Investidor desesperado com gráficos de queda ao fundo
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O mercado de criptomoedas segue sob pressão nesta terça-feira (8), ainda sob o efeito da decisão da Binance de vender todo seu estoque de FTT, o token nativo da rival FTX, após revelações sobre fragilidades nos registros da dona da Alameda Research, braço de investimentos da corretora. 

Investidores temem que possíveis problemas de liquidez na Alameda contagiem outras empresas e causem um novo colapso no mercado, a exemplo do que ocorreu com o ecossistema Terra, que gerou contágio de outras criptomoedas e companhias como o fundo Three Arrows Capital e a Celsius

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Nesse contexto, as maiores criptomoedas não saem ilesas e operam no menor nível em duas semanas. O Bitcoin (BTC) recua 3,6% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 20.665,69, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) registra queda de 3,9%, negociado a US$ 1.496,49. 

Em reais, o Bitcoin cai 2,7%, para R$ 103.032,04, conforme o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).  

As altcoins com maior valor de mercado também operam no negativo, embora algumas comecem a reverter as perdas, entre elas Binance Coin (+1,1%), XRP (-5,9%), Dogecoin (-11,8%) Cardano (-4,6%), Polkadot (-1,9%), Shiba Inu (-7,8%) e Avalanche (-7,9%). 

MATIC, token da Polygon, segue entre as criptos menos afetadas, com ganho de quase 29% em sete dias. Análise do Bernstein aponta que a rede tem sido o canal preferido de grandes marcas para migrar consumidores da Web2 para a Web3, entre elas Starbucks, NuBank e Meta, dona do Facebook e Instagram.  

Tokens de exchanges, como o OKB, da OKX, também são destaque positivo. Em sete dias, a moeda digital sobe 26,5%, na esteira da obtenção de uma licença da corretora para operar nas Bahamas, segundo Decrypt

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FTT em queda livre 

O destaque negativo do mercado é justamente o token FTT. A criptomoeda nativa da gigante FTX mostra baixa 19,5% nas últimas 24 horas e acumula perdas de quase 30% em sete dias. 

guerra declarada no fim de semana entre os dois CEOs mais poderosos da indústria de criptomoedas, Changpeng ‘CZ’ Zhao, da Binance, e Sam Bankman-Fried (SBF), da FTX, também golpeia os preços das moedas digitais. 

Tudo começou com uma reportagem do CoinDesk, que teve acesso a uma cópia do balanço da Alameda. Os dados revelaram grande peso dos tokens FTT, emitidos pela FTX, dona da empresa de investimentos. Essa possível vulnerabilidade levou CZ a anunciar a venda de todos os tokens FTT em mãos da Binance o que, por sua vez, causou um efeito cascata no mercado. 

Em sua newsletter semanal “Two Satoshis”, Jeff Dorman, diretor de investimentos do fundo de hedge cripto Arca, classificou a disputa entre os dois gigantes como “outro golpe contra a indústria (e instituições financeiras em geral) simplesmente por falta de transparência voluntária”, mas o executivo também elogiou a “transparência dos dados blockchain e pesquisadores qualificados treinados para descobrir, ler e interpretar esses dados”. 

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Na segunda-feira (7), Bankman-Fried, CEO da FTX, fez questão de acalmar investidores via Twitter: “Um competidor está tentando nos perseguir com ‘falsos rumores’. A FTX está bem. Os ativos estão bem”.  

Mas investidores querem provas. A comunidade da BitDAO, uma das maiores organizações autônomas descentralizadas, pediu que a Alameda comprove que ainda possui 100 milhões de tokens BIT comprados em novembro do ano passado por meio da conversão de 3,36 milhões de FTT, conforme o CoinDesk. O acordo requer que a Alameda mantenha os tokens por pelo menos três anos. A CEO da Alameda, Caroline Ellison, prometeu comprovar os fundos “assim que as coisas se acalmarem”. 

