Com o apoio da Interpol, a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu nesta terça-feira (7) seis mandados de prisão preventiva e bloqueou contas de criptomoedas de um grupo de pessoas acusadas de criar um esquema focado em cometer crimes contra brasileiros.
Quatro pessoas foram detidas em Portugal e uma no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, na chamada operação Difusão Vermelha. Um suspeito segue foragido. As informações são do portal Metrópoles e do jornal Correio Braziliense.
Os crimes do grupo consistiam em entrar em contato com brasileiros por meio de ligações e os convencer a investir em supostos sites de day trade e forex. Mas, segundo os investigadores, nenhum investimento era feito. O dinheiro caía direto na conta do grupo criminoso e a vítima via apenas uma simulação na tela do computador ou celular.
Segundo as autoridades, os golpistas veneravam a figura de Jordan Belfort, conhecido como “O Lobo de Wall Street” e famoso por ter sido retratado em filme de Martin Scorcese. Os líderes incentivavam os outros membros a assistirem o longa protagonizado por Leonardo DiCaprio e tinham até um lema: “Pensem em vocês e suas famílias, esqueçam as vítimas”.
Os golpes eram dados por meio dos sites Paxton Trade, Ipromarkets, Ventus Inc, Glastrox, Fgmarkets, 555 Markets e ZetaTraders. Todos foram derrubados na operação desta terça (7), que identificou um cidadão da República Tcheca como o líder da quadrilha.
“A atividade ocorria há pelo menos 4 anos, vitimando milhares de pessoas em território nacional e expatriando milhões de reais via uma bem estruturada operação de criptomoedas”, explicou o delegado Erick Sallum para o Correio.
Foco total em brasileiros
Conforme as reportagens, a operação era muito focada em conseguir lesar brasileiros. Os criminosos usavam um aplicativo para alterar seus números telefônicos no call center. Isso faria com que os brasileiros achassem que as ligações vinham do Distrito Federal – chamadas com números internacionais dificilmente são aceitas.
Além disso, contratavam brasileiros que estavam nos países europeus como imigrantes ilegais para que a conversa seguisse sem sotaques. Eram quatro sedes no exterior e centenas de brasileiros trabalhavam na operação.
Os criminosos incentivavam as pessoas a colocarem todos os recurso disponíveis para tentar reaver valores já perdidos.
“Ocorre que os novos investimentos também geravam outras perdas, alimentando uma bola de neve. Depois de [fazerem as vítimas] perderem todas as economias e se endividarem ainda mais em bancos, quando não tinham mais um centavo para aplicar, os criminosos cortavam os contatos telefônicos, e elas ficavam sem a quem recorrer”, disse o delegado para o Metrópoles.
O delegado afirma que já foram identificadas 945 vítimas, mas a Polícia acreditar que númeor real é muito maior.
“Foram encontradas vítimas que perderam R$ 1,5 milhão ou, também, todas as economias da vida. Alguns gastaram dinheiro que seria usado para tratamento de câncer de familiares e outros, todo o dinheiro recebido de heranças. Diversas vítimas tiveram rompimento de casamentos e laços familiares. Várias [entraram] em depressão, com tendências suicidas”, disse.
Os suspeitos foram indiciados pelos crimes de fraude eletrônica, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, cujas penas somadas ultrapassam 50 anos de prisão.
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