Imagem da matéria: Os ordinals devem ser banidos da blockchain do Bitcoin? O que dizem os especialistas
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A popularização da tecnologia Ordinals com as “inscrições” de NFTs na blockchain do Bitcoin causou um aumento de demanda de uso na rede, que viu um aumento da competição pelo escasso espaço disponível nos blocos de transações.

Há quem olhe essa nova demanda com otimismo, neutralidade ou rejeição — posições que vêm fomentando o debate na comunidade do Bitcoin.

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O debate sobre a possibilidade de se impor um banimento nos Ordinals passou a ser um tópico contundente na comunidade.

Lorenzo Maturano (@lorenzo_lfm), desenvolvedor da Bipa, conta em entrevista ao Portal do Bitcoin que tem “pouco interesse” nesses casos de uso para a tecnologia, porém gosta “quando as pessoas são criativas com o Bitcoin”.

O cientista de dados, Breno Brito (@brenorb), também não é um entusiasta pessoal de NFTs como arte, mas gosta da aplicação para outros usos e enxerga essa criatividade de forma positiva: “Eu gosto da ideia de aceitar e levar para frente”. Ele explica que “não tem como” impedir. “Estamos em uma rede não-permissionada”, lembra.

Brito ainda citou o desenvolvedor colaborador do Taproot, Andrew Poelstra:

“Sempre existirão maneiras de colocar dados indesejados na rede”

O debate na comunidade global, com apoio de Luke Dash Jr

No dia 8 de maio, o debate esquentou com uma fala do desenvolvedor do Bitcoin Core, Luke Dash Jr, que foi reproduzida no Twitter. O comentário foi feito na lista de e-mail [bitcoin-dev] em resposta a um questionamento levantado por Ali Sherief, um engenheiro de software.

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Em seu e-mail de abertura sobre o problema, Ali Sherief identifica o assunto como [Mempool Spam] e pergunta se: “Devemos, como desenvolvedores, rejeitar” as “transações fora do padrão”.

Ele cita os níveis massivos de congestionamento na rede com precedente de 2017 e o fato dos tokens criados com a tecnologia dos Ordinals terem sido classificados como “inúteis” pelo próprio criador do padrão BRC-20.

Além disso, apontou que usuários de transações monetárias comuns estão sendo excluídos de sua capacidade de transacionar devido às altas taxas.

As atualizações passadas, SegWit e Taproot, possibilitam a exploração de algumas funcionalidades para inscrever, armazenar e trocar imagens e contratos inteligentes utilizando o que é chamado de “satoshis ordinais”.

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“Satoshis” são menor unidade do BTC e sua transformação em um ativo “ordinal” é o que dá nome ao protocolo que está sendo utilizado: Ordinals.

BRC-20 é o padrão de tokens criado com base neste protocolo, fazendo referência aos tokens ERC-20 do Ethereum. Atualmente sendo massivamente utilizado para a criação de memecoins no Bitcoin, que já negociam com mais de US$ 1 bilhão em capitalização de mercado.

Ali Sherief, propõe algumas soluções para “censurar”, em suas próprias palavras, transações de Ordinals que, segundo ele, abusam da atualização Taproot.

O 14° maior contribuidor do código do Bitcoin, Luke Dash Jr, se manifestou favorável à “correção deste bug”, conforme descreveu a implementação de um filtro de transações que exploram essa característica. Luke acredita que uma ação já deveria ter sido tomada há meses e afirma que soluções que “filtram spam sempre foram algo padrão do Bitcoin Core”.

Lorenzo Maturano explicou ao Portal do Bitcoin que Luke já roda uma versão de seu Full Node que identifica as transações no padrão que ele considera como spam e “não as transmite para os outros nós da rede”. O que não impede que as transações sejam confirmadas por outros nós que concordem recebê-la, ou enviadas diretamente para mineradores que concordem acrescentá-las em blocos válidos.

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A última mensagem na lista de e-mail com a discussão, é assinada por Jaroslaw, que argumenta que o “verdadeiro motivo” na urgência em solucionar essa questão só surgiu agora com “US$ 30 de taxa por transação“; e não por conta do “spam em si”.

