Mesmo que a credenciadora de cartões Cielo venha enfrentando uma crise com a maior competição no mercado, a diretoria seguem bem-remunerada. Em 2019, os oito diretores receberam R$ 45,67 milhões da empresa apesar do desempenho ter sido 50% inferior ao de 2018.
Os 11 integrantes do Conselho de Administração ficaram com R$ 3,643 milhões desse total, enquanto aos responsáveis pelo Conselho Fiscal coube uma fração de pouco mais de R$ 600 mil.
Em 2018, quando o cenário era mais positivo, o movimento foi semelhante. Segundo o balanço da Cielo, sete diretores receberam R$ 42,7 milhões dos R$ 47 milhões que a empresa destinou aos integrantes dos órgãos de administração. Outros R$ 3,732 mi ficaram com o Conselho de Administração e pouco mais de R$ 514 mil foram para o Conselho Fiscal.
Procurada pela reportagem para comentar as remunerações, a Cielo não se manifestou até o a publicação deste texto.
Resultados desfavoráveis
Os pagamentos aos diretores contrastam com os resultados desfavoráveis que a Cielo vem registrando. Em 2019 a credenciadora de cartões fechou com lucro de R$ 1,58 bilhão, cifra 50% menor em relação ao ano anterior. Segundo a empresa, foi um reflexo do aumento da competição no mercado e do aumento das despesas em razão dos investimentos na força comercial.
Em meio à pandemia, os resultados da Cielo também vem sofrendo. No segundo trimestre (finalizado em junho) o prejuízo líquido foi de R$ 75,2 milhões, revertendo o lucro de R$ 166,8 milhões obtido no período anterior.
Em comunicado à imprensa, a Cielo afirmou que fez novas provisões para o impacto da pandemia e que tem tomado iniciativas para readequar a sua estrutura de custos e de capital.
“Diante de possíveis cenários de extensão do isolamento social e consequente alongamento de restrições de liquidez do mercado, a empresa acredita que possui capacidade de gerenciar seu caixa de forma a fazer frente a todos seus compromissos”, concluiu a Cielo na divulgação dos resultados.
Apesar da crise, a Cielo é a empresa líder no mercado nacional de certificadoras de pagamentos, respondendo por 41% no segmento. No entanto, vem enfrentando forte concorrência de empresas como Rede, Stone, PagSeguro, Safra e outras.
A polêmica com Facebook
Um outro revés recente sofrido pela Cielo foi o veto do Banco Central e do Cade Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) à parceria com o Facebook para integrar um sistema de pagamentos por meio do WhastsApp, no final de junho.
Dias depois, tanto a big tech quanto a Cielo conseguiram convencer o Cade de que o modelo de parceria possibilita a participação de outros agentes do setor. No entanto, ainda permanece vigente o veto do Banco Central ao negócio.
- Leia também: Banco Central anuncia lançamento de cédula de 200 reais e nega retrocesso em relação ao PIX