Analistas em blockchain da Chainalysis estimam que mais de dois terços de todos os fundos roubados pelo setor de criptomoedas vieram de hacks a “bridges” este ano.
Esse tipo de ataque se refere a invasões ou hacks que acontecem a protocolos de “bridging”, responsáveis por conectarem diferentes blockchains.
Em um relatório recente, a empresa alega que o roubo a bridges totalizou US$ 2 bilhões – mais de R$ 10 bilhões – em fundos roubados, apresentando uma “enorme ameaça” à credibilidade da tecnologia blockchain.
Essa análise surge após o hack à Nomad na segunda-feira (8), em que US$ 200 milhões foram roubados da plataforma de bridging. A Nomad funciona como uma via entre diferentes blockchains, permitindo que investidores movam seus fundos entre blockchains, como as plataformas Ethereum, Avalanche e Moonbeam.
A invasão à Nomad também representa o sétimo maior hack a bridges cripto deste ano. Mas o que torna bridges em um alvo tão grande?
Bridges cripto e liquidez
De acordo com Arda Arkantura, analista de ameaças na empresa de compliance e dados cripto Elliptic, o problema das bridges que conectam blockchains é sua liquidez.
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“Você congela um token em uma parte da blockchain e depois o descongela do outro lado. Isso significa que você tem muita liquidez e contratos autônomos com fundos armazenados neles”, afirma Arkantura. “Em cripto, quando algo é líquido, é lucrativo.”
Essas bridges são tão lucrativas que hacks entre blockchains compõem 13,5% de todos os roubos em aplicações descentralizadas (ou dapps, na sigla em inglês), de acordo com Elliptic.
Em março, a empresa do jogo blockchain Axie Infinity também passou por um hack de US$ 622 milhões à sidechain (blockchain paralela) Ronin, que conecta o jogo à rede Ethereum. Um mês antes do roubo à Ronin, Wormhole, uma ponte que conecta Ethereum e Solana, perdeu US$ 320 milhões.
A Chainalysis também sugere que bridges se tornaram o principal alvo de ativistas ou hacks terroristas, pois criminosos da Coreia do Norte aparentemente roubaram quase US$ 1 bilhão em cripto este ano.
A ironia das bridges é sua predominância no ecossistema de Finanças Descentralizadas (ou DeFi). Ao centralizar contratos autônomos com fundos e transações programadas neles, fornecem um ponto de foco para que criminosos os explorem.
“É um paradoxo interessante”, afirma Arkuntura.
“Existem algumas pessoas que dirão que a centralização de contratos autônomos permitem que consertem imediatamente problemas [na bridge]. Por outro lado, a centralização facilita [a invasão] por agentes ilícitos”, acrescentou.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.
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