Imagem da matéria: Os planos da China para assumir a hegemonia na tecnologia blockchain
Foto: Shutterstock

Em outubro de 2019, o presidente chinês Xi Jinping declarou que a tecnologia blockchain é estratégica e de prioridade nacional. Desde então, a China já lançou sua própria moeda digital, criou uma blockchain nacional chamada BSN e alcançou domínio mundial no registro de patentes em blockchain.

Quando o assunto é blockchain ou criptomoedas a China tem presença frequente nos noticiários. Em busca da vanguarda em um mercado de fronteira tecnológica, a administração chinesa continua divulgando mecanismos de incentivo ao desenvolvimento do setor digital. Confira, a seguir, nossa análise dos planos nacionais que visam colocar a China na hegemonia do mercado de blockchain até o ano de 2025.

Publicidade

Planos nacionais para desenvolvimento de tecnologia blockchain

O mês de julho de 2020 foi um momento decisivo, quando o governo da capital Beijing divulgou um plano para implementação de tecnologia blockchain em diversas aplicações municipais. Esse plano tem um escopo de dois anos e é denominado “Beijing Blockchain Innovation Development Action Plan (2020-2022)”. O objetivo principal é que, até meados de 2022, a cidade de Beijing se torne um centro de referência mundial em blockchain.

Entre as ações programadas estão aplicações tecnológicas diretas nas áreas de e-commerce, segurança e saúde pública, registros imobiliários, cadeias de suprimentos e pagamentos internacionais. O plano também estabelece a destinação de investimentos para pesquisas em blockchain. Essas pesquisas seriam realizadas em bases especiais localizadas em vários distritos, incluindo Haidian, Tongzhou e Chaoyang. A proposta busca incentivar a inovação e manter a China à frente nos registros de patentes em blockchain.

E Beijing não está sozinha. Muitas outras cidades e províncias chinesas também já fizeram declarações análogas, indicando a aplicação dessas tecnologias em áreas similares às anunciadas pela capital. Xiong’an já utiliza blockchain para gerenciar financiamentos e aluguéis de propriedades, enquanto Hainan foca nos setores de turismo, comércio, saúde e moradia.

Uma das reiterações mais recentes do governo chinês ocorreu na divulgação do 14º plano de desenvolvimento quinquenal da China, de 2021-2025. O documento funciona como um guia para o desenvolvimento social e crescimento econômico do país, trazendo o termo “blockchain” pela primeira vez na história. No capítulo que discursa sobre a aceleração do desenvolvimento digital da China consta a seguinte afirmação: “Nós promoveremos e fortaleceremos as indústrias digitais emergentes, como IA, big data, tecnologia blockchain, computação em nuvem e a segurança de computadores”. A declaração ratifica o compromisso chinês em sequência ao plano 2020-2022.

Publicidade

Um padrão blockchain nacional chinês

O próximo passo será o lançamento de um padrão nacional chinês para blockchain, em 2022. A notícia foi divulgada por Li Ming, diretor do “Blockchain Research Office”, durante a quinta edição da competição “China Blockchain Development” em Chengdu, Sichuan. A informação é de que o padrão já foi criado e agora tramita em processo de aprovação.

Li Ming fez um paralelo justificando a necessidade de criação de um padrão desse tipo. Ele menciona o caso das tecnologias de wi-fi e bluetooth, cuja padronização industrial é o que permite uma conexão generalizada entre os diferentes aparelhos existentes no mercado.

No ano passado, a União Internacional de Telecomunicações já havia repassado uma série de padrões blockchain com aplicações financeiras. Esses padrões foram desenvolvidos em associação com o Banco Popular da China, a Academia Chinesa de Tecnologia de Comunicação e Informação e a empresa Huawei.

O que se pode concluir das estratégias adotadas pela administração chinesa?

Está claro que o conjunto de estratégias adotado pela China visa colocar o país à frente na exportação de tecnologia e de produtos em blockchain com fabricação chinesa. A aposta é de que o mercado blockchain em ascensão alcançará uma importância econômica global significativa ao longo das próximas décadas.

Publicidade

De fato, a China já lidera o setor há muitos anos, mesmo com todas as políticas anticriptomoedas em vigor no país. Entre 2010 e 2017, quando não haviam tantas restrições oficiais, a China concentrava o maior volume mundial de mineradoras de criptomoedas, corretoras, usuários, transações diárias em cripto e desenvolvedores de aplicativos descentralizados (dApps). Isso fez com que o país funcionasse como um grande laboratório de ensaios e desenvolvimento tecnológico, liderando a produção de propriedade intelectual no setor.

Mas mesmo hoje, com o banimento completo das criptomoedas, grande parte dos especialistas e desenvolvedores em blockchain são chineses ou estão associados à China. E o país assume uma posição de incentivo à pesquisa e à inovação, contanto que não se ultrapassem os limites e não haja tokens envolvidos. Apesar de parecer contraditória, essa regulamentação é prática e clara, o que é mais benéfico do que a ausência de regulamentações e/ou planos oficiais, como ocorre na maioria dos países.

Uma política similar foi adotada na época do desenvolvimento das tecnologias relacionadas à internet, 20 anos atrás. Ela acabou levando a China a um posto de destaque mundial com suas plataformas virtuais, especialmente no que se refere a tecnologias móveis. Dessa forma, é muito provável que a China alcance seus objetivos e domine esse mercado nos próximos anos.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: JPMorgan faz 1ª transação com títulos do Tesouro dos EUA tokenizados em blockchain

JPMorgan faz 1ª transação com títulos do Tesouro dos EUA tokenizados em blockchain

Operação marca aprofundamento do banco no universo Web3 e uso de tecnologias DeFi por instituições tradicionais
ilustração de homem encapuzado em meio a tela de negoicação cripto espelhada

Com 1 dólar, hacker invade projeto DeFi e rouba US$ 2,1 milhões em criptomoedas

Exploração na MobiusDAO custou apenas 0,001 BNB ao invasor, que cunhou 9,7 quatrilhões de tokens em minutos
Logo do protocolo Curve finance

Curve Finance sofre ataque DNS e emite alerta urgente aos usuários

O projeto DeFi garante que os fundos dos usuários estão seguros, porém seu site principal foi comprometido
Imagem da matéria: Caixa investe R$ 1,3 milhão para desenvolver soluções em blockchain

Caixa investe R$ 1,3 milhão para desenvolver soluções em blockchain

A empresa de blockchain contratada vai trabalhar em um laboratório de inovação voltado ao setor público