Os novos recursos de privacidade implementados no protocolo da Litecoin (LTC) parece ter desagradado corretoras baseadas em países altamente regulados.
Bithumb e Upbit, duas corretoras sul-coreanas de criptomoedas, anunciaram que vão remover a moeda de suas plataformas por conta de modificações que permitem mais privacidade ao realizar transações com LTC.
Em seus comunicados, Bithumb e Upbit afirmaram que estavam suspendendo o suporte para a 20ª maior criptomoeda em termos de capitalização de mercado porque sua atualização recém-ativada, Mimblewimble Extension Blocks (MWEB), entra em conflito com a regulamentação de proteção à lavagem de dinheiro da Coreia do Sul.
Upbit destacou uma opção na negociação com litecoin que “permite que usuários não exponham informações sobre transações”, manifestando preocupações de que “a tecnologia de transmissão anônima” provavelmente será adicionada à funcionalidade da moeda.
O suporte de mercado para a litecoin na Upbit será encerrado a partir do dia 20 de junho e usuários terão até o dia 20 de julho para sacar seus fundos da corretora.
A Bithumb irá agir mais rápido. Em seu comunicado sobre a remoção da moeda, a exchange enfatizou sua responsabilidade em “proteger [seus] usuários e construir um mercado transparente de ativos digitais”.
A plataforma passou a impedir que usuários depositem litecoin nesta quarta-feira (8) e dará até 25 de julho para que removam completamente suas litecoins da corretora.
Litecoin no resto do mundo
Nos EUA, a litecoin está disponível em grande parte das corretoras cripto, incluindo Coinbase, FTX US e Binance US. Também foi uma das primeiras criptomoedas disponíveis para compra na Robinhood em 2018.
De qualquer forma, as restrições das corretoras sul-coreanas podem pôr o futuro da moeda em xeque.
Atualmente, Coinbase, Robinhood, Binance US, Kraken, Gemini, FTX US e Crypto.com oferecem a negociação de litecoin em suas plataformas, mas não responderam imediatamente a pedidos por comentário do Decrypt.
Moedas de privacidade
No passado, corretoras sempre tiveram cuidado com as chamadas moedas de privacidade, que implementam técnicas avançadas de privacidade que permitem ao usuário preservar seu anonimato.
As moedas de privacidade mais usadas são Zcash (ZEC) e Monero (XMR) que, juntas, têm um valor total de mercado de US$ 4,7 bilhões.
A natureza anônima das transações ao usar esse tipo de criptomoeda concede utilidade a atividades ilícitas e atuam como uma ferramenta possivelmente valiosa para golpistas e hackers lavarem seus fundos.
Uma investigação recente da Reuters alega que a Binance foi um “canal” para a lavagem de US$ 2,35 bilhões em fundos ilícitos e que monero foi fundamental para o sucesso de atores mal intencionados que tentaram ofuscar suas criptomoedas roubadas ao usarem a corretora.
A Binance chamou a investigação de “terrivelmente desinformada” e sugeriu que foi baseada em “informações antigas de 2019 e testemunhos pessoais não verificados como um apoio para criar uma falsa narrativa”, em uma declaração compartilhada com o Decrypt.
Litecoin é uma das criptomoedas mais antigas e mais conhecidas do setor cripto. Em 2017, era uma das três principais moedas por capitalização de mercado. Embora ainda esteja disponível em diversas corretoras cripto, isso pode mudar bastante no futuro se empresas seguirem o mesmo passo que a Bithumb e Upbit.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.