O empresário Rodrigo dos Reis, fundador da RR Consultoria preso na Operação Profeta da Polícia Federal (PF) na quinta-feira (7) por suspeitas de crimes financeiros com criptomoedas, pode ser chamado de várias formas positivas, como “coach de Bitcoin”, “seminarista”, “pregador”. Mas para alguns clientes, ele também é visto como “especialista em enganar”.’
As pessoas que confiaram na promessa de lucros fáceis dele lutam há quatro anos para reaver o dinheiro investido na RR Consultoria. Segundo a Polícia Federal, o golpe deixou cerca de 10 mil vítimas, com um prejuízo que pode ultrapassar R$ 260 milhões.
Religião e investimentos
Rodrigo dos Reis, preso em Cajamar (SP), não está envolvido apenas nessa investigação; a polícia trabalha para desarticular uma organização criminosa que teria usado a religião para atrair investidores. A promessa? Lucros de 5% a 9% ao mês.
Conforme apurou a CNN Brasil, Rodrigo dos Reis compartilhava em seu perfil no Instagram operações financeiras com altos ganhos, incentivando seus seguidores a investir na empresa. Segundo o G1, as publicações feitas no dia da operação federal foram apagadas. O perfil de Reis diz: “Só quem foi ao céu e ao inferno pode dizer exatamente como é!”.
Rodrigo dos Reis também tem uma conta no Youtube com apenas uma publicação. Nela, o fundador da RR aparece palestrando para dezenas de pessoas. Ao final, ele promove um evento da RR sobre ‘finanças’ e que ocorreria na Barra da Tijuca (RJ); o título do vídeo era: “A melhor proposta da sua vida!”.
Reis também era influencer e vendia mentorias e cursos de investimentos nas redes sociais. Além de bitcoin, ele promovia operações no mercado Forex — atividade proibida no Brasil.
De acordo com a advogada Raquel Chaves, que representa dezenas de vítimas da RR Consultoria, Rodrigo dos Reis teria se aproveitado da sua influência na igreja para captar investidores. “Ele acabou disseminando esse investimento dentro da igreja e levou várias pessoas a investir. Ele se utilizou da fé alheia para poder angariar clientes”, disse Chaves em reportagem do UOL.
A prisão de Rodrigo dos Reis
A Operação Profeta cumpriu um mandado de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão, nos municípios do Rio de Janeiro, Barueri, Guarulhos, Cajamar e Salto. Também foi determinado o sequestro de bens e valores no montante de R$ 262.799.248,97.
O objetivo da operação foi desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudes contra o Sistema Financeiro Nacional. O grupo é acusado de desviar recursos de investimentos em criptomoedas e de deixar de pagar os clientes devido a uma suposta prática de pirâmide financeira.
Rodrigo dos Reis usava a RR Consultoria para captar recursos para a corretora Bitcluster. Só na última empresa, segundo a investigação, a corretora recebeu R$ 16 milhões. Em nota, a PF explica que as investigações foram iniciadas após o recebimento de denúncias das vítimas relatando que os investigados se apropriaram dos valores aplicados na RR Consultoria.
Os investigados articularam uma complexa estrutura empresarial para captar investidores e, em seguida, se apropriar dos recursos aplicados e remetê-los para o exterior sem o conhecimento das vítimas. Os valores foram enviados ao exterior por meio de exchanges, disse a polícia.
Os crimes investigados no âmbito da Operação Profeta incluem diversos delitos contra o Sistema Financeiro Nacional, como apropriação indevida de valores, negociação de títulos ou valores mobiliários sem registro prévio e sem autorização da autoridade competente, fazer operar instituição financeira sem a devida autorização e evasão de divisas.
Além disso, estão envolvidos crimes de exercer a atividade de administrador de carteira no mercado de valores mobiliários sem a devida autorização, organização criminosa transnacional e lavagem de dinheiro por meio de ativo virtual.
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