Reuters diz que Binance compartilhou dados de usuários com inteligência russa; corretora nega

Reportagem alega que empresa compartilhou dados de Alexei Navalny, líder da oposição na Rússia
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Foto: Shutterstock

A principal exchange global de criptomoedas, a Binance, negou neste sábado (23) uma reportagem da Reuters alegando que havia concordado em fornecer às autoridades russas dados de usuários em abril de 2021.

De acordo com a reportagem da Reuters, publicada na sexta-feira (23), a agência russa encarregada de combater a lavagem de dinheiro, a Rosfin, estava “procurando rastrear milhões de dólares em bitcoin levantados pelo líder da oposição russa preso Alexei Navalny”. Navalny concorreu à presidência em 2018 e mais tarde foi envenenado – com suspeitas apontando para o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB).

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“Sugestões de que a Binance compartilhou quaisquer dados de usuários, incluindo Alexei Navalny, com agências russas controladas pelo FSB e reguladores russos são categoricamente falsas”, disse a Binance em comunicado. “Antes da guerra, o envolvimento da Binance na Rússia não era diferente de qualquer outra organização internacional — de bancos a restaurantes de hambúrgueres.”

A Binance diz que estava pressionando o governo russo para desenvolver uma estrutura regulatória para criptomoedas, não muito diferente dos esforços realizados pela indústria nos EUA. “Hoje, qualquer governo no mundo pode solicitar dados de usuários da Binance desde que acompanhados pela autoridade legal competente. Na Rússia não é diferente.”

No entanto, enfatizou que “se reserva o direito de rejeitar pedidos de aplicação da lei caso não resistam ao escrutínio”.

Mas a investigação da Reuters pinta um quadro diferente, sugerindo que a bolsa não apenas buscou negócios com usuários russos — como outras empresas financeiras fizeram —, mas também fez concessões.

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A Reuters diz que as mensagens de texto mostram que o chefe regional da Binance na Europa Oriental, Gleb Kostarev, concordou em compartilhar dados de clientes com Rosfin e depois compartilhou com um “parceiro de negócios que ele não tinha ‘muita escolha’ no assunto”.

Kostarev, em sua página no Facebook, escreveu: “É uma mentira absoluta que eu ou a Binance vazamos os dados de Navalny ou usuários [para] Rosfin ou o FSB”.

Navalny, um dos mais proeminentes líderes da oposição russa, levantou 658 BTC entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2021, um valor agora de US$ 26 milhões. As doações aumentaram tanto depois que ele foi envenenado quando preso. Bitcoin e criptomoedas são um importante canal de financiamento para ativistas pró-democracia na Rússia.

O executivo da Human Rights Foundation, Alex Gladstein, disse ao Decrypt em fevereiro de 2021: “Em regimes autoritários como a Rússia, o governo tem controle total sobre o sistema bancário, mas não controla o Bitcoin”.

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Enquanto grande parte do mundo via a Rússia e seu presidente, Vladimir Putin, como autoritários em 2021, a invasão russa da Ucrânia em fevereiro tornou o estado persona non grata em todo o mundo. As sanções ocidentais implementadas nos últimos dois meses prejudicaram a economia e colocaram o valor do rublo em uma montanha-russa.

Nos primeiros dias da guerra, os volumes de negociação de rublo-Bitcoin e rublo-Tether atingiram seus pontos mais altos em mais de meio ano. A Binance, juntamente com outras exchanges, recusou-se publicamente a concordar com um pedido informal do vice-primeiro-ministro ucraniano, Mykhailo Fedorov, para bloquear a negociação de todos os endereços IP russos. No entanto, confirmou que bloquearia todas as contas russas que foram sancionadas pelos EUA.

Os formuladores de políticas dos EUA e da Europa aplicaram escrutínio adicional às exchanges e serviços de criptomoedas, para que não permitam que as autoridades russas evitem sanções. No entanto, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse no início deste mês que o governo não “viu uma evasão significativa por meio de criptomoedas até agora”.

*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.