Clientes do Mercado Bitcoin, considerada a maior exchange brasileira atualmente, ganharão uma alternativa ao sistema bancário para movimentar dinheiro e realizar investimentos em criptoativos. É o que pretende a conta digital lançada em parceria com a fintech Meubank, instituição de pagamentos que busca regulação junto ao Banco Central.
A conta digital, anunciada oficialmente pelas duas empresas nesta quarta-feira (11), pretende também simplificar o ato de investir em criptoativos a partir da interface oferecida pela conta no Meubank. A fintech tem a exchange e o fundo de investimento Gear Ventures como sócios.
“Entendemos que tem um público muito grande que quer entender o que é o criptoativo, mas não precisa entender a dinâmica de negociação. Quer apenas comprar e vender. Então o Meubank sai com essa proposta de poder simplificar e ser uma plataforma de investimento em ativos alternativos”, comenta Gustavo Chamati, sócio-fundador do Mercado Bitcoin.
“O DNA do Meubank é ser uma instituição de pagamentos voltada para ativos alternativos, que vai possibilitar aos clientes acessá-los em carteira pré-paga e usar esse dinheiro no varejo”, completa Gleisson Cabral, CEO do Meubank.
O funcionamento da conta digital será garantido pela Matera, empresa que desenvolve soluções para o mercado financeiro e de pagamentos.
Opção aos bancos
Além da estrutura mais amigável para investimentos em criptomoedas, caberá ao Meubank ser a primeira opção de processamento das transações do Mercado Bitcoin, que contabiliza 1,9 milhão de clientes.
Com a conta digital, segundo Chamati, não será necessário aguardar pelas compensações bancárias para realizar transações que envolvam moedas fiat e digitais.
“A ideia de ter o Meubank surgiu de a gente poder fazer com que o cliente seja atendido a hora que ele quiser, assim como já é no mercado cripto”.
Ao priorizar o processamento pela conta digital, a exchange também abre uma alternativa para ela própria em relação aos bancos, que vivem uma relação conflituosa com as corretoras de criptomoedas.
O Mercado Bitcoin é uma das exchanges que teve problemas recentes com instituições bancárias que encerraram contas correntes sem aviso prévio. Alguns casos chegaram à Justiça.
Regulação como trunfo
Um dos pontos ressaltados na parceria entre Mercado Bitcoin e Meubank é a capacidade da instituição de pagamentos se submeter à regulação pelo Banco Central.
Essa obrigatoriedade ocorre quando uma instituição financeira passa, por exemplo, a transacionar valores que superam R$ 500 milhões ou a ter pelo menos R$ 50 milhões sob sua custódia. A expectativa é que o volume a ser movimentado pelos clientes do Mercado Bitcoin na plataforma do Meubank seja suficiente para atingir esse patamar.
“Não preciso de uma pré-aprovação do BC para operar como IP, mas ao atingir um certo nível o BC entende que você está muito grande para quebrar e aí você precisa ser regulado”, explica Cabral. Segundo o CEO do Meubank, todo o modelo de negócio está sendo moldado para atender a esses critérios.
Ao operar com criptoativos em um ambiente regulado – ainda que indiretamente – pelo Banco Central, a dupla quer mostrar também que já existe um nível profissional no mercado cripto que permite sua expansão e reconhece os atores que de fato são relevantes.
“Somos capazes de transitar entre o mercado regulado e o ainda não regulado. O que estamos fazendo com o Meubank é atender uma regulação existente para poder melhorar e tornar mais fácil o acesso a essa tecnologia que são os ativos digitais”, comenta Chamati.
De olho no PIX
O PIX, sistema de pagamentos instantâneos em desenvolvimento pelo Banco Central e prometido para novembro, é outra novidade vista bom bons olhos pela dupla.
“Sem sombra de dúvida, quando o PIX for liberado, o Mercado Bitcoin vai funcionar 24 horas”, afirma Cabral.
A partir de um parceiro mantido ainda sob sigilo que é participante obrigatório do PIX, o Meubank diz que vai figurar como participante indireto do serviço. A entrada do sistema em vigor permitirá à fintech avaliar se é mais vantajoso ingressar diretamente no SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), a partir da regulação do Banco Central, ou continuar a operar de forma indireta.