Prisão e fotos antigas: revista portuguesa revela passado de crimes do Rei do Bitcoin

Claudio Oliveira ficou preso em Portugal e na Suíça
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Imagem de Claudio Olivera quando foi preso em Portugal

A revista portuguesa Visão publicou nesta quinta-feira (18) uma reportagem sobre Cláudio Oliveira, criador do Grupo Bitcoin Banco que está preso em Curitiba (PR). Intitulada “A vida portuguesa do Rei do Bitcoin”, o texto revela um passado de crimes no país e na Suíça até o desfecho em um bairro curitibano de alto padrão, de onde saiu algemado pela Polícia Federal no dia 05 de julho deste ano, sob acusação de vários crimes.

A publicação conta que Cláudio, então casado com Madalena Domingues (com quem teve uma filha), chegaram a Portugal em um voo vindo da Suíça em 2001 e ficaram hospedados em uma praia chamada Mira, região de Coimbra, cidade natal da esposa. Eles chamaram a atenção dos moradores, pois não era época de receber turistas. Mas Oliveira estava ali para retomar o seu plano de vida como “homem de negócios”, diz a revista.

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Como foi o golpe em Portugal

Ele então comprou uma casa — que nunca pagou, segundo a reportagem —, e montou um escritório. Lá passou a ser conhecido como o “doutor” que havia nascido em berço de ouro, herdeiro de um banqueiro. Aos moradores, ele dizia ser formado em Engenharia Financeira, em Harvard. A partir dali, ele conseguiu fechar parcerias e se tornou sócio em vários empreendimentos, até que no ano seguinte, 2002, recebeu a visita da polícia portuguesa.

Foi um escândalo, diz a Visão, quando as autoridades lhe mostraram um mandado de prisão do governo da Suíça por crimes cometidos no país, onde morou em Lausanne desde os 25 anos. Mais tarde também as autoridades portuguesas também vieram a constatar mais farsas a partir de Mira. O futuro Rei do Bitcoin ficou preso por cinco anos e, segundo a Visão, até hoje há um pacto de silêncio sobre o caso na cidade portuguesa.

Em junho de 2005, descreve o artigo, Oliveira foi condenado a três anos de prisão por estelionato qualificado, abuso de confiança e falsificação de documentos. O golpe, em resumo, era baseado na compra com cheques sem fundos de empresas com dificuldades financeiras. Ao adquirir tais patrimônios, a outra parte do golpe era vender os recursos ainda existentes.

Depois de cumprir esses anos em Portugal, ele ainda ficou preso na Suíça até 2007, quando então foi posto em liberdade, mas impedido de deixar o país, pois havia mais processos contra ele — que por sinal foram julgados com novo pedido de prisão que perdura até hoje. Foi quando ele praticou outro crime. Com passaportes falsos deixou a Suíça, passando  por EUA e Europa até chegar no Brasil.

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Golpe na Suíça

Na Suíça, Cláudio Oliveira criou em 2001 o Unibanko, uma empresa com sede em Genebra que prometia rendimentos de 25% nos aportes financeiros, conta a Visão. O dinheiro dos investidores, contudo, era usado em benefício próprio e também me lavado através de outras empresas controladas por ele. Após queixas dos clientes que não conseguiam movimentar seus fundos e posteriormente investigação policial, o golpista deixou a Suíça às pressas rumo a praia de Mira.

“Desde 2016, o rosto de Cláudio tornar-se-ia presença assídua nas colunas sociais das revistas e jornais brasileiros”. A frase destaca o início das operações de Oliveira no Brasil já que com 50 anos e casado com outra mulher, a também brasileira Lucinara Oliveira, que conheceu pela internet quando ainda estava preso na Suíça. Curitiba, no Paraná, foi escolhida pelo casal para fundar uma das maiores farsas no país, o Grupo Bitcoin Banco (GBB), empreitada que lhe proporcionou o apelido de Rei do Bitcoin.

Passaporte usado por Claudio Oliveira na Suíça (Foto: Reprodução)

Falso ‘Rei do Bitcoin’ no Brasil

O desfecho do negócio ficou bastante conhecido no Brasil, depois que a pirâmide financeira com bitcoin estourou e o grupo parou de pagar os usuários que faziam arbitragem com a criptomoeda a partir da plataforma Negociecoins. Pelo menos 7 mil usuários e um suposto golpe de R$ 1,5 bilhão são números de um processo que corre na Justiça brasileira, que já negou a Cláudio Oliveira três pedidos de liberdade.

Relembre o caso

Cláudio Oliveira, o falso ‘Rei do Bitcoin’, é réu pelos crimes de estelionato, organização criminosa, crime contra a economia popular, crime falimentar, crime contra o sistema financeiro e tentativa de embaraço às investigações.

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Oliveira é acusado de aplicar um golpe de R$ 1,5 bilhão por meio do Grupo Bitcoin Banco, cuja sede ficava em um bairro nobre de Curitiba. A estimativa é que cerca de 7 mil pessoas tenham sido lesadas por ele.

Sua esposa, Lucinara da Silva Oliveira, foi indiciada por estelionato, organização criminosa e crime contra a economia popular.

Outras sete pessoas também foram indiciadas por crimes falimentares. São elas: Ismair Junior Couto, Johnny Pablo dos Santos, Rodrigo Martinelli Laport, Cibele Cristine Golo dos Santos e Janio Cesar Martins Correa.

O Grupo Bitcoin Banco, que operou grande parte de 2018, ganhou notoriedade por negociar dentro do seu sistema cerca de R$ 500 milhões por dia, algo que atraiu boa parte dos 7 mil investidores lesados.

No início de 2019, no entanto, a empresa travou os saques. Na época, o falso Rei do Bitcoin disse que o negócio havia sofrido um ataque hacker, o que foi desmentido posteriormente pela Polícia Civil.

A empresa também conseguiu que a Justiça do Paraná aprovasse um processo de recuperação judicial, o que deu mais tempo para ele dilapidar com os recursos captados das pessoas. A recuperação judicial foi transformada em falência em julho.

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