Sobre isso, Breno Brito explica ao Portal do Bitcoin que a noção de “spam é uma questão subjetiva”, dependendo da percepção moral de cada um sobre o que deve ou não ser inserido na blockchain do Bitcoin.

O que dizem os especialistas sobre o banimento dos Ordinals do Bitcoin?

No Twitter, o proeminente Adam Back, co-fundador da Blockstream, concorda com a citação “vocês não podem pará-los” (sem fonte), se referindo aos Ordinals:

“Bom, claro! O Bitcoin foi desenhado para ser resistente à censura. O que não nos impede de fazer comentários sobre o desperdício e estupidez disso. Ao menos deveriam fazer algo eficiente. Do contrário, isso é apenas mais um teste de consumo sobre os espaços de blocos”.

Se mostrando contrário à censura das polêmicas transações que estão inundando a blockchain do Bitcoin, mas ainda defendendo o direito de manifestação pública contrária a prática.

Em outro espectro, o influenciador de NFTs “Leonidas OG” se mostra otimista com a aplicação dos Ordinals para a cunhagem de criptoativos enquanto comenta que são “as limitações do Bitcoin” que fazem dos tokens “BRC-20 extremamente simples”. O que ele acredita que está se tornando “sua maior força”.

Os criadores da coleção Taproot Wizards, Eric Wall e Udi Wertheimer, têm sido constantemente atacados no Twitter por alguns apoiadores do Bitcoin que os acusam como responsáveis pela situação atual da rede. A Taproot Wizards foi a primeira coleção dos Ordinals NFTs a ganhar popularidade e ambos são figuras influentes na comunidade do Bitcoin.

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Eric Wall aponta como positivo que 90% de seus “mágicos” são negociados em carteiras não-custodiais e que o estado atual da rede será positivo para aumentar a adoção da Lightning Network.

Breno Brito concorda com o último ponto e afirma que a Lightning foi criada e ganhou mais importância em momentos históricos semelhantes, com maior uso da rede do Bitcoin e aumento de taxas. E se mostra otimista com a possibilidade de novas soluções, ou melhorias para as soluções antigas, sendo desenvolvidas pela necessidade atual.

Breno e Lorenzo dizem que a consequência de tudo isso (para o bem ou para o mal) é o aumento das taxas — o que já é algo esperado que aconteça no Bitcoin, com a queda de subsídio dos blocos a cada novo halving.

Leia mais sobre o halving: Falta um ano para o evento que pode catapultar o preço do Bitcoin

Quais as possíveis consequências da exclusão dos Ordinals?

A decisão de proibir a aplicação dos Ordinals poderia trazer uma divisão à rede do Bitcoin que, segundo o “influenciador dos influenciadores”, Vlad, seria o verdadeiro ataque.

Uma divisão é possível, pois a ala favorável ao protocolo, ou então apenas contrária à censura, poderia se recusar a instalar a versão do software que “corrige o bug”, de acordo com Luke Jr. O que poderia levar a uma divisão da rede — criando duas ramificações incompatíveis e dividindo os recursos existentes com, possivelmente, a criação de uma nova criptomoeda nativa.

No passado o Bitcoin (BTC) já sofreu uma divisão que originou o Bitcoin Cash (BCH), ramificação da rede que aumentou o tamanho dos blocos.

Sobre o possível conflito, o cientista de dados, Breno Brito, acredita que existe uma chance baixa de acontecer, pois uma “guerra” precisa de muito apoio para ser levada adiante. E ele aponta que pode existir uma grande injeção de capital para financiar a segurança do Bitcoin com o “uso de NFTs por investidores ricos que compram por status”.

Apesar de um posicionamento favorável, Breno atenta para uma possível diminuição da fungibilidade do BTC caso o uso ganhe muita popularidade, o que poderia ser seu contra-ponto negativo.

“No Bitcoin como dinheiro, a fungibilidade é uma propriedade que a gente gostaria de manter, diz Breno”.

Leia mais sobre NFTs → Bitcoin Stamps: Conheça o projeto que está invadindo a rede da maior criptomoeda do mundo

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