Preço da LUNA oscila após votação para queima de R$ 4,5 bilhões em tokens

Maioria da rede opta por queimar ativos, em ação deflacionária já feita pelo Ethereum antes
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Foto: Shutterstock

Nada gera mais demanda do que uma redução no fornecimento. Pelo menos, é isso o que deveria acontecer.

Pergunte ao Terra, cuja comunidade é responsável em manter a o protocolo do utility token LUNA e da stablecoin terraUSD desenvolvidos pelo Terraform Labs.

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Na terça-feira (9), a comunidade votou para queimar cerca de 89 milhões de tokens (aproximadamente US$ 4,5 bilhões).

Após a proposta apresentada pelo cofundador do Terra Do Kwon ter sido aprovada, o preço do token disparou de US$ 50 para além de R$ 54, chegando próxima de sua alta recorde de US$ 54,77.

Em seguida, passou por um minicolapso de mercado conforme quase todo o mercado cripto ficou no vermelho. Em poucas horas, o preço havia caído 14%. LUNA, que possui uma capitalização de mercado de US$ 23,5 bilhões, se recuperou para cerca de US$ 48.

LUNA é um utility token para aplicações descentralizadas (ou dapps) desenvolvidas no blockchain Terra. Um de seus principais usos é manter um lastro de 1:1 às stablecoins algorítmicas do Terra.

Mais LUNA é emitido quando a demanda por UST cai; o token é queimado quando a demanda pela stablecoin aumenta.

Ação deflacionária

Após o sucesso da votação, 520 mil LUNA (equivalentes a mais de US$ 25 milhões) foi retirado de circulação, conforme os mais de 88 milhões de tokens restantes serão queimados ao longo das próximas duas semanas, teoricamente aumentando ainda mais o valor do LUNA.

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O voto desta semana combina com o plano maior apresentado pela atualização de rede Columbus-5 no fim de setembro, que alterou a forma e o momento em que Terra queima tokens.

Após a atualização, em vez de transferir LUNA a um pool da comunidade, os tokens LUNA que costumavam emitir a stablecoin seriam permanentemente queimados. A iniciativa foi criada para aumentar o valor do LUNA.

Em maio, Kwon explicitamente considerou a queima de token do Pool da Comunidade Terra como um evento de geração de receita “para impulsionar fundos iniciais ao Ozone Protocol”.

Ozone é, basicamente, um seguro para o uso do crescente setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na sigla em inglês) do Terra.

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O termo DeFi se refere aos protocolos de empréstimo, poupança e negociação que suprimem intermediários, principalmente bancos e corretoras. Ozone ajuda a gerenciar o risco.

Apesar de o Terraform Labs ter sede na Coreia do Sul, suas aspirações DeFi geraram problemas no exterior. Kwon foi notificado pela Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (SEC) quando ia dar uma palestra em uma conferência cripto em setembro.

Em outubro, ele processou a agência por conta da intimação, que tem relação com o Mirror Protocol do Terra. Mirror permite que pessoas negociem versões sintéticas (cripto) de ações do mundo real, incluindo Tesla.

A estratégia de queima do Terra, apesar de ser interessante, não é necessariamente nova.

Caminho percorrido pelo Ethereum

Ethereum teve sucesso em queimar suas próprias moedas.

A bifurcação (ou “hard fork”) London implementou EIP-1559, uma medida que redireciona taxas de transação, antes entregues a mineradores que validam transações, para uma carteira inacessível, onde ethers (ETH) são definitivamente destruídos.

Desde a apresentação dessa medida deflacionária, o preço do ether aumentou mais de 60%, atingindo altas recordes ao longo do caminho.

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Sem dúvidas, usuários do Terra esperam obter rendimentos parecidos.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.