Polícia Civil investiga estranho caso de crime com bitcoin e chantagem em prefeitura

Hackers teriam travado sistema e pedido cerca de R$ 280 mil em bitcoin
Imagem da matéria: Polícia Civil investiga estranho caso de crime com bitcoin e chantagem em prefeitura

Policiais cumprem buscas em Biguaçu (SC). Imagem: DIvulgação/PC

A Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC) deflagrou na última quarta-feira (09) a ‘Operação Co-incidência’ para cumprir mandados de busca e apreensão na prefeitura de Biguaçu e em endereços de servidores investigados por “associação criminosa, contratações irregulares, e possível existência de funcionário fantasma”. Além disso, há um caso controverso de invasão hacker com pedido de resgate em bitcoin.

O suposto crime cibernético teria ocorrido na rede de informática da prefeitura em junho deste ano. À reportagem do Balanço Geral Florianópolis, o vice-prefeito da cidade, Vilson Norberto Alves, negou que o hack tenha sido inventado, já que a polícia investiga nessa linha.

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“Como que nós íamos fazer uma simulação de um ataque de um hacker para ocultar ou tirar qualquer coisa do sistema e ficarmos paralisados por 30, 40 dias. Foram todas as nossas secretarias, não foi uma repartição, foram todas”, disse Alves ao programa da Record.

Nas imagens da reportagem é mostrado um trecho do boletim de ocorrência, registrado na época pela servidora Daniela Garcia Fabrício Galiani, secretária de Administração do município. No documento, ela conta que a rede da prefeitura foi criptografada e que os hackers teriam pedido 3 bitcoins para liberar o sistema. Na cotação de hoje, se convertidos em reais, os bitcoins valeriam em torno de R$ 280 mil.

Chantagem com bitcoin 

Em nota à imprensa na quinta-feira (10), por meio do escritório Lofy, Marinho & Bizatto Advogados, Daniela Garcia emitiu um Direito de Resposta onde refuta integralmente as acusações. “O que existem são interpretações equivocadas da Autoridade Policial para levar a crer que a Sra. Daniela teria cometido algo ilícito”, diz um trecho do documento enviado ao Portal do Bitcoin.

A servidora confirmou que houve o ataque hacker cujos criminosos exigiam vultosas quantias como resgate. Disse, ainda, que colaborou integralmente com a equipe policial, entregando voluntariamente seu aparelho de telefone celular e 2 computadores pessoais, além de um pendrive e uma agenda com anotações pessoais.

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Operação em Biguaçu

De acordo com a PCSC, as diligências solicitadas pela Justiça catarinense para averiguar se houve crimes contra a administração pública em Biguaçu, foram realizadas em 16 endereços residenciais dos investigados, secretarias municipais, setores administrativos da Prefeitura e em um gabinete da Câmara de Vereadores.

No dia da operação, em nota no site da prefeitura, a administração afirmou que estava colaborando com a polícia, cedendo todas as informações solicitadas, “visando a elucidação dos fatos”.

E ressaltou o ataque cibernético. “Cabe esclarecer ainda que, neste ano, o servidor de dados da Prefeitura sofreu ataque hacker, o que foi prontamente levado às autoridades policiais para averiguação”.

Leia na íntegra a nota da defesa da servidora Daniela Garcia Fabrício Galiani:

“A defesa da Secretária Municipal de Administração de Biguaçu, Daniela Garcia Fabricio Galiani, informa que em relação ao cumprimento do mandado de busca e apreensão realizado na data de ontem (09/12/2020) em sua residência, colaborou integralmente com a equipe policial, entregando voluntariamente seu aparelho de telefone celular e 2 computadores pessoais, além de um pendrive e uma agenda com anotações pessoais.

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Desde já refuta integralmente as caluniosas acusações de que tenha, em conluio com outros servidores, realizado falsa comunicação para acobertar crimes de terceiros. É fato público e notório que os servidores de informática da Prefeitura Municipal de Biguaçu sofreram um ataque hacker no decorrer deste ano, onde os criminosos exigiam vultuosas quantias como “resgate” das informações criptografadas, o que será cabalmente demonstrado no processo – inclusive com a participação de setores técnicos da DEIC na tentativa de decifrar a criptografia hacker.

Entretanto, o que existem são interpretações equivocadas da Autoridade Policial, para levar a crer que a Sra. Daniela teria cometido algo ilícito, o que, como já dito, se refuta veementemente.

Destaca-se ainda entender ser totalmente desnecessária a realização desta busca e apreensão, uma vez que sempre colaborou com todas as informações que lhe foram solicitadas pelas autoridades policiais.

Por fim, acerca da falsa notícia de que seu esposo Roberto Diniz Morim Galiani teria sido preso em flagrante por posse de arma de arma de fogo, salienta-se que o Sr. Roberto possui o devido registro da referida arma, sendo esta uma herança de seu pai, falecido em 1998. O Sr. Roberto foi conduzido até a Delegacia de Polícia para simples averiguação da regularidade da documentação – o que foi certificado pela autoridade policial – sendo o Sr. Roberto imediatamente liberado e lhe foi devolvida a posse da arma.

No entanto, apesar da indignação pelas caluniosas acusações, a Sra. Daniela recebe com tranquilidade qualquer ato investigatório sobre sua atuação como Secretária de Administração, desde que feito com imparcialidade e isenção de ânimos.”

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LOFY, MARINHO & BIZATTO ADVOGADOS WILLIAN LOFY, Advogado – OAB/SC 21.975