Manhã Cripto: Prefeitura do Rio dá sinal verde para pagamento do IPTU com criptomoedas; Bitcoin (BTC) recua

Capital fluminense será a primeira cidade do país a aceitar o valor do tributo em criptomoedas; cenário macro desanima investidores globais
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Inflação global, temporada de balanços e tensão geopolítica continuam a ditar o ritmo das negociações de criptomoedas e de outras classes de ativos nos mercados internacionais nesta terça-feira (11). Enquanto isso, no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro abriu inscrições para empresas que queiram oferecer a opção de pagamento do IPTU com criptomoedas. 

Em meio a esse cenário, o Bitcoin (BTC) recua 1,3% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 19.069, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) também cai 2,4%, para US$ 1.280. 

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Em reais, o Bitcoin é negociado em baixa de 1,3%, cotado a R$ 99.865,27, conforme o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

As altcoins mais negociadas também operam em terreno negativo, entre elas Binance Coin (-0,9%), Cardano (-4,5%), Solana (-3,2%), Dogecoin (-2,1%), Polkadot (-1,8%), Shiba Inu (-5,1%) e Alavanche (-3,5%).  

Polygon perde 1,6% nas últimas 24 horas depois de lançar a rede pública de testes (testnet) de sua tecnologia de “conhecimento zero” (ZK, na sigla em inglês) compatível com a Máquina Virtual do Ethereum, de acordo com o InfoMoney

XRP registra baixa de 5,4% apesar das novas parcerias fechadas na França e na Suécia pela Ripple, emissora do token. A Ripple assinou acordos para seu sistema “On-Demand Liquidity” com a Lemonway, um provedor de pagamentos regulamentado com sede em Paris para marketplaces online e com a empresa sueca de transferência de dinheiro Xbaht, informou o CoinDesk. 

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Bitcoin hoje 

O Bitcoin tem operado sem grandes oscilações nos últimos dias, estacionado na faixa dos US$ 19 mil. Na opinião de traders e analistas, investidores de criptomoedas aguardam os dados da inflação ao consumidor nos EUA, que saem na quinta-feira (13), para definir estratégias. 

“Suspeito que a inflação continuará bastante alta”, disse Octavio Marenzi, CEO e fundador da consultoria de gestão Opimas, em entrevista ao CoinDesk TV. “Isso vai atar as mãos do Fed [o BC americano]. Terão que continuar aumentando os juros, o que vai pesar sobre os mercados cripto”, acrescentou. 

Se os dados de fato forem preocupantes, o mercado espera outro aumento de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Federal Reserve, em novembro. 

O cenário global não ajuda, com a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que se reflete no aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Investidores também estão atentos à temporada de balanços para avaliar o impacto dos juros mais altos e da inflação nos resultados das empresas americanas. 

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Outro sinal de cautela veio do bilionário Paul Tudor Jones, que não parece tão animado em investir em Bitcoin como antes. Em entrevista à CNBC na segunda-feira (10), o gestor de hedge funds disse que “ainda tem uma pequena alocação em Bitcoin”, um tom menos entusiasmado do que em meados de 2020, quando afirmou que havia alocado entre 1% e 2% de seu portfólio na maior criptomoeda. 

Mineração de Bitcoin 

Está mais difícil do que nunca minerar Bitcoin. A dificuldade de mineração, ou o poder computacional utilizado na rede, deu um salto de 14%, para uma nova máxima histórica de 35,6 T (trilhões de hashes) na segunda-feira (10), segundo dados do Decrypt. É o maior ajuste desde maio, quando a dificuldade havia crescido 22%. Mineradores de BTC foram especialmente atingidos pelo mercado de baixa, com queda na receita de 53% desde o início do ano.

Um maior nível de poder computacional usado para a mineração pode pressionar ainda mais a receita. A Fusão do Ethereum, que migrou para o sistema de consenso de prova de participação (PoS, na sigla em inglês), levou muitos mineradores de ETH a desligarem as plataformas, o que liberou espaço nos centros de dados para as máquinas de Bitcoin, que seguem com o método de prova de trabalho (PoW), disseram analistas à Bloomberg. 

Outra notícia que chama a atenção no setor é o lançamento de um produto pela Luxor Technologies que permite a investidores institucionais apostarem na receita de mineradores de Bitcoin. 

Outros destaques das criptomoedas

A prefeitura do Rio de Janeiro inicia nesta terça-feira (11) o credenciamento de empresas interessadas em oferecer aos cidadãos a possibilidade de pagamento do IPTU de 2023 com criptomoedas, informou o Globo. O Rio será a primeira cidade do país a aceitar o valor do tributo em criptoativos. De acordo com a Secretaria municipal de Fazenda e Planejamento, todos os criptoativos serão aceitos, e a lista com as corretoras estará disponível online. 

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A MobileCoin, empresa de criptomoedas e pagamentos com foco em privacidade, em colaboração com a plataforma de stablecoin Reserve, lançou a stablecoin “Electronic Dollars” (eUSD). A empresa diz que a eUSD é totalmente garantida e foi criada exclusivamente para proteger dados transacionais privados dos usuários, segundo o CoinDesk

A exchange cripto americana Coinbase Global recebeu uma licença de ativos digitais em Singapura para fornecer serviços regulamentados na cidade-estado, informou a corretora na terça-feira. Cerca de 15 empresas receberam essas autorizações desde que Singapura lançou o regime de licenciamento em 2019, incluindo a rival Crypto.com. 