Na noite de segunda-feira, CZ disse que não está interessado em vender os tokens FTT da Binance diretamente para a FTX. “Acho que permaneceremos no mercado livre”, disse no Twitter, ao responder a uma pergunta sobre o possível envolvimento da Alameda. A CEO da Alameda ofereceu publicamente a compra de todo o FTT que a Binance pretende vender por US$ 22 por peça no domingo, para limitar o impacto da liquidação no mercado.

SOL na mira 

Outro token atingido no tiroteio é o Solana (SOL), que recua 9,8% nas últimas 24 horas e 14,2% em sete dias. Analistas têm várias hipóteses para o desempenho negativo. Uma delas é que o balanço da Alameda também conta com posições consideráveis do token, aumentando o risco de venda caso precise levantar recursos para aumentar a liquidez. 

Outra razão seria a queda do volume de tokens não fungíveis (NFTs) baseados em Solana. De acordo com dados do Nansen, os compradores de NFTs Solana reduziram significativamente suas compras a níveis não vistos desde novembro de 2021. 

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Bitcoin hoje 

Diante desse cenário de incerteza, investidores aumentam a demanda por opções de venda baixistas atreladas ao Bitcoin e Ethereum. 

Com o BTC novamente abaixo de US$ 20 mil, a maior criptomoeda poderia cair ainda mais e testar os US$ 18 mil, diz Mark Newton, chefe de estratégia técnica da Fundstrat, em nota publicada pela Bloomberg. “Qualquer fechamento diário abaixo de US$ 18 mil seria bastante negativo e certamente adiaria um rali”, acrescentou. 

No cenário macro, o mercado acompanha as eleições legislativas de meio de mandato nesta terça-feira (8) nos Estados Unidos, o que pesa sobre o desempenho dos índices futuros das bolsas americanas. Pesquisas indicam que os republicanos podem ganhar mais assentos no Congresso, o que colocaria em risco algumas políticas defendidas por democratas. Elon Musk, o novo dono do Twitter, disse aos seus mais de 100 milhões de seguidores na rede social para que votem no Partido Republicano. 

“Parece que o Bitcoin ainda está determinado a ser um ativo de risco e isso significa que pode ter dificuldades para fazer qualquer coisa antes de passarmos pelas eleições de meio de mandato e pelo relatório de inflação (dos EUA)”, escreveu em nota Ed Moya, analista de mercado sênior da Oanda. O índice de inflação ao consumidor americano será divulgado na próxima quinta-feira (10). 

Outro fator que pode pressionar o Bitcoin vem das exchanges: cerca de US$ 3,15 bilhões referentes a 152 mil unidades de BTC foram enviados para corretoras cripto nas 24 horas até a segunda-feira (7), segundo dados da Coinglass, o que gera o receio de que esse volume possa ser despejado no mercado. 

Outros destaques das criptomoedas

A fintech global de soluções financeiras Unlimint está de olho no potencial do mercado cripto brasileiro. Com escritório em São Paulo, a empresa prepara o lançamento da plataforma GateFi, que oferece serviço de negociação de criptos, funcionalidades Web 3.0 e DeFi para empresas, de acordo com o InfoMoney

A exchange de criptomoedas Coinmetro, da Estônia, levantou 7 milhões de euros em uma rodada de financiamento estratégico apoiada por três investidores-anjo e 100 acionistas existentes. A rodada avalia a Coinmetro em US$ 180 milhões, o triplo do valor da empresa no ano passado, informou o The Block

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A operadora de mineração de Bitcoin Iris Energy disse que dois de seus mineradores receberam um aviso de inadimplência que supera US$ 100 milhões em dívidas. Em documento enviado à SEC, a CVM dos EUA, a operadora de Sydney afirmou que não foi possível chegar a um acordo com os credores. 

A tokenização, que consiste em criar uma representação digitalde um bem ou produto financeiro com o objetivo de facilitar sua negociação, deve crescer 24% anualmente e encerrar a década na casa dos US$ 13,5 bilhões, segundo o estudo “Análise de Tamanho, Participação e Tendências do Mercado de Tokenização”, divulgado pelo divulgado pelo E-Investidor e elaborado pela empresa de inteligência Grand View Research, de São Francisco. 

