A abertura de capital na B3 (B3SA3) por parte de empresas brasileiras tem servido de trampolim recorrente, para sua entrada, em seguida, na Nasdaq (maior bolsa de tecnologia do mundo), configurando uma tendência no país, como reflexo da retomada mais forte das economias americana e chinesa, principalmente.
Exemplo mais recente disso é o anúncio do Banco Inter — por meio de fato relevante — de que pretende participar da Nasdaq, logo após realizar um folow-on (oferta subsequente de ações) no valor de US$ 2,5 bilhões, tendo a Stone no papel de ‘investidor âncora’ e detentor de 4,99% da instituição financeira.
Com a criação de sua holding nos EUA, o Inter deverá manter apenas BDRs no país. Só para reforçar a memória, BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil que representam valores mobiliários de emissão de companhias abertas com sede no exterior.
Impulso inicial bilionário
Na verdade, a onda pela Nasdaq ganhou impulso, no ano de 2017, quando um grupo de 11 empresas (XP e fintechs Stone, PagSeguro e Afya Educacional, entre outras), tiveram êxito em levantar em torno de US$ 8,46 bilhões na bolsa americana. No momento, a expectativa do mercado é pela entrada na bolsa de tecnologia ianque das Lojas Americanas, rede de departamentos controlada pela B2W, também dona dos sites Submarino e Shoptim.
A ideia é listar a grife do setor, na Nasdaq ou na Bolsa de Nova Iorque (NYSE), ainda em 2021. Igualmente aguarda sua vez duas empresas da área de Educação, no caso, a Eleva e a Maple Bear, sem contar o PicPay, do nicho de meios de pagamento. Para esses últimos casos, a previsão é de que as respectivas ofertas iniciais de ações (IPO) ocorram este ano e no próximo.
O investidor local já percebeu, há tempos, que ‘ser tech nos Estados Unidos” pode ser o ‘atalho’ para um mundo de oportunidades e de acesso a grandes investidores. Daí a constatação de que empresas ligadas aos segmentos de Educação e Gestão de recursos financeiros têm optado pela listagem à Nasdaq.
Reorganização societária
Ainda sobre o Inter, sua controladora, a família Menin, pretende promover uma reorganização societária, com vistas à migração de sua base acionária para a Inter Platform Inc., com previsão de listagem das ações na Nasdaq, com lastro em BDRs listados na B3.
Entre as especificidades do investimento, a Stone adquire o direito de vetar alterações no controle do Inter por um período de até seis anos, sob certas condições, entre as quais, o direito de preferência na compra de papéis, além de assento no conselho de administração, atualmente com nove membros.
A avaliação predominante entre analistas é de que a Stone deverá utilizar os R$ 2 bilhões de sobra de caixa em seu poder para empregar em oferta de ações do Inter, seguindo a estratégia de reforçar a presença no setor de meios de pagamento. Com isso, o grupo controlador detém hoje 60% das ações com direito a voto (ON), que contam, até o momento, com um contingente superior a 10 milhões de correntistas digitais, isentos de tarifas.