Regulação e CBDCs  

Apesar do impasse em torno da votação do marco regulatório para os criptoativos no Brasil, o cenário ainda é positivo na visão de Julien Dutra, diretor de relações institucionais e governamentais da 2TM, holding que controla o MB. 

“Cripto ainda é um setor que precisa de muita luz para que todos possam entender a capacidade que tem de deslanchar novos negócios, principalmente em inovações e empreendedorismo”, disse em entrevista ao Money Times. 

Dutra destaca que, no cenário pós-eleições, há muitas pessoas que permaneceram e, além de já “debaterem” sobre o tema, querem continuar “recebendo boas informações do mercado”.

Na União Europeia, parlamentares votaram na segunda-feira (10) a favor da nova legislação dos criptoativos, praticamente garantindo a aprovação da legislação no Parlamento, que foi assinada pelos governos nacionais do bloco na semana passada. 

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A Comissão Europeia lançou uma licitação para investigar como supervisores financeiros poderiam regular protocolos na rede Ethereum, vista pelo órgão como a maior plataforma de liquidação de pagamentos para finanças descentralizadas (DeFi). De acordo com informações do The Block, o programa piloto teria duração mínima de seis meses e está estimado em 250 mil euros. As inscrições estão abertas até 1º de dezembro. 

O governo de Portugal apresentou a nova proposta de orçamento para 2023, na qual revelou planos de começar a taxar investimentos em criptomoedas de pessoas físicas. O país já taxava atividades empresariais e profissionais com cripto. O novo orçamento propõe um imposto de 28% sobre ganhos de capital com criptoativos mantidos por menos de um ano. Acima desse período, os ganhos com investimentos em cripto continuariam isentos. As transações também podem ser tributadas pelo governo, que defende a incidência de uma alíquota de 4% sobre comissões cobradas na intermediação de operações com criptoativos. 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou na segunda-feira (10) o marco tributário para os criptoativos. O documento tem como objetivo formalizar o compartilhamento de informações entre os 38 países membros relacionadas a criptomoedas entre jurisdições para combater a evasão fiscal, conforme o The Block

O Conselho de Estabilidade Financeira do G20 divulgou um documento onde destaca a importância de se criar um “marco regulatório mínimo global” para reduzir os riscos associados ao investimento em criptoativos, incluindo aqueles sem lastro, e as chamadas stablecoins, que são atreladas a outros ativos, informou a Exame. 

Cibersegurança 

Francisley Valdevino da Silva, conhecido como o “Sheik das Criptomoedas”, movimentou pelo menos R$ 4 milhões em bitcoins para corretoras após ter bloqueado saques da Rental Coins, pirâmide financeira criada por ele que deixou no prejuízo milhares de brasileiros, incluindo celebridades como Sasha Meneghel, que perdeu R$ 1,2 milhão no golpe. Nove exchanges teriam recebido os fundos, segundo dados enviados ao Portal do Bitcoin pelo advogado Pedro Torres, que atende vítimas do esquema. 

Diante da insegurança gerada pelas crescentes invasões de hackers, investidores de criptoativos estão recorrendo às tradicionais carteiras de hardware, as chamadas “cold wallets”, em detrimento do armazenamento digital, conforme a Reuters. O mercado global de carteiras de hardware, avaliado em US$ 245 milhões em 2021, deve ultrapassar US$ 1,7 bilhão até 2030, segundo dados da Straits Research. Os chamados criptocriminosos já roubaram o equivalente a US$ 1,9 bilhão em moedas digitais entre janeiro e julho, um salto de 60% na comparação anual, de acordo com a Chainalysis. 

Validadores em plataformas cripto têm se tornado cada vez mais astutosdisse ao CoinDesk Patrick Hillmann, diretor de comunicações da Binance, maior corretora de ativos digitais do mundo. No fim de semana, a BNB Chain, blockchain ligada à exchange, foi a mais recente vítima de um ataque de hackers que drenou US$ 100 milhões em criptomoedas. Sem a ajuda dos validadores, a invasão poderia ter sido pior, disse Hillmann. 

Metaverso, Games e NFTs 

A apresentação de uma tese acadêmica no metaverso já foi concretizada no Brasil, segundo a coluna de Ancelmo Gois, do Globo. O aluno Caio Souza, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), tornou-se o primeiro estudante a defender uma tese em ambiente virtual no país. Um dos exemplos do trabalho de Caio consiste em um cachorro virtual que responde a comandos e interage com pessoas que acessam o metaverso. 

Há um ano, o polêmico youtuber Logan Paul gastou US$ 623 mil para adquirir um NFT da famosa coleção de fotos de perfil Azuki, inspirada na cultura japonesa e desenvolvida no Ethereum. Paul divulgou seu prejuízo (não realizado) em uma foto no Snapchat: segundo ele, a imagem vale hoje US$ 10, ou cerca de R$ 52. Mas o youtuber pode ter exagerado: o preço mais baixo de um item da coleção Azuki disponível para compra no OpenSea está atualmente em 10.3 ETH, equivalente a R$ 68 mil na atual cotação da moeda. 

A Dapper Labs restringiu o uso de seus serviços por contas de usuários russos, como comprar vender ou presentear NFTs. A decisão vem na esteira de sanções impostas pela União Europeia na quinta-feira (6) contra o governo e cidadãos da Rússia devido à invasão da Ucrânia. No entanto, a Dapper não fechou as contas.