Na terça-feira (26), com 95 votos a favor e 52 contra, a Assembleia do Estado de Nova York aprovou uma lei que concede uma moratória de dois anos à mineração de bitcoin (BTC) feita a partir de eletricidade gerada com uso combustível fóssil.
Agora, o projeto de lei irá para o Senado do estado, para passar por outra rodada de votação.
“Estou muito feliz de que o meu projeto de lei A7389C/S6486D com o campeão do senado [Kevin Parker] acabou de ser aprovado na Assembleia como parte do Pacote do #DiadaTerra!”, tuitou a deputada Anna Kelles, uma das criadoras do projeto de lei.
Thrilled that my bill with Senate champion @kevinparkernyc A7389C/S6486D just passed in the Assembly as part of the #EarthDay Package! Thank you to all of cosponsors and advocates who helped get this bill to the floor for a vote! 🌎 pic.twitter.com/NhVnMo3FJE
— Anna Kelles (@annakelles) April 27, 2022
Apesar de a lei não propor uma proibição imediata à mineração cripto, ela impedir que as atuais empresas de mineração renovem licenças de operação, caso elas forem movidas por combustíveis fósseis. De acordo com o projeto de lei, também significa que as novas licenças também não serão aprovadas.
“O Departamento de Serviços Públicos não deverá aprovar uma nova solicitação ou emitir uma nova licença […] para uma instalação geradora de eletricidade que utiliza um combustível baseado em carbono e que forneça, na íntegra ou em parte, energia elétrica [gerada internamente] que seja consumida ou utilizada por operações de mineração de criptomoedas que utilizam métodos de autenticação Proof of Work (PoW) para validar transações em blockchain”, afirma.
“Métodos de autenticação Proof of Work” se refere ao mecanismo que uma blockchain utiliza para confirmar diversas operações, desde transações simples à emissão de um token não fungível (ou NFT, na sigla em inglês).
Atualmente, o Bitcoin e o Ethereum são as maiores redes proof of work (ou PoW) da indústria cripto. No entanto, a expectativa é que o Ethereum migre para um mecanismo mais favorável ao meio ambiente, chamado de proof of stake (ou PoS), no terceiro trimestre deste ano com a tão aguardada atualização Ethereum 2.0.
O projeto de lei pede que o Departamento de Conservação Ambiental prepare uma avaliação sobre o impacto ambiental das “operações de mineração que usam métodos de autenticação Proof of Work para validar transações em blockchain”.
Essa avaliação incluiria o número de operações no estado, o consumo de energia de cada operação, a fonte dessa energia consumida, as emissões de gás da operação, o impacto do setor no consumo de energia elétrica, o uso de água, bem como os efeitos à saúde pública e os impactos econômicos.
Após a elaboração do rascunho, a avaliação estará disponível para comentários do público durante 120 dias.
Antes de que tudo isso se inicie, o projeto de lei precisa ser aprovado pelo Senado do Estado de Nova York. O projeto de lei será entregue à governadora Kathy Hochul para ser assinado ou vetado, caso seja aprovado.
A mineração de bitcoin e o meio ambiente
Grande parte do ímpeto sobre esse projeto de lei gira em torno das preocupações de que a mineração de bitcoin seja prejudicial ao meio ambiente.
Dados do Centro de Energia Alternativa da Universidade de Cambridge (ou CCAF) estimam que a rede Bitcoin utiliza, atualmente, 150,66 terawatts/hora (tWh) de energia para transações por ano. É mais energia do que países como Polônia, Argentina e Bélgica utilizam.
Essas preocupações são bastante relevantes para os nova-iorquinos, pois o estado estabeleceu grandes objetivos climáticos e também é lar para supostamente 19,9% da taxa de hashes do Bitcoin nos Estados Unidos.
Ainda não se sabe quanto da taxa de hashes de Nova York é movida a carbono e será afetada pelos princípios do mais recente projeto de lei.
Os objetivos climáticos apresentados em julho de 2019 incluem emissões zero de carbono até 2050 e eletricidade 100% livre de carbono até 2040.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.