A Rússia deve começar a usar pagamentos transfronteiriços com criptomoedas a partir da próxima semana como forma de contornar as sanções internacionais que sofre desde o início da guerra com a Ucrânia, em 2022.
Mesmo assim, talvez esses esforços não sejam suficientes para o país conseguir driblar as dificuldades.
No final de julho, uma nova legislação cripto foi aprovada e rapidamente sancionada pelo presidente Vladimir Putin. Embora a lei não revogue a proibição existente do uso de criptomoedas como moeda legal dentro do país, ela agora permite pagamentos transfronteiriços com ativos digitais.
Porém, segundo os especialistas, não está claro ainda como essa lei permitirá que os pagamentos sejam feitos porque não foi apresentada regras específicas. Em vez disso, o projeto aprovado dá poder ao banco central da Rússia para supervisionar um regime “experimental”.
Desde fevereiro de 2022, quando começou a guerra com a Ucrânia, a Rússia já enfrentou 16.500 sanções vindas dos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Austrália, Canadá e Japão.
Segundo a UE, cerca de metade das reservas totais de moeda estrangeira da Rússia, no valor de 300 bilhões de euros, incluindo 70% dos ativos do sistema bancário russo, foram congeladas. Além disso, bancos russos selecionados foram desconectados pelo sistema de mensagens interbancárias, a Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT).
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Já a Bloomberg, afirmou que a Rússia está planejando usar o Sistema Nacional de Cartões de Pagamento para trocar entre rublos e criptomoedas ao testar pagamentos. O sistema foi escolhido porque já apresenta infraestrutura para funções como liquidação interbancária e é totalmente regulamentado pelo banco central.
Se os testes forem bem-sucedidos, a Rússia pode permitir que a Bolsa de Moscou e a Bolsa de Moeda de São Petersburgo criem plataformas de criptomoedas no ano que vem, diz a agência de notícias.
De acordo com um texto da lei visto pelo CoinDesk, as novas regras falam que as disposições podem “excluir ou alterar” partes da Lei Federal em relação a transações com “moeda digital feitas na implementação de atividades de comércio exterior por meio de uma organização autorizada”.
A lei, porém, não especifica claramente quais regras se aplicam a entidades ou empresas de criptomoedas que desejam negociar ativos digitais no país, porque o banco central determinará quais empresas participarão do experimento.
Jim Mignano, pesquisador assistente de políticas na organização de pesquisa RAND, disse ao CoinDesk que se a Rússia for bem-sucedida em contornar as sanções usando criptomoedas, isso poderia “impulsionar medidas de execução mais agressivas ou novas formas de sanções” pelas nações ocidentais.
Uma dessas ameaças crescentes é a das sanções secundárias. “Embora os criptoativos possam viver e se mover fora do sistema financeiro tradicional, a atividade será rastreável, permitindo que os governos ocidentais acompanhem e investiguem as transações de maneiras novas e inovadoras”, disse Isabella Chase, consultora sênior de políticas da Europa, Oriente Médio e Ásia na empresa de análise de blockchain TRM Labs.
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