Por que a China baniu as criptomoedas, segundo o Fórum Econômico Mundial

Conclusão é que repressão foi um modo do Partido Comunista Chinês impedir a fuga de capitais, um problema crônico no país
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O Fórum Econômico Mundial publicou uma reportagem em seu site oficial nesta segunda-feira (31) buscando entender quais motivos levaram a China a banir totalmente as criptomoedas em setembro do ano passado. A conclusão: medo da fuga de capitais do país.

Ao elevar a repressão ao nível máximo em 2021, a China alegou que as criptomoedas facilitavam a prática de crimes e que colocavam a economia do país em risco pela alta volatilidade.

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Mas em seu texto, o Fórum Econômico Mundial analisa a possibilidade de o verdadeiro motivo ter sido buscar uma maneira de fechar as portas para que a população chinesa não consiga enviar ativos para o exterior.

A entidade cita o Chainanalysis Blockchain, que registrou que, entre 2019 e 2020, mais de US$ 50 bilhões em criptomoedas deixaram o Leste Asiático.

“Como a China tinha uma presença gigante nas exchanges do Leste Asiático, a equipe do Chainanalysis acredita que muito desse envio de capital para fora foi um fluxo saindo da China. Embora a Chainanalysis não tenha um valor preciso de quanto capital saiu da China entre 2019 e 2020, eles estimam que deva ser mais que US$ 50 bilhões”, aponta a publicação.  

A China estabelece um limite de compra de US$ 50 mil em moedas estrangeiras por ano para seus cidadãos. O Bitcoin estava sendo uma opção para as pessoas conseguirem comprar mais ativos e sem ter a vigilância das autoridades.

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Programa de prosperidade

A reportagem lembra que, em 2017, um mês depois de proibir as exchanges de atuarem no país (a proibição completa viria em 2021), o Partido Comunista Chinês anunciou o “programa de prosperidade”: uma política de aumentar a qualidade de vida da população com um investimento estatal pesado.

O texto especula que barrar as criptomoedas pode ter sido um meio de fazer a classe mais rica da China aceitar pagar mais impostos e contribuir com a riqueza nacional.

“Tudo somado, existem fortes evidências sugerindo que a proibição das criptomoedas foi uma resposta ao frequente problema de fuga de capital da China. Levando em conta a grande soma de capital que já saiu do país por exchanges de cripto, o Partido deve ter ficado ciente de que as criptomoedas estavam exacerbando o problema crônico chinês de fuga de capitais”, conclui a reportagem.