Países devem se apressar para estabelecer estruturas legais para CBDCs, diz diretor do BIS

Para o diretor geral do BIS, Agustin Carstens, o trabalho para resolver estas questões precisa começar em ritmo acelerado
Imagem da matéria: Países devem se apressar para estabelecer estruturas legais para CBDCs, diz diretor do BIS

Agustin Carstens, diretor geral do BIS (Foto: Reprodução/BIS)

O diretor geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Agustin Carstens, compartilhou nesta quarta-feira (27) na conferência BISIH-FSI sua visão sobre as moedas digitais de Banco Central, mais conhecida na sigla CBDC. Para o diretor da entidade que é considerada o “banco dos bancos”, os países devem estabelecer estruturas legais para apoiar a nova classe de ativos.

“É simplesmente inaceitável que quadros jurídicos pouco claros ou desatualizados possam impedir a sua implantação. O trabalho para resolver estas questões precisa começar a sério. E precisa prosseguir em ritmo acelerado”, disse Carstens durante seu discurso. “Isto precisa ser corrigido”, acrescentou.

Publicidade

Durante a leitura de sua fala, cujo texto foi intitulado ‘Legitimidade, Privacidade, Integridade, Escolha: Rumo a um quadro jurídico para moedas digitais do banco central’, Carstens também discorreu sobre o papel dos bancos centrais e suas iniciativas sobre o tema:

“O público exige, com razão, formas de dinheiro que satisfaçam as suas necessidades e expectativas. Os bancos centrais têm um mandato para atender a essas demandas e fizeram investimentos significativos para atender aos requisitos técnicos e operacionais das CBDCs”.

De acordo com o diretor, uma CBDC também precisa funcionar dentro de uma estrutura de direitos e obrigações claramente definidos. “Na minha opinião, pelo menos três elementos fundamentais devem ser preservados: a privacidade dos usuários da CBDC; a proteção dos seus dados; e a integridade do sistema financeiro”, ressaltou.

Mudança de discurso

No início do ano e já meio a pressões regulatórias sobre moedas digitais, Carstens ainda tinha dúvidas sobre a nova modalidade de ativo, conforme seu discurso em um evento promovido pela Monetary Authority of Singapore (MAS), órgão regulador de Singapura, onde disse ter “sérias dúvidas sobre a capacidade das stablecoins de funcionarem como dinheiro”.  

Publicidade

Há cerca de cinco anos, Agustin Carstens também tinha uma visão cética do setor cripto. “As autoridades devem se preparar para agir contra a invasão das criptomoedas para proteger consumidores e investidores”, disse ele na época, durante uma palestra em Frankfurt, na Alemanha.