Quem é o trader que acertou o preço do Bitcoin nos últimos três meses e qual a previsão para o final do ano

Entenda como funciona o modelo stock-to-flow que mostra o bitcoin superando os US$ 100 mil ainda em 2021
Imagem da matéria: Quem é o trader que acertou o preço do Bitcoin nos últimos três meses e qual a previsão para o final do ano

Dinheiro de investidores institucionais pode criar novo bull run (Foto: Shutterstock)

Boa parte do mercado cripto foi pega de quando o bitcoin disparou 53% em outubro e atingiu uma nova máxima histórica de US$ 66.930, mas aqueles que seguem o PlanB (@100trillionusd) e suas previsões de preço já estavam esperando o novo recorde.

Ele é o criador do modelo stock-to-flow (S2F) que tenta projetar o preço do bitcoin utilizando como base principal a escassez da moeda em relação ao seu tempo de produção. Embora na prática seja impossível prever quanto o bitcoin valerá amanhã, semana que vem ou daqui 10 anos, o modelo tem mostrado a sua eficiência.

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Nos últimos três meses, as análises de preço do PlanB baseadas no stock-to-flow foram certeiras. Em agosto, o bitcoin tinha como meta os US$ 47 mil, cairia para US$ 43 mil em setembro e voltaria a subir para US$ 63 mil em outubro, e foi o que aconteceu.

As metas de preço do bitcoin para os próximos meses também já foram estabelecidas por PlanB: o bitcoin deve alcançar US$ 98 mil em novembro e US$ 135 mil em dezembro.

Como funciona o stock-to-flow

A lógica principal por trás do stock-to-flow é que se o bitcoin tem um fornecimento fixo de 21 milhões de tokens e se sua produção cai pela metade a cada quatro anos enquanto a demanda continua a crescer, os preços só podem ir para uma direção, e é para cima.

O modelo se baseia exclusivamente na taxa de escassez da moeda, uma relação obtida quando é dividido o estoque total do ativo (21 milhões) pela produção anual de BTC através da mineração. De forma geral, a métrica deve indicar quanto um ativo é escasso em relação ao tempo de produção, algo parecido com o que já é utilizado no mercado de ouro e prata.

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De acordo com o analista de criptomoedas Marcel Pechman, o modelo falha ao ser baseado apenas na escassez da criptomoeda. “Escassez não define preço de nada. Existem mais quadros de Monet do que Charles Angrand. Por que Monet é mais valorizado?”, compara.

O problema é que stock-to-flow ignora os acontecimentos externos e seus impactos no preço do bitcoin. Ou seja, o modelo não poderia prever que o bitcoin cairia após sofrer a repressão do governo chinês em maio, ou então que subiria em outubro graças à aprovação de um ETF de futuros de bitcoin nos EUA.

Na visão de Pechman, esses eventos do mercado devem ser levados em consideração para pensar no futuro do preço da criptomoeda. “Agora tá nas mãos do ETF que o mercado falou durante tantos anos que seria ‘o veículo’ preferido dos institucionais. Se o ETF atingir 4 ou 5 bilhões de dólares até o fim do ano, é possível sim o preço do bitcoin suba até mais de US$ 135 mil”, conclui.

A trajetória do stock-to-flow ao longo dos anos

O modelo stock-to-flow foi desenvolvido em janeiro de 2019 pelo ‘PlanB’. Embora pouco se saiba sobre a identidade ou vida pessoal de quem está atrás do pseudônimo, ele já revelou ser um ex-investidor institucional da Holanda com 25 anos de experiência no mercado financeiro. 

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A métrica criada por ele pode ser acompanhada através do site look into bitcoin. O gráfico mostra duas linhas principais. A primeira linha (vermelha) é o preço que o bitcoin está previsto para alcançar no futuro e a segunda (colorida) aponta o preço real da criptomoeda.

bitcoin stock to flow
Modelo stock-to-flow. (Fonte: lookintobitcoin)

A escala colorida da métrica é uma espécie de “temperatura” que indica a distância para o próximo halving do bitcoin, sendo vermelho muito perto e o azul muito longe. Como o último halving do bitcoin aconteceu no ano passado, atualmente a criptomoeda está no verde.

Como é possível checar no próprio gráfico, embora o preço do bitcoin tenha seguido o movimento ascendente do modelo stock-to-flow, nem sempre ele subiu no mesmo ritmo que o previsto.

“O modelo acertou 5 meses dos últimos 4 anos, logo 10% de acerto. Ele não consegue prever o ritmo de adoção, portanto, durante alguns anos, estava com erro superior a 50% na cotação, o que para mim significa que errou: tanto na bolha de US$ 20 mil em 2017, quanto na depressão de US$ 3.500 em 2019”, explica Pechman.

Em julho, o próprio PlanB reconheceu a distância do seu modelo com o preço real do bitcoin. Naquele época, ele disse que “os próximos 6 meses serão tudo ou nada para o stock-to-flow”.

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Desde então, foram só acertos. Resta saber se o bitcoin terá força para dobrar de preço e fechar 2021 valendo mais de US$ 135 mil como prevê PlanB.