Selic em queda leva mais pessoas para investimento de risco como criptomoedas

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Foto: Shutterstock

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em seu boletim de risco apontou que houve apetite por investimento de risco entre março e junho deste ano, mesmo período em que a Selic caiu de 3,65% a 2,15%. Especialistas apontam que há uma relação direta entre os dois fatos e que esse momento de baixa rentabilidade da renda fixa pode ser levar mais pessoas a investirem em criptomoedas.

Somente neste ano, o Banco Central (BC) reduziu a taxa Selic por cinco vezes consecutivas. A queda mais recente foi anunciada na última quarta-feira (05), quando a Selic foi a 2%. Esse é a mínima histórica desde 1996, tempo em que a taxa foi implementa a 23,28%.  

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João Marco Braga da Cunha, gestor de portfólios da Hashdex, afirmou que “essa queda da Selic que está fazendo com que as pessoas revejam suas carteiras” e queiram se arriscar para ter maior rentabilidade. 

Alta das criptomoedas

Somente o Bitcoin, principal criptomoedas do mercado, saltou de R$ 36 mil para R$ 63 mil desde março.

Esse é um dos fatores pelo aumento de procura por fundos em criptomoedas, o outro de acordo com Cunha é a alta do dólar.

“Dois fatores contribuíram para essa rentabilidade: tanto o crescimento das criptomoedas como a alta do dólar. Esses dois fatores estão trazendo rentabilidade muito boa desde março”.  

Para Marcel Pechman, especialista em criptomoedas e colunista no Portal do Bitcoin, “a tendência é que o Bitcoin siga sua trajetória de alta. Mantenho meu preço-alvo de 14 mil dólares pro final do ano.”

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Inflação em alta e Selic em queda

O fato é que a inflação subiu recentemente de 1,88% para 2,31%. A Selic, por outro lado, que é a taxa referencial para a rentabilidade dos investimentos em renda fixa como o CDB, vem caindo.

“A inflação esperada está acima da taxa de juros no prazo de um ano, enquanto que temos uma taxa real negativa, abaixo de -0,5%”, declarou Cunha. 

Já Pechman disse que essa trajetória de juros negativos vem perdurando há quase um ano “com governos correndo para injetar liquidez, ou seja, colocar mais dinheiro em circulação, para estimular as economias”. 

Antes dessa alta na inflação, a CVM havia divulgado seu boletim de risco onde consta que o apetite por risco aumentou de março para junho. Isso ocorreu após uma brusca queda que sucedeu em dezembro do ano passado.

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Passado bom da renda fixa

Cunha mencionou que entre 2000 a 2018, a bolsa perdeu para o CDI. Ele declarou que isso seria uma anomalia de mercado, pois “no prazo alongado em geral a bolsa tem uma vantagem boa sobre o título público”.

A questão, no entanto, é que há um motivo para essa anomalia. Cunha explica que a resposta é simples:

“Quando se consegue ter rentabilidade acima de 10% em título público com liquidez sem risco praticamente, o incentivo do investidor a recorrer a bolsa ou outras classes mais arriscadas fica bem restrito.”

Com a Selic em queda, os investidores tiveram que olhar a bolsa como alternativa O boletim da CVM aponta que o volume médio de ações negociadas no primeiro semestre deste ano foi de R$ 22,4 bilhões. Esse valor ultrapassa a marca de todo o período do ano passado, que foi de R$ 15,2 bi.

Contornando a crise

A realidade de juros alto, contudo, já não existe mais e pode haver mais corte na taxa Selic. Isso é o que ao menos o Banco Central tem sinalizado.

“No cenário externo, a pandemia da Covid-19 continua provocando a maior retração econômica global desde a Grande Depressão. Nesse contexto, apesar de alguns sinais promissores de retomada da atividade nas principais economias e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador”.

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Nesse mesmo sentido, Pechman disse que a pandemia tem afetado a economia como um todo. Ele mencionou que ativos como ouro e criptomoedas tem ganhado mais espaço.

“A estratégia não tem funcionado pois as empresas não estão investindo em produção e famílias aproveitam para refinanciar dívida ou adquirir bens mais escassos. Nota-se no mundo todo a valorização do ouro, prata, imóveis, ações de empresas não-afetadas pela pandemia, e também criptomoedas”.

Cunha, porém, sugeriu ao novos investidores em criptomoedas que procurem conhecer sobre em que estão investindo. Ele alertou que “se trata de um mercado de risco”, apesar de rentável.