcoin por El Salvador como pela República Centro-Africana. Por conta dessa situação, o ex-presidente do banco central afirmou que a relação entre El Salvador e o FMI está “praticamente morta”.
Tanto o presidente como o ministro das finanças afirmam que o país sofre “zero riscos” de inadimplência, segundo a Bloomberg. Suas palavras contradizem a opinião de instituições como Moody’s e Fitch, que reduziram a classificação de crédito de El Salvador nos últimos meses.
Bukele, por sua vez, não está nem aí; o presidente é conhecido por zombar das opiniões tanto da Moody’s como do FMI.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.