Em setembro de 2023, o Ethereum (ETH) é a segunda maior criptomoeda do mundo, com uma capitalização de mercado de mais de US$ 229 bilhões. Apesar do valor do ativo ser menor que do Bitcoin, há um bom argumento a ser feito de que o Ethereum é mais importante para os espaço cripto e blockchain em geral do que seu maior concorrente.
Desde o seu lançamento em 2015, a rede Ethereum tem sido fundamental para alimentar a próxima geração de aplicações descentralizadas (dApps) e, mais recentemente, o mundo das finanças descentralizadas (DeFi) de forma mais ampla.
Isso se deve às poderosas capacidades e versatilidade dos contratos inteligentes do Ethereum. Em março de 2023, os protocolos construídos usando a rede Ethereum eram responsáveis por cerca de 90%, ou US$ 90 bilhões, do valor total bloqueado no setor DeFi.
Assim como o Ethereum é um componente crítico do mundo cripto e que moldou o desenvolvimento da indústria desde o seu lançamento, o fundador da blockchain, Vitalik Buterin, é igualmente influente.
O programador e escritor russo-canadense — que ainda não tem 30 anos até o momento — é indiscutivelmente o indivíduo mais famoso hoje no mundo cripto. O outro candidato principal para este título é o fundador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, mas trata-se de um pseudônimo potencialmente representando mais de uma pessoa real.
Mas afinal, quem é Vitalik Buterin e como ele criou o Ethereum?
Os primeiros interesses em cripto
Vitalik Buterin nasceu na Rússia, mas mudou-se para o Canadá ainda jovem, onde foi rapidamente reconhecido por suas grandes habilidades em matemática. Suas primeiras experiências com programação e criptografia vieram em casa, já que seu pai era cientista da computação.
Notavelmente, a experiência inicial de Buterin com o famoso jogo RPG World of Warcraft pode ter contribuído para seu desejo de trabalhar fora do espaço econômico tradicional e centralizado: embora um jogador dedicado, ele desistiu do jogo quando os desenvolvedores fizeram uma mudança nas regras com as quais ele discordava.
No ensino médio e na faculdade, Buterin aperfeiçoou suas habilidades de programação e se conectou com mentores influentes, como o criptógrafo Ian Goldberg, conhecido por seu envolvimento com o projeto Tor, entre outras coisas. Foi nessa época que ele também aprendeu sobre o Bitcoin, em 2011. Buterin escreveu artigos sobre a criptomoeda para ganhar seu primeiro BTC, eventualmente cofundando a Bitcoin Magazine.
A época da faculdade e as origens do Ethereum
Como estudante na Universidade de Waterloo, Buterin foi assistente de Goldberg até que seu trabalho em criptomoedas começou a ocupar uma parte substancial de seu tempo.
Nesta fase, ele deixou a universidade para viajar pelo mundo por vários meses para se conectar com os desenvolvedores de Bitcoin. Essa experiência foi crucial para o desenvolvimento do modelo Ethereum por Buterin, pois ele sentiu que os desenvolvedores que conheceu estavam muito preocupados com os usos específicos da criptomoeda. Buterin passou a acreditar que a próxima geração de sistemas blockchain deveria ser mais versátil e mais ampla.
O interesse de Buterin em ampliar o escopo do Bitcoin o levou a buscar uma linguagem de programação Turing-completa para realizar sua visão. O jovem programador criou um whitepaper inicial para este conceito, que chamou de Ethereum, em 2013.
Então, Peter Thiel, um famoso capitalista de risco, concedeu uma bolsa de estudos de US$ 100 mil a Buterin em 2014, o que lhe permitiu concentrar totalmente os seus esforços no desenvolvimento do novo ecossistema.
Entre o whitepaper inicial de Buterin em 2013 e o eventual lançamento do Ethereum muitos meses depois, a visão se desenvolveu para abranger muito mais do que apenas uma moeda digital, adicionando ideias sobre contratos inteligentes, aplicativos descentralizados e organizações autônomas descentralizadas (DAO).
No início de 2014, Buterin estava pronto para compartilhar esse conceito mais amplo com a comunidade cripto e anunciou formalmente o projeto em janeiro daquele ano. Seguiu-se então uma oferta inicial de moedas (ICO) para o ether, que levantou cerca de US$ 18 milhões em BTC e permitindo que Buterin e sua equipe de desenvolvimento lançassem a Fundação Ethereum para supervisionar o crescimento contínuo do Ethereum. Em julho de 2015, o Ethereum foi lançado oficialmente.
Atividade desde o lançamento do Ethereum
A história do Ethereum é de sucesso prolongado (embora não totalmente livre de contratempos também), já que a plataforma agora é responsável por liquidar trilhões de dólares em transações a cada ano.
De fato, o número de transações de Ethereum superou o número de transações de Bitcoin em 2021. Também tem sido importante como rede fundamental de apoio a movimentos como os tokens não fungíveis (NFT), uma série de altcoins e muito mais.
Buterin continuou a desempenhar um papel altamente ativo no sucesso do Ethereum desde o lançamento. Ele também tem sido bastante aberto sobre o que ele vê como os perigos contínuos da bancarização centralizada e do controle de moedas, tornando-o um poderoso defensor do mundo cripto, mesmo além de sua própria rede e token.
Buterin também se manifestou contra o que ele vê como um potencial futuro “distópico” para a indústria de criptomoedas, na qual baleias ultra-ricas não conseguem capitalizar o poder dos criptoativos de lutar contra governos autoritários.
Ele pressionou para que o Ethereum desempenhe um papel em tornar os sistemas de votação mais justos, em ajudar a fornecer renda básica universal, no apoio a iniciativas de planejamento urbano e projetos de obras públicas e muito mais.
Esta pode ser uma das razões pelas quais Buterin foi um defensor particularmente vocal da Fusão (The Merge), a atualização do final de 2022 que fez o Ethereum abandonar a mineração e migrar do mecanismo de consenso proof-of-work (PoW) para o proof-of-stake (PoS).
A Fusão reduziu drasticamente o consumo de energia da rede Ethereum e a expectativa é que novas atualizações do futuro reduzam também os custos de se usar a rede. Além disso, Buterin é conhecido por sua filantropia, já que doou US$ 1,2 bilhão para um fundo de socorro à vítimas de Covid-19 da Índia em 2021, para vários projetos de apoio à Ucrânia após a invasão da Rússia em 2022, e fundos adicionais para uma variedade de fundações de pesquisa.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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