O que é restaking? Tendência polêmica do Ethereum agora é mercado de US$ 8 bilhões 

Protocolos de restaking que permitem gerar nova liquidez com tokens já travados na rede são vistos como “risco sistêmico” por Vitalik Buterin, criador do Ethereum
Arte digital mostra mãos operando um celular que projeta moedas

Shutterstock

O valor total bloqueado (TVL) em plataformas de restaking aumentou consideravelmente nos últimos meses e ultrapassou a casa de US$ 8 bilhões, de acordo com dados on-chain divulgados pelo The Block.

Restaking (ou ‘re-staking’) é uma atividade na qual o validador de uma blockchain, por exemplo, do Ethereum, consegue gerar uma nova liquidez com seu ETH travado em staking, reutilizando-o em protocolos terceiros como garantia para tomar empréstimos ou se expor a novos investimentos de risco.

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Em resumo, o restaking permite dar uma nova utilidade ao ether que até então ficava parado no staking, abrindo a porta para o investidor tentar aumentar os lucros para além das recompensas de staking geradas no sistema “tradicional”.

O protocolo Etherfi lidera em os valores bloqueados de tokens em restaking líquido (LRTs) com mais de US$ 3,2 bilhões, seguido por Renzo (US$ 2 bilhões) e Puffer (US$ 1,3 bilhão). Todos viram um aumento de captação nos últimos meses ao utilizarem o EigenLayer, protocolo que possibilita o restaking.

Conforme descreve o site do projeto, o EigenLayer permite o depósito e restaking de ether de vários tokens de staking líquido, com o objetivo de alocar esses fundos para proteger protocolos de terceiros.

Protocolos de staking líquido geram novos tokens para representar o ether travado em staking do investidor. A Lido Finance, por exemplo, é a maior provedora de staking líquido da indústria cripto, e gera o token “stETH” para representar o ether em staking. O stETH, por sua vez, pode ser usado pelo investidor em aplicações de restaking.

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Vitalik Buterin e Coinbase criticam restaking 

Há cerca de um ano, o cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, alertou sobre os riscos que o restaking pode gerar como modalidade de investimento. Segundo ele, restaking “traz altos riscos sistêmicos ao ecossistema e deve ser desencorajado e combatido”.

Na ocasião, em que fez referência principalmente ao protocolo EigenLayer, Buterin também alertou a comunidade sobre a tentativa destes desenvolvedores em “recrutar apoio comunitário para estas aplicações”.

Na terça-feira (2), a corretora Coinbase também fez um alerta sobre os riscos do restaking à medida que este se torna o segundo maior setor de finanças descentralizadas (DeFi) no Ethereum.

Os analistas David Han e David Duong da corretora escreveram que a o crescimento do restaking “poderia levar a riscos ocultos de estratégias de staking não transparentes ou deslocamentos temporários de seus fundamentos”, uma vez que o rendimento esperado pode “não corresponder às expectativas extremamente altas estabelecidas pelo mercado”.

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Eles acrescentam que investidores migrando para os provedores de restaking que oferecerem as maiores recompensas geram riscos adicionais, já que esses provedores tentarão maximizar as recompensas cada vez mais para atrair mais usuários.

“Acreditamos que o que importará serão as recompensas ajustadas ao risco e não as recompensas absolutas, mas pode ser difícil ter transparência sobre isso. Isso poderia levar a riscos adicionais, já que os provedores são incentivados a fazer restaking múltiplas vezes para permanecerem competitivos”, finalizam.

Até então, a Coinbase mantinha uma postura menos crítica em relação ao restaking. Em janeiro, a corretora elogiou o protocolo mais popular do setor, EigenLayer, descrevendo-o como “um novo primitivo que está mudando a maneira como pensamos sobre staking e negócios no Ethereum”.

“Em nossa opinião, os protocolos centrados no staking — e, mais recentemente, no restaking — estão preparados para inaugurar uma espécie de “renascimento DeFi” centrado em rendimentos reais”, escreveu a corretora na época.

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