É bem provável que você não tenha ouvido falar da Findora, uma blockchain com foco em privacidade que “possibilita que usuários compartilhem informações sem precisar mostrá-las”.
Se a estratégia der certo, a oculta blockchain que está sendo desenvolvida pela Discreet Labs pode competir com as conhecidas criptomoedas de privacidade Zcash (ZEC) e Monero (XMR).
O projeto anunciou nesta quarta-feira (27) que um fundo de ecossistema de US$ 100 milhões será usado na pesquisa e no desenvolvimento de novas aplicações e infraestrutura, como staking e liquidez.
O dinheiro, que será alocado ao longo dos próximos nos cinco anos, vem de diversas fontes. O projeto arrecadou milhões de dólares em uma rodada de financiamento privado liderada pelo Polychain Capital.
Parte desse investimento era na forma de criptoativos e a grande alta na capitalização de mercado ajudou a aumentar o tesouro da Findora. Uma oferta pública de seu token nativo FRA, realizada em dezembro, também foi de grande ajuda.
Parte da proposta de valor da Findora é unir elementos das finanças tradicionais aos princípios de privacidade.
Findora vs Monero e Zcash
Enquanto alguns protocolos de privacidade, como Zcash e Monero, dão prioridade ao anonimato em vez da auditabilidade, Findora utiliza “acordos de confidencialidade seletivos” que permitem auditorias por terceiros.
Além disso, a Findora quer levar os recursos de privacidade dessas blockchains para uma rede bastante inspirada no Ethereum (uma blockchain de primeira camada na qual as pessoas podem desenvolver seus projetos). Em setembro, a Findora integrou o Ethereum Virtual Machine (EVM) para implementar contratos autônomos.
“Algumas pessoas afirmam que é uma versão mais programável do Zcash”, afirmou Warreb Paul Anderson, vice-presidente de produtos no Discreet Labs, ao Decrypt.
“Ou alguém disse que é uma versão mais ética do Monero. Não é uma ofensa a nenhuma das equipes. Na verdade, operamos uma tecnologia bem semelhante”. Anderson acrescentou que a equipe de pesquisa da Findora criou a tecnologia “à prova de balas” utilizada pelo Monero.
No entanto, a programabilidade é um grande passo. Findora visa criar aplicações descentralizadas, permitir que as pessoas criem seus próprios tokens na blockchain e acrescentem stablecoins à mistura.
Se você acha que isso se parece muito com as Finanças Descentralizadas (DeFi), acertou. Anderson espera ver exchanges descentralizadas (DEXs), protocolos de empréstimo e aplicações de pagamentos chegando na Findora como reflexo do novo financiamento.
Desenvolvedores podem se inscrever para obter bonificações da Findora Foundation para desenvolver protocolos ou plataformas e membros da Findora DAO (organização autônoma descentralizada) poderão usar seus tokens FRA para votar em quais desenvolvedores serão financiados.
Validadores também podem se candidatar para obter financiamento conforme a blockchain ganha novos usuários.
Aqueles que utilizam o FRA também irão receber recompensas. A equipe da Findora promove recompensas anuais de cerca de 250% para aqueles que começarem a fazer o staking, serviço disponibilizado hoje na rede principal, junto com a delegação.
Possíveis stakers, validadores e desenvolvedores devem ter em mente que Findora não é repleto de maximalistas do anonimato, pois possui sua própria filosofia.
“Algo importante que sempre falamos é a diferença entre privacidade e sigilo”, explicou Anderson. “Privacidade significa que você não quer que o mundo saiba de tudo. Sigilo significa que você não quer que ninguém saiba algo”.
Findora tem orgulho de apoiar a privacidade, mas não quer mais que sua rede continue sendo um segredo.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Decrypt.co.