A CVM de Hong Kong estuda autorizar o lançamento de fundos de índice (ETFs) que rastreiam futuros de criptomoedas para investidores de varejo, de acordo com o Financial Times. Julia Leung, vice-presidente executiva e diretora executiva de intermediários da agência, disse que o regulador busca “ativamente estabelecer um regime para autorizar ETFs que fornecem ativos virtuais convencionais com proteções apropriadas aos investidores”. 

Regulação, CBDCs e Cibersegurança 

A Binance foi condenada pela Justiça do estado de São Paulo na semana passada a ressarcir um cliente que teve sua conta na corretora invadida e seu saldo zerado, segundo reportagem do Portal do Bitcoin. Em sua decisão, o juiz fundamenta que os registros de IP mostram que o usuário sempre fez seus acessos de São Paulo – enquanto os criminosos conseguiram o acesso a partir de Santa Catarina. O valor do pagamento devido pela corretora foi estabelecido pelo juiz Danilo Mansano Barioni em R$ 65.730,00, já incluída a correção monetária. 

A empresa de segurança digital Dinamo anunciou duas parcerias com companhias do setor de criptoativos e web3, a Parfin e a Bitfy, de acordo com o Valor. No caso da Parfin, a parceria se dará no segmento de custódia de criptoativos para investidores institucionais. A Dinamo também trabalha nas etapas de proteção ao cliente em custódia cripto para a Bitfly, que planeja investir R$ 3 milhões anualmente além dos mais de R$ 5 milhões já investidos em segurança contra ataques de hackers e vazamento de dados nos últimos cinco anos. 

A SEC ganhou o processo contra a LBRY, empresa por trás do protocolo LBRY, segundo decisão anunciada na segunda-feira (7). Segundo a Justiça dos EUA, a empresa violou a lei ao vender seu token nativo LBC sem registrá-lo como valor mobiliário. Trata-se de uma decisão que pode gerar forte impacto no mercado de criptomoedas, caso venha a ser usada como precedente em vários processos similares nos tribunais – como a atual disputa entre a Ripple e a própria SEC. 

O governo americano comunicou a apreensão de 50 mil bitcoins (cerca de US$ 3,4 bilhões) em um caso ligado ao famoso mercado na dark web chamado Silk Road. A quantia foi apreendida em dispositivos na casa de James Zhong, que se declarou culpado por obter ilegalmente os Bitcoins em 2012. “Graças ao rastreamento de criptomoedas de última geração e ao bom e velho trabalho policial, a polícia localizou e recuperou esse impressionante acervo de produtos do crime. Este caso mostra que não vamos parar de seguir o dinheiro, não importa o quão habilmente escondido, mesmo para uma placa de circuito no fundo de uma lata de pipoca”, afirma o documento. 

Metaverso, Games e NFTs 

Entre os maiores eventos de Inovação e Tecnologia da América Latina, a Rio Innovation Week começa nesta terça-feira (8), no Píer Mauá. A conferência, que acontece até sexta-feira (11), conta com mais de 700 palestrantes e mais de 2 mil startups. Nesta tarde, Chicão Bulhões, secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação da prefeitura do Rio, ministra a palestra “Adoção da tecnologia blockchain pelo Rio de Janeiro”. 

E a nova edição do Wired Festival Brasil, que será realizada presencialmente e online entre 17 e 20 de novembro, traz como tema o “Embarque imediato no metaverso” e vai discutir como aumentar o acesso da população a novas tecnologias. “Metaverso, NFT, blockchain e web 3.0 viraram termos recorrentes, mas ainda não são conceitos claros para todos”, disse ao jornal O Globo, Paula Mageste, CEO da Edições Globo Condé Nast (EGCN), que detém os direitos da marca Wired no Brasil, e conta com Meta, BMW e MB entre os patrocinadores.As inscrições são gratuitas e já estão abertas em https://bit.ly/3fIgFca.  

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