O mercado de criptomoedas acelera os ganhos nesta segunda-feira (4), com o Bitcoin em alta pelo segundo dia e cada vez mais próximo do recorde de US$ 69 mil. Investidores de renda variável pisam no freio, à espera de sinais de alívio monetário nos EUA.
A maior criptomoeda avança 5,6% em 24 horas, para US$ 65.259,50, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC sobe 5,3%, negociado a R$ 325.693,93, de acordo com o Índice do Preço do Bitcoin (IPB).
O mercado brasileiro pode ganhar uma segunda bolsa de valores para concorrer com a B3, segundo informações do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e da Broadcast. A nova bolsa teria sede no Rio de Janeiro e operações em todos os mercados, incluindo ações, derivativos e câmbio.
De volta ao espaço cripto, o Ethereum (ETH) tem valorização de 3,1% nesta segunda, cotado a US$ 3.506,17.
As memecoins acompanham o rali, com destaque para a Dogecoin, que dispara 21% em 24 horas. Shiba Inu também chama a atenção, subindo 20,9% em meio aos sinais de “especulação excessiva” no mercado cripto, apontam analistas.
Outras altcoins operam em terreno positivo, entre elas BNB (+2,1%), XRP (+5,1%), Solana (+3,3%), Cardano (+9,7%), TRON (+0,4%), Chainlink (+1,5%), Avalanche (+3,2%), Polkadot (+11%) e Polygon (+2,4%).
Bitcoin hoje
O Bitcoin é negociado no maior nível em dois anos nesta segunda-feira diante do crescente apetite de investidores pela criptomoeda.
A cotação atingiu a máxima de US$ 65.537 nos mercados europeus, depois de subir para US$ 65.045 nas negociações na Ásia, mostram dados da Reuters. O BTC registrou a máxima histórica de US$ 68.999,99 em novembro de 2021.
O Bitcoin acumula alta de 50% neste ano, e a maior parte dos ganhos ocorreu nas últimas semanas, com o aumento dos fluxos para fundos de índice (ETFs) de Bitcoin à vista nos EUA.
“Esta é uma situação que lembra o ‘bull run’ de 2021, com traders de varejo buscando obter lucros rápidos com o aumento dos preços de tokens muito voláteis”, disse à Bloomberg Caroline Mauron, cofundadora da provedora de liquidez de derivativos de ativos digitais Orbit Markets.
Cerca de US$ 7,35 bilhões foram investidos desde a estreia dos ETFs de Bitcoin spot no mercado americano, com a BlackRock acumulando US$ 10 bilhões em ativos sob gestão com seu fundo IBIT.
Análise da Bloomberg aponta que o preço do Bitcoin agora “vai ou racha”, com os contratos em aberto para opções cripto em nível recorde.
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Outro sinal de cautela vem do nível de liquidez no mercado cripto, que continua baixo apesar da euforia com os ETFs. E um mercado no qual investidores compram e mantêm os ativos, mas que não negociam regularmente, pode se tornar ilíquido, destaca artigo do Financial Times.
Monitor da Binance reforça compliance
Depois de levar uma multa de US$ 4,3 bilhões nos EUA por falhas no cumprimento das regras de sanções e combate à lavagem de dinheiro, a Binance foi obrigada a contratar um monitor externo para supervisionar as operações como parte do acordo.
Em entrevista ao Valor Econômico, Noah Perlman, responsável global de compliance da Binance, disse que as mudanças implementadas começam a se refletir no volume de transações consideradas ilícitas de toda a indústria cripto.
“Não podemos ter um programa de compliance que seja melhor em uma jurisdição do que em outra. Vamos implementá-lo globalmente”, afirmou Perlman, durante visita ao Brasil.
No mercado brasileiro, a Binance também enfrenta desafios regulatórios. O processo que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu contra a exchange pela oferta irregular de derivativos de criptomoedas pode levar mais três anos para ser concluído. Segundo reportagem do Portal do Bitcoin, o órgão informou que o prazo máximo para apreciação do caso é 1.518 dias úteis, sendo que se passaram apenas 598 dias corridos desde que os trâmites começaram, em 11 de julho de 2022.
Enquanto isso, o governo da Nigéria busca uma indenização de cerca de R$ 50 bilhões (US$ 10 bilhões) da Binance por supostas perdas geradas pela corretora ao país.
Outros destaques das criptomoedas
Christopher Harborne, proprietário da AML Global, uma corretora de combustível de aviação da Tailândia, acusou o Wall Street Journal de difamação por um artigo publicado em março de 2023 que, segundo ele, o acusou falsamente de incentivar atividades supostamente ilegais na emissora da stablecoin Tether (USDT) e na exchange Bitfinex. De acordo com a ação movida em um tribunal estadual de Delaware em 28 de fevereiro, Harborne e a AML Global foram injustamente acusados de “cometer fraude, lavagem de dinheiro e financiamento de terroristas”.
Em resposta ao CoinDesk, um porta-voz do WSJ disse que os cinco parágrafos que mencionavam o executivo e a AML foram removidos do artigo, mas afirmou que “o processo que eles moveram contra a Dow Jones (controladora do jornal) está repleto de imprecisões e distorções. Levamos a sério nossas responsabilidades jornalísticas e pretendemos montar uma defesa legal robusta”.
Mas em outro artigo publicado nesta segunda-feira (4), o Wall Street Journal diz que a USDT e outros tokens estão sendo usados por organizações criminosas ligadas à China para ocultar transações. De acordo com a reportagem, esses grupos se aproveitam da natureza descentralizada dos mercados de criptomoedas para escapar do alcance das autoridades chinesas e estrangeiras.
As moedas digitais seriam usadas para lavar ganhos com o tráfico de drogas e jogos ilegais. Os criminosos também teriam lucrado enormes quantias com fraudes de investimentos que prometem retornos fáceis nos mercados cripto, segundo o WSJ, que ainda não publicou comentário da emissora da Tether sobre o assunto.
No Reino Unido, agências de fiscalização terão maior poder de apreender criptoativos em casos de crimes, incluindo terrorismo, a partir de 26 de abril, informou o CoinDesk.
Os dispositivos que receberam sinal verde na semana passada seguem a aprovação da Lei de Crime Econômico e Transparência Corporativa de 2023, que deu poderes de aplicação da lei para confiscar e congelar criptos usadas em operações criminosas.